Patrick: pé frio em um dia daqueles.
Ainda que não seja muito conhecido, Patrick Wilson é um dos meus atores favoritos. Pena que nem sempre ele consegue um papel à altura do que já vimos do que ele é capaz de fazer (procurem o aclamado Pecados Íntimos/2006 para lembrar). Além disso, tem um pé frio descomunal por se meter em produções que não recebem muita atenção, nem mesmo quando se mistura com diretores espertos como Joe Carnahan. Carnahan é responsável pelo celebrado Narc (2002) e pelo sensacional A Última Cartada (2006), onde sempre demonstrou controle absoluto sobre a tensão estilosa de suas histórias. Se em alguns momentos, sua carreira flertava com a comédia de humor negro, Stretch se assume como tal, embora demore um pouco para engrenar. O título se refere ao motorista de limusine de Holywood (vivido por Patrick Wilson) naquele que poderia ser apenas mais um dia de trabalho com figuras estranhas da terra do cinema, mas as coisas pioram cada vez mais numa noite interminável. Stretch tem uma dívida de seis mil dólares para quitar, ainda tem problemas por Ray Liotta ter esquecido uma arma e um distintivo de seu novo personagem dentro da limusine - como se não bastasse isso, ainda sofre com o pé na bunda que recebeu da namorada. Para dar uma piorada em seu inferno astral, ele é encarregado de passar o dia com o excêntrico Roger Caros (Chris Pine, em participação não creditada num personagem ainda mais estranho do que o que fez em A Última Cartada), que irá colocar o motorista em enrascadas ainda mais perigosas por conta de uma gorda gorjeta que o levará a ser até perseguido pelo FBI. Patrick Wilson consegue viver o protagonista com seu carisma habitual, carregando o filme nas costas e nos faz até esquecer os clichês abundantes da história (que ele é um ator em busca de reconhecimento, que toda celebridade é excêntrica, que existe um submundo regado a sexo e drogas em Los Angeles...), mas existem muitas ideias bem sacadas, seja pela forma como se complica com o FBI ou do aplicativo usado para marcar um encontro (que nunca se concretiza, mas que pontua o quanto seu trabalho se distancia da realidade que gostaria de ter). É verdade que Carnahan tenta abraçar mais ideias do que é capaz de alinhavar, como por exemplo o amigo imaginário (vivido por Ed Helms) que é curioso, mas está subaproveitado, mas o pior de tudo foi escolher a decepcionante Jessica Alba para o papel feminino de maior destaque (para variar ela está péssima em cena). Porém, Carnahan consegue manter começa devagar até chegar ao ritmo frenético que mantém da metade para o final com grande energia. Stretch é um filme bem humorado e encaixa-se perfeitamente no universo dos melhores filmes do diretor, pena que os produtores não confiaram na produção é a lançaram diretamente em DVD no Brasil e no exterior. Parece que imaginaram que o filme tinha força para figurar nas premiações de fim de ano, mas depois viram que o diretor queria apenas se divertir. Não deixa de ser mais um sintoma do pé frio de seu ator, que poderia, facilmente, ter figurado em alguns prêmios como melhor ator de comédia, já que apresenta sua versatilidade habitual com grande desenvoltura.
Stretch (EUA/2014) de Joe Carnahan com Patrick Wilson, Ed Helms, James Badge Dale, Brooklyn Decker, Ray Liotta e Jessica Alba. ☻☻☻
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