Abdul, Shenkman, Rylance, Eddie e Alex: elenco dos bons.
Depois de ganhar fama como um dos melhores roteiristas dos Estados Unidos, Aaron Sorkin agora quer ser reconhecido como um bom diretor de cinema. Se sua primeira tentativa (A Grande Jogada/2017) serviu para ressaltar mais uma vez como é um ótimo roteirista, sua segunda experiência atrás da câmera não tem um resultado muito diferente, mas carrega uma trama capaz de ressaltar suas grandes ambições para a temporada de premiações. Os Sete de Chicago é lançado pela Netflix em um momento mais do que estratégico, não apenas para a visibilidade nas premiações de um ano em que os cinemas passaram boa parte do tempo fechados, mas também no momento em que os Estados Unidos estão na corrida presidencial. Os Sete de Chicago se tornou um caso histórico ao evidenciar como manobras governamentais podem influenciar em julgamentos e tentar calar quem incomoda o status quo. No ano de 1968 vários grupos que eram contra a Guerra do Vietnã se reuniram na cidade para um protesto durante a Convenção Nacional Democrata (que anunciaria a candidatura de Hubert. H. Humphfrey à presidência), no entanto, o que deveria ser uma manifestação pacífica saiu do controle e um grupo de manifestantes foram acusados de provocar uma explosão de violência. Sorkin apresenta em seus primeiros minutos recortes documentais que ajudam a contextualizar a época, assim como apresentar os principais traços de seus personagens. Assim, a morte de Martin Luther King, Bobby Kennedy, Panteras Negras, hippies e jovens que temem ser enviados para a Guerra do Vietnã aparecem formando um contexto explosivo. Com um número considerável de personagens nas mãos, o filme se concentra especialmente em alguns deles, os membros radicais do Partido Internacional da Juventude (os yippies) Abbie Hoffman (Sacha Baron Coen) e Jerry Rubin (Jeremy Strong), os estudantes Tom Hayden (Eddie Redmayne) e Rennie Davis (Alex Sharp), além do pacifista David Dellinger (John Caroll Lynch) e o co-fundador dos Panteras Negras, Bobby Seale (Yahya Abdul Mateen II) que não faz a mínima ideia do motivo de ser incluído no mesmo processo. Defendendo o grupo está o advogado William Kunstler (Mark Rylance) e acusando está o jovem procurador Richard Schultz (Joseph Gordon-Levitt) que não hesita em destacar os equívocos que o julgamento começa a acumular sob os cuidados do juiz Julius Hoffman (Frank Langella). Mesmo sabendo que houve algumas alterações para maior fluência narrativa e aumento de dramaticidade, o texto de Sorkin evita sutilezas para apresentar a situação como um julgamento de cartas marcadas. No entanto, as idas e vindas utilizadas para dar agilidade a um filme que passa a maior parte do tempo num tribunal deixa a direção um tanto truncada, evidenciando que em alguns momentos a narrativa poderia ser mais linear. Sorkin deixa claro que como diretor seu maior mérito é a escolha do elenco, mas se as pessoas aguardavam uma indicação ao Oscar para Sacha Baron Cohen, penso que é capaz Eddie Redmayne levar a melhor no papel do mocinho que tem lá seus momentos de ira ou Yahya Abdul Mateen II que rouba várias cenas durante o julgamento. O melhor de tudo é que Os Sete de Chicago fala muito sobre a tensão polarizada da política mundial atual, verdade que possui alguns momentos caricaturais e de puro exagero que me faz pensar se aquele tribunal realmente se tornou o circo que é apresentado aqui, mas produzido no capricho e com boas atuações, senti falta mesmo de um diretor mais cascudo teria feito um filme em que a ousadia iria além da edição picotada.
Os Sete de Chicago (The Trial of The Chicago Seven / EUA -2020) de Aaron Sorkin com Sacha Baron Cohen, Eddie Redmayne, Mark Rylance, Joseph Gordon Levitt, Frank Langella, Jeremy Strong, Yahya Abdul Mateen II, John Carroll Lynch e Ben Shenkman. ☻☻☻☻
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