Gal Gadot: quarta vez na pele da super-heroína. |
Na guerra entre Marvel e DC nos cinemas, o primeiro filme da Mulher Maravilha surgiu como a esperança de que as coisas poderiam entrar finalmente voltar aos eixos para Batman e sua turma na tela grande. De lá para cá muita coisa aconteceu, o aguardado filme da Liga da Justiça não fez o sucesso esperado, já a aventura solo de Aquaman fez um enorme sucesso, Ben Affleck foi descartado como novo Batman (e foi substituído por Robert Pattinson), o Coringa recebeu o Leão de Ouro em Veneza (e rendeu o aguardado Oscar de melhor ator para Joaquin Phoenix) enquanto Arlequina voltou às telas pouco antes da pandemia com Aves de Rapina. Enquanto o Esquadrão Suicida ganhará uma repaginada e o Snyder Cut deixou de ser uma lenda urbana e se torna um atrativo para a HBOMAX nos Estados Unidos (com seu lançamento previsto para setembro do ano que vem). No meio de tantas mudanças, a diretora Patti Jenkins estava confortável com a segurança garantida pelo primeiro filme da personagem, tanto que ela ganhou muito mais liberdade para executar esta sequência que alcançou grande expectativa para sua estreia nos cinemas (falando em HBOMAX, ainda gerou uma pendenga com a disponibilização do filme na plataforma enquanto ainda era exibida nos cinemas, mas logo se resolveu e a terceira parte já começa a ganhar forma após o filme se tornar o mais visto na reabertura dos cinemas). Celebrado em seu lançamento Mulher Maravilha1984 tem sofrido algumas críticas recentes pelo desenvolvimento do roteiro que está longe de ser o trivial neste tipo de filme. Aqui ele mergulha ainda mais na fantasia e gira em torno de um cristal capaz de realizar os desejos de qualquer pessoa, o que logo desperta o interesse do charlatão Maxwell Lord (Pedro Pascal que se diverte muito no papel). Ele só não se torna o vilão mais interessante da história por conta da presenta de Barbara Minerva (Kristen Wiig, excelente) como a acanhada colega de trabalho de Diana Prince (Gal Gadot) que nem suspeita que ela é a super-heroína. Barbara pede ao cristal que seja tal e qual sua amiga e ela mal sabe no que está se metendo. Wiig tabalha muito bem a transição da personagem que se torna mais atraente, segura, mas que perde muito da sua empatia pela humanidade que sempre a achou uma pessoa sem graça. A forma como aspira sua nova persona e sente-se atraída pelo cada vez mais poderoso Maxwell Lord, confere uma tensão bastante sexual no filme. Quem viu o primeiro filme imagina qual foi o pedido que Diana faz ao cristal, já que desde então vive solitária em seu trabalho com antiguidades e combatendo o crime nas horas vagas. Ela pede seu amado Steve Trevor (Chris Pine) de volta nos seus braços - e, de certa forma, é atendida. Com tanta coisa para resolver, o filme deixa as cenas de ação um tanto de lado, mas quando as exibe elas são bem trabalhadas ao mostrar uma Mulher Maravilha cada vez mais imponente perante um mundo que entra em colapso com todos os desejos sendo atendidos. Nasce daí uma mensagem interessante no filme, afinal, se cada um fizer o que bem entende o convívio social está completamente comprometido. Não por acaso o filme está ambientado em 1984, este caos tem efeito desastroso na Guerra Fria, na briga por petróleo e o filme patina um pouco ao lidar com estas questões políticas sem muita profundidade, aparecendo somente para exibir um mundo sob risco de destruição total. Esta nova aventura parece realmente um filme dos anos 1980, com sua trama um tanto ingênua e um capricho visual que parece realmente filmado naquela época (e as piadas com os figurinos entram neste pacote), mas gira em torno de um tema bastante atual sobre o individual em choque com o coletivo. Particularmente gostei mais da ideia desta continuação do que o anterior (pelo menos até a forma um tanto desconjuntada como tenta amarrar tudo em seu último ato). Com seus vilões cheios de percepções distorcidas e convicções tortas, mas ainda assim atraentes cada um à sua maneira. Mulher-Maravilha1984 ousa e paga pelo preço de sua ousadia de não se render a ser uma cópia da cartilha Marvel ao levar um filme de herói para as telas e, por isso mesmo, merece reconhecimento por não querer ser mais do mesmo.
Mulher Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984 - EUA/2020) de Patti Jenkins com Gal Gadot, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Gabriella Wilde e Kristoffer Polaha. ☻☻☻
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