Rogen e Joseph: momento Camila.
Joseph Gordon Levitt foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia/Musical por viver um jovem vítima de um câncer raro. Foi isso mesmo que você leu, 50% é um comédia sobre câncer. No cinema a abordagem cômica para o tema pode ser até uma novidade, mas para quem acompanha a série The Big C com Laura Linney na HBO sabe que a coisa é possível quando tratada com devida sensibilidade. Este é o mesmo desafio deste longa escrito pelo comediante Seth Rogen baseado na experiência de ter um amigo com câncer - e o que poderia ser uma trama de gosto duvidoso alcança alguns bons momentos que lhe garantiram uma vaga na categoria de Melhor Filme Comédia/Musical no Globo de Ouro, mas não teve força para chegar aos finalistas do Oscar. Gordon Levitt está muito bem como Adam, um jovem que possui um emprego estável e está num relacionamento cada vez mais sério com Rachel (uma melosa Bryce Dallas Howard) quando é diagnosticado com câncer. O filme poderia ser mais um daqueles dramas pesadões ou uma comédia baseada numa pessoa que aproveita a situação para fazer tudo que passar pela cabeça, mas não é bem assim, Adam tenta apenas lidar com a doença que possui 50% de chances de cura no estágio em que se encontra . Entre o mal estar da quimioterapia e a inevitável conversa com a mãe (Anjelica Huston em mais um tipo matriarca poderosa de sua carreira). O roteiro parece mais querer brincar com os clichês do gênero do que fazer algo muito profundo sobre o assunto, deixando o clima numa segura superfície que inclui ainda a traição de Rachel e a atração de Adam por uma jovem psicóloga (a eficiente Anna Kendrick). Óbvio que existem aquelas cenas tristes sobre o tratamento, mas elas não aparecem muito. Talvez pelas indicações recebidas pelo filme e as críticas positivas eu esperasse mais do filme, que parece jogar toda a responsabilidade nos ombros esguios de seu ator principal. Joseph já havia demonstrado talento em (500) Dias com Ela (2009) e num papel que falava menos do que agia em A Origem (2010) e aqui prova que consegue carregar uma trama espinhosa nas costas sem muita dificuldade. Mas o maior problema do filme é o personagem de Seth Rogen, na pele de seu alter-ego Kyle - que aproveita a situação do amigo para conquistar garotas - o ator interpreta mais uma vez o mesmo personagem. Isso é mais do que compreensível, já que o ator criou esse tipo para sua carreira e o personagem é inspirado nele mesmo. O fato é que Kyle é totalmente desnecessário na maior parte de suas cenas (ele funciona na primeira e segunda cena de conquistador, depois começa a cansar e depois sua cena importante é aquela em que Adam briga com ele - e só), sempre baixando a tensão (como a cena em que conta ao amigo da traição de Rachel) ou o nível do humor presente no longa (como a cena em que conta para que utilizava a máquina de raspar cabelo). Fica evidente que Rogen trabalha com o improviso, mas esquece de aprofundar o seu personagem, seguindo um caminho reto e que não combina com as intenções que Joseph procura imprimir ao longa.
50% (50/50-EUA) de Will Reiser com Jospeph Gordon-Levitt, Seth Rogen, Bryce Dallas Howard, Anna Kendrick, Phillip Baker Hall e Anjelica Huston. ☻☻☻
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