Zachary e Grazer: DC menos sombria e mais 'família".
Confesso que estava bastante preocupado com a produção de Shazam! afinal, o universo da DC Comics nos cinemas era mais alvo de controvérsia do que sucesso nos últimos anos. Depois que Liga da Justiça (2017) não atingiu as expectativas do estúdio, o sinal de alarme soou e as produções em andamento já começaram receber outro direcionamento. Esta reformulação baniu Ben Affleck (o Batman), Henry Cavill (o Superman) e, recentemente, Ezra Miller (o Flash) e sobreviveram Gal Gadot salva pelo sucesso de Mulher-Maravilha (2017) e Jason Momoa que conseguiu fazer de Aquaman (2018) um redentor blockbuster. Restava a Shazam consolidar esta nova cara da DC no cinema e nada melhor do que um herói que é a versão poderosa de um adolescente de quatorze anos para fazer isso. Este ponto de partida é tudo que o estúdio precisa para demonstrar que aprendeu a lição após tentar costurar no improviso um Universo dos quadrinhos no cinema. É verdade que o bom humor dos filmes da Marvel serve de referência para o que vemos aqui, mas Shazam! em toda sua leveza tem personalidade própria. O filme começa tenso para depois mergulhar no drama do órfão Billy Batson (Asher Angel), que após se perder em uma parque de diversões, pula de lar em lar enquanto procura suaa mãe. Ainda que seja rebelde, Billy guarda dentro de si um bom coração e, por este motivo, será escolhido por um mago (Djimon Hounsou) para ser uma espécie de guardião dos sete pecados capitais - agora libertos pelo insano Doutor Sivana (Mark Strong). A questão é que quando Billy se transforma em Shazam! ele surge crescido, mas a mente continua sendo a de um adolescente. Para além deste toque jovial em sua narrativa, o filme ainda tem um apelo terno pelos laços que se constroem entre Billy e seu novo lar capitaneado por Rosa (Marta Milans) e Victor (Cooper Andrews), que cuidam de outras cinco crianças: a fofa Darla (Faithe Herman), o reservado Pedro (Jovam Armand), o nerd Eugene (Ian Chen), a crescida Mary (Grace Fulton) e o esperto Freddy (Jack Dylan Grazer), que aos poucos se torna o melhor amigo de Billy. Para além de cada personagem ter características que conferem àquele lar uma conotação marcada pela diversidade, o filme recebe uma atmosfera bastante emocional, sobretudo quando revisita a história de Billy fazendo com que sua forma de perceber o mundo seja alterada mais pelo afeto do que propriamente pelos poderes que recebeu. O diretor David F. Sandberg tem bastantes elementos para lidar e sua história transita por diversos gêneros, sorte que ele tem habilidade para costurar todas elas com várias referências sobre o mundos dos heróis (existem várias citações à Batman e Superman durante o filme e até mesmo sobre a confusa trajetória de Shazam nas histórias em quadrinhos - por isso ele recebe vários nomes ao longo da trama). Em termos de elenco todos estão bem. Quem conhece Zachary Levy das temporadas da série Chuck sabe que o ator tem bastante carisma para encarnar o super-herói, ele é seguido de perto por Jack Dylan (antes visto em It: A Coisa/2017) e Mark Strong criando um vilão de respeito na pele de Dr Sivan. Leve e divertido, Shazam! é uma mostra interessante do que vem pela frente da DC nas telona, mas ainda não sei qual o preço deste tom luminoso e bem humorado a longo prazo. Por enquanto, o resultado tem sido filmes para dar risadas e passar o tempo, mas um pouco de surpresa não cairia mal.
Shazam! (EUA-2019) de David F. Sandberg com Zachary Levy, David F. Sandberg, Mark Strong, Asher Angel e Djimon Hounsou. ☻☻☻
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