sábado, 25 de fevereiro de 2012

INDICADOS AO OSCAR 2012: MELHOR FILME

Eu não escrevi introduções para as outras categorias, mas você já percebeu que os atores dos filmes indicados ao Oscar acabaram se repetindo? Viola Davis (Tão Forte Tão Perto / Histórias Cruzadas), Tom Riddleston (Cavalo de Guerra / Meia Noite em Paris), Brad Pitt (A Árvore da Vida / O Homem que Mudou o Jogo) e Jessica Chastain (A Árvore da Vida / Histórias Cruzadas) aparecem em dois filmes da lista dos concorrentes. O mesmo poderia ter acontecido com George Clooney e Phillip Seymour Hoffman... mas deixa isso pra lá, vamos aos indicados ao maior prêmio da noite de amanhã:

Depois de levar a Palma de Ouro em Cannes deste ano, o novo filme de Terrence Mallick conseguiu ficar na lista dos melhores do ano para a Academia. O filme que beira o experimental - com a narrativa baseada nas memórias de uma família da década de 1950 - capricha na fotografia, na trilha sonora e nas atuações do seu elenco encabeçado por Brad Pitt e Jessica Chastain (ele no papel do pai rigoroso e ela como a mãe carinhosa - o embate entre essas dois caminhos é vivido internamente pelo filho mais velho - interpretado na idade adulta por Sean Penn). Ambientar uma história dessas em analogias entre a gênese e o apocalipse demorou mais cinco anos na vida de Mallick e conquistou as indicações de Filme, direção (Terrence Mallick) e fotografia. 

O campeão das indicações deste ano (concorre em onze: filme, direção/Martin Scorsese, roteiro adaptado, figurino, fotografia, montagem, direção de arte, efeitos visuais, trilha sonora, mixagem de som e edição de som) é a primeira aventura de Scorsese pelo universo infantil. Adaptado do livro de Brian Selznick o filme conta a história de um órfão que encontra um dos pioneiros do cinema: Georges Méliés. O fato de utilizar a tecnologia 3D para realizar uma ode à história do cinema  pode contar pontos entre os votantes da Academia neste ano em que a nostalgia tomou conta dos concorrentes. O problema do filme é o preconceito que a Academia tem com os longas que investem na fantasia.

Steven Spielberg realizou um filme com toda a pompa para o Oscar. Basta ver o trailer para vermos como o filme tem aquele jeitão dos longas que a Academia adora premiar. O romance de Michael Morpurgo virou peça de sucesso e chegou aos cinemas contando a história do cavalo Joey durante a primeira guerra mundial e a busca de seu dono para reencontrá-lo. Embora tenha atuações marcantes de Tom Hiddleston e Emily Watson, a ausência de Spielberg entre os indicados ao prêmio de direção já aponta que o longa tem poucas chances. Mesmo com muita gente o considerando antiquado conseguiu outras cinco indicações em categorias técnicas: fotografia, direção de arte, trilha sonora, mixagem de som e edição de som.  

Um dos poucos sucessos de bilheteria entre os indicados, The Help foi lançado em meados de 2011 e provou ter fôlego para chegar às premiações. Apesar de Tate Taylor não ter conseguido sua indicação ao prêmio de direção o filme conta com atuações inspiradas de um elenco feminino exemplar (que ganhou o prêmio do sindicato deste ano)! Ambientado no sul dos EUA na década de 1960, o filme conta a história de empregadas negras que resolvem participar das entrevistas para um livro onde a relação com as patroas é exposta. Tendo como fundo a luta pelos direitos civis e o racismo o filme conquistou o público e a Academia que lhe rendeu 4 indicações (filme, atriz coadjuvante/Jessica Chastain sendo o favorito nas categorias atriz/Viola Davis, atriz coadjuvante/Octavia Spencer)

Stephen Daldry conseguiu colocar mais um filme entre os finalistas do Oscar, embora muitos o considerem o pior de sua obra. Baseado no livro de Johnatan Safron Foer (o mesmo de Uma Vida Iluminada/2005) a trama conta a busca de um menino com síndrome de Asperge que teve o pai morto nos atentados de onze de setembro. O pai deixou uma chave misteriosa para o menino que irá encontrar vários personagens interessantes pelo caminho e que o ajudarão a digerir o seu trauma. Apesar de ser menos profundo do que deveria o filme conseguiu duas indicações ao careca dourado: filme e ator coadjuvante/Max Von Sydow. Mesmo tendo no elenco Tom Hanks e Sandra Bullock o público não se empolgou. 
  
