Scoot, Mackenzie e Lee: olhando para o futuro nas limitações do passado.
No dia 1º de maio irá completar um mês que o canal americano AMC chegou ao Brasil (por enquanto está disponível somente na SKY). AMC tornou-se uma emissora de peso no quesito seriado depois que lançou as cultuadas Mad Men (exibido no Brasil pela HBO), Homeland (exibida pelo FX) e The Killing (exibida pelo A&E e agora é produzida e exibida pelo NETFLIX), mas chegou ao Brasil tendo Halt and Catch Fire como seu carro chefe. Lançada no ano passado, a série sofreu comparações com Mad Men (que chega ao seu último episódio em breve), mas aos poucos dissipa essa impressão ao retratar o início da popularização dos computadores no início da década de 1980. Naquela época a IBM era a líder no mercado - e as possibilidades na produção de micros ainda engatinhavam. Nesse universo em expansão existe Joe McMillan (Lee Pace e suas sobrancelhas inacreditáveis), que depois de fazer estragos na líder do mercado, consegue o emprego de gerente de produção em uma empresa de micros de menor porte. Embora entenda pouco de programação, ele percebe que a indústria de computadores precisa explorar todo o seu potencial para se tornar o maior negócio do fim de século e nessa empreitada, nada se compara à sua agressividade empresarial. Para alcançar seus objetivos ele convence Gordon Clark (Scoot McNairy), um gênio subestimado do mundo da programação (que precisa de um empurrão para se tornar um revolucionário) e Cameron (Mackenzie Davis), uma estudante de processamento de dados de visual punk (embora o cabelo seja inspirado na replicante mais sexy de Blade Runner) a se juntar ao seu ideal. Joe nutre a ambição da dupla para revolucionar o mercado, embora ainda precisem construir o próprio caminho a seguir. Embora a tecnologia da época estivesse a zilhões de quilômetros dos objetivos desejados, o que não falta é o esforço do trio para que o objetivo seja alcançado. Halt and Catch Fire torna-se ainda mais interessante pelo nosso olhar privilegiado de observar a corrida pelo futuro com as benesses do século XXI - sabemos no que toda aquela ambição dará, de como o mercado da informática é tão rentável quanto volúvel e o resultado da série poderia ser bem menos envolvente se os criadores Christopher Cantwell e Christopher C. Rogers não soubessem exatamente quando precisar mover os personagens que tem tem mãos. Lee Pace está arrasador como o engravatado misterioso, da mesma forma Scoot McNairy (que já demonstrava competência em papéis pequenos como em Argo/2012 , O Homem da Máfia/2012 e Garota Exemplar/2014) sabe exatamente como chamar a atenção ficando imóvel em cena. Se Mackenzie Davis às vezes se perde entre interpretar e fazer pose de rebelde, Kerry Bishé (também vista em Argo/2012) eleva o patamar feminino sempre que aparece em cena como Donna, a esposa brilhante de Gordon que desperdiça seu talento na indústria de calculadoras. Com reconstituição de época bem realizada, personagens interessantes e diálogos espertos, a série é um deleite em todas as possibilidades que anuncia a cada episódio. Embora ainda não faça o barulho que mereça, Halt and Catch Fire recebeu o prêmio de melhor série nova no Critic's Choice Awards e tem sua aguardada temporada agendada para começar no dia 1º de junho.
Halt and Catch Fire (EUA-2014) de Christopher Cantwell e Christopher C. Rogers com Lee Pace, Scoot McNairy, Mackenzie Davie e Kerry Bishé ☻☻☻☻
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