domingo, 16 de setembro de 2018

MOMENTO ROB GORDON: Diretores Canadenses

Embora o Canadá tenha uma cinematografia sólida (são mais de 900 filmes lançados ao ano, para se ter uma ideia no Brasil foram lançados 158 títulos no ano passado), são poucos os diretores do país que conseguem reconhecimento fora de lá. A década de 1970 revelou o nome de David Cronenberg e Ivan Reitman, a década seguinte trouxe James Cameron e Denys Arcand. Os anos 1990 foram marcados pela ascensão de Atom Egoyam (que nasceu no Egito e cresceu no Canadá), Neil LaBute e Alexander Payne. O século XXI trouxe novos nomes que chamam cada vez mais atenção do público e de Hollywood que está atenta ao talento dos vizinhos. Este Momento Rob Gordon é para lembrar cinco diretores que se destacaram no cinema canadense do século XXI (em ordem alfabética: 

Denis Villeneuve
Denis começou a fazer curtas-metragens nos anos 1990 e seu primeiro longa foi lançado em 1998 (32 de agosto na Terra), mas ninguém deu muita atenção. Seus segundo trabalho, Redemoinho (2000) chamou mais atenção em festivais e foi até lançado nos cinemas brasileiros. A guinada em sua carreira aconteceu com Politécnica (2009), a impressionante reconstituição de uma trágica história canadense. Desde então o diretor só cresceu em prestígio. Com Incêndios (2010) foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro, carimbando seu passaporte para Hollywood fazer Os Suspeitos (2013). Para quem achou que ele perderia seu tom autoral, ele fez a adaptação de O Homem Duplicado (2013) calcado na obra de José Saramago. Depois o diretor viu Sicario (2015) ser indicado a três Oscars e A Chegada concorrer a oito (lhe rendendo a primeira indicação ao prêmio de direção). Se ano passado Blade Runner 2049 não foi o blockbuster que esperavam, a crítica e os fãs do primeiro filme (lançado em 1982) não reclamaram, pelo contrário, o colocaram em várias listas de melhores lançamentos de 2017. Seu próximo passo é repaginar Duna para o cinema depois da desastrosa versão de David Lynch (lançada em 1984). 💟Meu Favorito: Blade Runner 2049

Jason Reitman 
O filho do veterano Ivan Reitman, Jason começou a fazer curtas no final dos anos 1990, mas seu primeiro longa foi lançado em 2005. Obrigado por Fumar serviu de excelente carta de apresentação do jovem diretor que tinha um humor bastante mordaz para falar de temas complicados. Ele aparece umais benevolente em Juno (2007), revelando a roteirista Diablo Cody para o mundo - e viu seu filme concorrer a quatro Oscars (incluindo melhor diretor). O sucesso se repetiu com Amor sem Escalas (2009), um filme que tinha como pano de fundo a crise econômica americana. O longa concorreu a seis Oscars (incluindo melhor filme, colocando Jason mais uma vez no páreo de diretor -além de concorrer como melhor produtor e roteirista). Jason se juntou à Cody mais uma vez com o ácido Jovens Adultos (2011) e escorregou quando filmou o drama Refém da Paixão (2013), um filme que nem parece ser dele. Ainda bem que ele voltou ao seu tom habitual com Homens, Mulheres e Filhos (2014) abordando a influência tecnológica nas relações. Em 2018 ele lançou Tully, mais uma parceria com Diablo Cody e em breve estreia The Front Runner, estrelado por Hugh Jackman -  ambos devem aparecer no Oscar e fazer suas pazes com a Academia. 💟 Meu favorito: Obrigado por Fumar 

