O elenco: o roteiro é a maior catástrofe.
Em 1996, o diretor Jan de Bont lançou uma aventura com personagens que perseguiam tornados para estudá-los e evitar que maiores catástrofes acontecessem. O elenco era liderado por Helen Hunt (no auge por seu trabalho na série Mad About You) e tendo como coadjuvantes rostos conhecidos como Phillip Seymour Hoffman e Bill Paxton, o que ajudava a manter a credibilidade durante o filme mesmo quando vacas eram vistas voando na tela (de acordo com a cartilha dos filmes catástrofe, o elenco precisa ter rostos conhecidos para causar identificação imediata da plateia para não gastar tempo apresentando os personagens - afinal, os fãs do gênero querem ver o mundo pegar fogo o mais rápido possível). Com duas indicações ao Oscar (Efeitos Especiais e Melhor Som) Twister se tornou um dos maiores sucessos daquele verão americano, ao lado do filme que inaugurou a franquia Missão Impossível e o, também catastrófico, Independence Day (do especialista no gênero Roland Emmerich). Demorou para lembrarem do apelo que os tornados podem exercer sobre o público e lançaram no ano passado No Olho do Tornado, versão piorada do longa de 1996. Apesar dos efeitos serem eficientes, o filme peca em alguns excessos típicos do gênero: os dramas são sempre exagerados (e a ausência de rostos conhecidos as tornam tão necessárias quanto chatas), atores desamparados em cena, discursos de despedida são extensos demais... e, para completar, ainda padece dessa mania tosca de Hollywood criar cenas trêmulas em primeira pessoa fingindo ser documental (o mais engraçado é que no filme todo mundo tem uma câmera, mas a montagem final quase não aproveitou esse artifício "moderninho" - o que não deixa de ser um bom sinal). Já escrevi que antes aqui no blog que esse recurso, na maioria das vezes, serve para disfarçar a falta de criatividade na elaboração das cenas e trato com os diálogos, o resultado é propositalmente mais tosco - porque consideram que "a vida é assim". Perde a estética e o público. Sempre acho engraçado como inventam todas as desculpas possíveis e imaginárias para justificar alguém segurando uma câmera nesse tipo de filme (festa de formatura, trabalho para escola, câmera nos corredores, maníacos youtubers...) quando bastaria somente o do documentarista Pete (Matt Walsh da série Veep). Depois do grupo de estudantes vítimas de um tornado, o filme se perde com desentendimentos de Pete com sua equipe e do vice-diretor da escola, Gary, com os filhos. Gary é interpretado por Richard Armitage, que é um bom ator, mas tem um papel que lhe pede apenas que use seu porte de herói bem vestido. Os efeitos especiais são eficientes, mas o filme opta por nem sempre mostrar o que está acontecendo sob a desculpa de criar tensão com uma câmera "amadora"que insiste em falhar justo na hora que mais precisamos dela. O resultado é quase uma sucessão de trapalhadas, até que a coisa fica séria e todos parecem que serão varridos do mapa. Os diálogos são péssimos, os personagens mal delineados e depois do arraso final, as últimas cenas são um tanto patéticas com personagens que não deram liga durante toda a projeção (além de ter mais do que um furo, uma cratera ao revelar quem sobreviveu de forma inacreditável ao final). Por tantos tropeços, o filme nem alcançou o sucesso desejado, se fosse um pouco mais bem tratado, poderia ter repetido o sucesso do filme estrelado por Helen Hunt e, talvez, até gerar uma franquia nos tempos atuais.
No Olho do Tornado (Into the Storm/EUA-2014) de Steven Quale, com Richard Armitage, Matt Walsh, Sarah Wayne Callies, Max Deacon, Nathan Cress e Jeremy Sumpter. ☻
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