Sucesso desde que abriu o Festival de Cannes de 2011, Meia Noite em Paris foi o longa que fez as pazes de Woody Allen com o grande público e com a Academia. O filme conta a história de um escritor (Owen Wilson) em crise que em uma viagem à Paris consegue voltar no tempo sempre que o relógio anuncia a meia-noite. Basta isso acontecer para que seja transportado para a Paris dos anos 1920 onde encontra pessoas famosas como F. Scott Fitzgerald (Tom Riddleston) e Salvador Dalí (Adrien Brody). Indicado aos prêmios de filme, direção, direção de arte, mas é o favorito somente na categoria de roteiro original.  

O Artista (The Artist)
Três filmes que deram o que falar em Cannes chegaram aos finalistas do Oscar, mas O Artista foi o que mais me surpreendeu por se tratar de uma co-produção francesa e americana, em preto e branco e que reproduz um filme mudo. Contando a história de um astro (Jean Dujardin) que está em crise com a chegada do cinema falado e sua relação com uma atriz em ascensão (Berenice Bejo) o filme caiu na graça da Academia que corre sério risco de o considerar o melhor do ano passado. Embora o sucesso do filme seja modesto perante o público, a trama investe no tom de comédia romântica e pode premiar até seu diretor e ator. O filme concorre em 10 categorias: filme, direção/Michel Hazanavicius, ator/Jean Dujardin, atriz coadjuvante/Berenice Bejo, roteiro original, figurino, fotografia, montagem, direção de arte e trilha sonora).

O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)
O filme de Bennet Miller (Capote/2005) mostra a história real de Billy Beane (Brad Pitt) um homem que reinventa a forma de escalar um time de baseball com a ajuda de um nerd (Jonah Hill) que não manja nada do esporte, mas entende tudo de computadores. Com base na experiência, a dupla consegue escalar um time eficiente, mesmo sem ter muito dinheiro. O filme tem aquele jeito de filme esportivo que o público americano adora e concorre nas categorias de filme, ator coadjuvante/Jonah Hill, roteiro adaptado e montagem, mas tem chances somente na categoria ator (a qual Pitt irá enfrentar mais uma vez Jean Dujardin) e o amigo George Clooney.

O novo longa de Alexander Payne foi o favorito ao Oscar até pouco depois do Globo de Ouro, onde saiu premiado na categoria de Filme Dramático. O problema foi que O Artista ganhou mais fôlego ao receber o prêmio de melhor Comédia/Musical do ano e com a premiação de Jean Dujardin no prêmio do sindicato. Os Descendentes equilibra drama e comédia ao contar a história de um pai (George Clooney) que precisa aprender a lidar com as filhas na ausência da esposa que está em coma no hospital. Mais uma vez o diretor explora personagens que precisam amadurecer na marra! Embora não seja mais o favorito o filme ainda tem chances - e concorre ainda nas categorias direção/Alexander Payne, ator/George Clooney, roteiro adaptado e montagem. 

Se a Academia continuasse elegendo dez candidatos por ano, provavelmente o posto teria ficado com o quarto filme do cineasta George Clooney. A trama do rapaz idealista que descobre as maracutaias do político para o qual trabalha conseguiu somente uma indicação ao prêmio de roteiro adaptado. De nada adiantou o sucesso perante público e crítica num filme sobre a forma como a política intoxica. Existe uma explicação para isso, ou melhor duas! Uma é o período eleitoreiro que os EUA atravessa (e a Academia odeia polêmicas assim, lembra em 2005 o que houve com Fahrenheit 11/9) e a outra foi a chacota que o elenco renomado do filme fez sobre concorrer ao Oscar numa das coletivas do Festival de Toronto. Mas com as chances que tem de levar o Oscar de ator para casa, George Clooney não deve estar magoado.

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