Jean Marc-Vallée
Jean começou a  fazer filmes nos anos 1990, mas foi consagrado mesmo quando lançou seu quarto longa: C.R.A.Z.Y (2005) sobre um menino que descobre a homossexualidade. O filme impressionou público e crítica, além de fazer sucesso em festivais por sua abordagem bem-humorada da história que tinha em mãos. O resultado lhe valeu o convite para filmar o filme de época A Jovem Rainha Vitória (2009), que concorreu a três Oscars técnicos (levou o de figurino). Embora fosse convencional demais, o filme tornou o nome de Vallée conhecido, o que chamou ainda mais atenção para o seu projeto canadense seguinte: Café de Flore (2011) - que confirmou seu caráter imprevisível para escolher projetos. Ele voltou para Hollywood para filmar o sucesso Clube de Compras Dallas (2013) que premiou Matthew McConaughey e Jared Leto no Oscar (além de concorrer ao Oscar de em mais quatro categorias, incluindo melhor filme). O filme tornou Vallée em darling dos artistas, tanto que Reese Witherspoon o escolheu para dirigir Livre (2014) - que valeu a ela e Laura Dern indicações ao Oscar. Se Demolição (2015) é o maior tropeço de sua carreira, pode-se dizer que ele foi redimido logo em seguida com seus trabalhos para HBO: Big Little Lies se tornou a minissérie mais aclamada (e premiada) de 2017 (tanto que se tornará série com uma nova temporada). Recentemente ele levou ao ar Sharp Objects, que chamou atenção pelo tom hipnótico impresso à narrativa do livro de Gillian Flynn. Depois de tanto trabalho ele irá somente assinar a produção executiva da nova temporada de Big Little Lies em 2019 💟 Meu Favorito: Big Little Lies.

Sarah Polley
Sarah começou a carreira como atriz aos seis anos de idade. Desde então fez mais de cinquenta trabalhos diante das câmeras, ganhando destaque nos filmes de Atom Egoyam (Exótica/1994 e O Doce Amanhã/1997). Depois de estudar cinema e realizar alguns curtas, Sarah fez seu primeiro longa-metragem com o doloroso Longe Dela (2006) - drama sobre o amor de um casal tentando resistir ao Alzheimer. A abordagem sensível (e a atuação premiada da veterana Julie Christie, que foi indicada ao Oscar) destruíram qualquer suspeita sobre seu novo campo de trabalho - e ela ainda recebeu uma indicação ao Oscar pelo roteiro adaptado da obra de Alice Munro. Após várias entrevistas ele mencionou ter mais prazer em trabalhar como diretora de cinema, tanto que seu último trabalho como atriz foi em Trigger (2010). Em 2011 ela lançou Entre o Amor e A Paixão (2011) que colheu elogios pelas atuações de Michelle Williams e Seth Rogen. Em seguida ela lançou seu filme mais pessoal, o documentário Histórias que Contamos (2012), onde reflete sobre a própria família de forma surpreendente - e o resultado é sensacional. Atualmente seus últimos trabalhos foram como roteirista - ela assinou o texto da minissérie Alias Grace (2017) e a adaptação de Quem é você, Alasca? para a minissérie que deve estrear em breve. 💟 Meu Favorito: Histórias que Contamos 

Xavier Dolan 
Dos presentes nesta lista, Xavier é o mais cult - e o mais precoce. Famoso desde os cinco anos na TV canadense, aos vinte ele decidiu ser cineasta. Foi quando dirigiu Eu Matei a Minha Mãe (2009) que lhe rendeu três prêmios no Festival de Cannes. Depois ele lançou Amores Imaginários (2010), onde narra um triângulo amoroso fadado ao fracasso. O filme deu ao diretor outro prêmio em Cannes e o consagrou como um dos queridos do Festival - depois ele ainda ganhou a Queer Palm com Laurence Anyways (2012), por contar por quase três horas a história de um personagem transexual. Querendo respirar novos ares, Dolan lançou seu filme seguinte no Festival de Veneza. Tom Na Fazenda (2013) é a adaptação da peça de Michel Marc Bouchard e provou que o diretor sabia criar narrativas diferentes. Tenso, o filme não levou o Leão de Ouro, mas ganhou o prêmio da crítica e ainda é considerado um dos trabalhos mais impressionantes do ator/diretor. De volta a Cannes com Mommy (2014), Xavierreafirmou a influência pop em seu trabalho e ganhou o prêmio do júri. Seu filme seguinte, É Apenas o Fim do Mundo é adaptação da áspera peça de Jean-Luc Lagarce - e dividiu opiniões em Cannes - mas levou o Grande Prêmio do Júri e do Júri Ecumênico. O filme ainda concorreu a seis categorias no César (ganhando de melhor ator, diretor e edição - estes dois últimos para Xavier). Seu novo filme é A Vida e Morte de John F. Donovan, seu primeiro filme como diretor em Hollywood (além disso ele deve aparecer como ator nos aguardados Boy Erased e IT2) 💟 Meu Favorito: Tom na Fazenda 

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