Faye e Warren: dupla antológica.
Lançado em 1967, Bonnie & Clyde é um filme que nunca envelhece. Se levarmos em consideração que ele era moderno até mesmo para sua época, fica fácil entender o fascínio que ele causa até hoje em quem o assiste. O motivo para isso está para além da violência estilizadamente crua que apresenta, mas na forma como o diretor Arthur Penn conta sua história sem seguir os padrões estabelecidos por Hollywood na década em que foi lançado. Tanto que a história se passa durante a Grande Depressão dos EUA, mais precisamente no ano de 1934, mas foi abraçado pelo movimento de contracultura pela forma como os personagens são apresentados. Ao utilizar o ponto de vista de um casal de assaltantes e seus comparsas, Penn romantiza a história do casal protagonista apresentando alguns de seus dilemas morais e problemas no relacionamento. O filme não gasta muito tempo apresentando Clyde Barrow (Warren Beatty) e Bonnie Parker (Faye Dunaway, belíssima), mas sabemos que a atração perigosa existente entre os dois foi fulminante. Os dois assaltam bancos pelo sul dos Estados Unidos e enfrentam problemas com a polícia local. Entre as discussões dos dois (até Clyde reconhece não ser bom amante) e a saudade que Bonnie sente da família, os dois colecionam contravenções no currículo vasto. Entre os comparsas do casal está o irmão de Clyde, Buck (Gene Hackman) e sua esposa histérica Blanche (Estelle Parsons) - que logo desenvolve atritos com Bonnie - ou o desconhecido C.W. (Michael J. Pollard). Ainda hoje o filme pode despertar polêmicas pela forma como apresenta os personagens foras da lei, tanto que, nem o estúdio confiava no sucesso do filme, causando surpresa diante do seu desempenho nas bilheterias e premiações (se você acha que a Academia é conservadora hoje, imagine em 1967 um filme desses conseguir dez indicações ao Oscar! Ganhou o de atriz coadjuvante para Parsons e melhor fotografia). Bonnnie & Clyde causou uma revolução em Hollywood com sua montagem ágil e a quantidade de locações externas, especialmente para as perseguições de carro em meio a tiroteios. Considerados por muitos a obra-prima de Arthur Penn, um diretor famoso por arrancar atuações memoráveis de seu elenco (aqui todos os citados foram indicados ao Oscar por suas performances), Penn não desafina em momento algum, num ritmo em constante contraste entre o humor, a violência e o romance (outro aspecto bastante inovador para a época). A história do casal bandido apaixonado já foi filmada outras vezes, mas nenhuma outra versão conseguiu um resultado tão emblemático e sintonizado com o seu tempo. Suas qualidades cinematográficas, que permanecem intactas, comprovam que o filme sempre esteve à frente do seu tempo.
Bonnie & Clyde (EUA-1967) de Arthur Penn com Warren Beatty, Faye Dunaway, Gene Hackman, Michael J. Pollard, Gene Wilder e Estelle Parsons. ☻☻☻☻
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