Elliott Smith: vida e obra de um astro indie.
Para a grande maioria dos cinéfilos, a lembrança que existe do cantor Elliot Smith é a sua apresentação no Oscar por conta da indicação ao prêmio de melhor canção à Miss Misery do filme Gênio Indomável (1997) de Gus Van Sant. Antes do reconhecimento da Academia, Smith já alcançava algum sucesso perante o público indie, mas a carreira ganhou grande projeção com o filme que consagrou Matt Damon e Ben Affleck. A indicação lhe garantiu contratos com grandes gravadoras, shows em espaços cada vez maiores e um certo desconforto do artista perante a fama. Com o número de fãs aumentando, o artista faleceu em 2003 com duas perfurações no peito - a autópsia não soube definir a causa. O mistério em torno da morte tornou Elliott ainda mais lendário e este documentário de Nickolas Rossi é composto por algumas cenas de arquivo do artista e muitas entrevistas de pessoas que conviveram com ele. Desde os depoimentos dos integrantes de sua primeira banda fica-se a sensação de que Elliott era um artista único, de grande sensibilidade, capaz de construir músicas sobre personagens em melodias profundamente emocionais. Sua obra mostrou-se cada vez densa e inventiva, tanto que do início da carreira para os anos seguintes, sua sonoridade mudou bastante. Elliott não buscava fama, seu maior comprometimento era com a música, mesmo quando saiu de Portland para Nova York (e depois para Los Angeles), o cantor estava preocupado em manter sua essência intacta. É interessante ouvir os entrevistados comentando que muitas vezes ele era confundido com um um escritor por estar sempre escrevendo. Os relatos ficam ainda mais interessantes quando o cantor se viu indicado ao Oscar e fez questão de passar pelo tapete vermelho com a namorada. Aquela situação foi para ele um reconhecimento e serviu para alimentar ainda mais sua criatividade e, infelizmente, aproxima-lo do uso de drogas pesadas. Heaven Adores You pontua os trabalhos do artista, seus álbuns, músicas e vídeos e se torna um pouco cansativo somente por abusar do uso de imagens de paisagens, que, embora casem bem com as canções criadas pelo artista, torna-se um recurso um tanto desgastado lá pela metade do filme. O filme (que demorou quatro anos para ficar pronto) serve para conhecer um pouco mais de Elliott, mas está longe de trazer um retrato definitivo da carreira deste artista que ainda merece ser redescoberto.
Heaven Adores You (EUA-2014) de Nickolas Rossi com Elliott Smith, Jon Brion, Larry Crane, Tony Lash e Joanna Bolme. ☻☻☻
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