Alexander Payne (Os Descendentes)
Desde a sua estreia na direção com Ruth em Questão (1996) este diretor americano de origem grega (seu sobrenome real é Papadopoulos) busca o equilíbrio perfeito entre drama e comédia. Se no início da carreira a balança sempre tendia para a comédia (Ruth e Eleição/1999) depois de As Confissões de Schmidt/2002 pende mais para o drama. Em Os Descendentes ele aborda a relação de um homem com suas duas filhas e revelações sobre a esposa em coma num hospital. Esse período em que os papéis da família precisam se reorganizar é o foco do filme. A direção de Payne é elogiada pela simplicidade e lhe rendeu indicações em todos os prêmios do ano. Desde Sideways/2006 (que lhe rendeu o primeiro Oscar da carreira na categoria roteiro adaptado) que Payne não dirigia um longa-metragem. Esta é a segunda indicação de Payne ao Oscar da categoria (concorreu antes por Sideways)
Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)
Faz tempo que Scorsese deixou de ser um diretor e se tornou um ícone da sétima arte. Entre os cineastas celebrados na década de 1970 é o que apresenta mais vitalidade e capacidade de transformar seu cinema em obras surpreendentes. Afinal, quem diria que o diretor dos violentos Taxi Driver/1976, Os Bons Companheiros/1990 e Cassino/1995 iria fazer um aclamado filme infantil em 3D a pedido de sua filha? Hugo Cabret foi o recordista de indicações deste ano (11) após lhe render o Globo de Ouro de melhor diretor neste ano. Apesar dos anos de serviço prestados ao cinema, Scorsese tem apenas um Oscar de direção no currículo (por Os Infiltrados/2004) quando já contabilizava outras cinco indicações ao prêmio de direção da Academia (Touro Indomável/1980, A Última Tentação de Cristo/1988, Os Bons Companheiros/1991, Gangues de Nova York/2002 e Aviador/2004).
Michel Hazanavicius (O Artista)
Estreante nas indicações ao Oscar, Michel (esq.) tem outros quatro filmes no currículo - e o mais famoso deles, Agente 117, estrelado pelo mesmo Jean Dujardin de O Artista. Faz tempo que o diretor indica que no seu cinema existe boa dose de nostalgia, mas no celebrado O Artista ele se superou: um filme mudo e em preto e branco sobre a transição do cinema mudo para cinema falado. A trajetória de George Valentin na Hollywood de 1927 remete diretamente à história do cinema e em tempos de assombros tecnológicos ressalta que o principal combustível da sétima arte é a emoção. De bilheteria modesta nos Estados Unidos e só recentemente comprado para ser exibido no Brasil, O Artista tem sido multipremiado (apesar de ter perdido a Palma de Ouro em Cannes para A Árvore da Vida. Hazanavicius tem fortes chances de sair premiado pela Academia (e o fato do filme ter sido rodado em Hollywood ajuda bastante).
Terrence Malick (A Árvore da Vida)
Malick sempre gostou de narrativas diferentes, meio desconectadas com cenas carregadas de paisagens naturais e narrativas em off, isso faz com que seja cultuado por uns e criticado por outros - mas, ao que tudo indica, a Academia aprecia seu trabalho. Entre os indicados é Mallick que apresenta a maior ousadia numa obra que beira o experimental numa trama simples baseada nas memórias de uma família da década de 1950. Misturando cenas deslumbrantes, boas atuações e muitas filosofices sobre a família, morte e divindade, o recluso Mallick conseguiu sua segunda indicação ao Oscar de direção (a primeira foi por Além da Linha Vermelha/1998). Apesar de estar na ativa desde a década de 1960, Mallick dirigiu apenas cinco longas - e a aclamação por Árvore da Vida serviu para espantar os maus presságios sobre sua carreira depois das críticas a O Novo Mundo (2005).
Woody Allen (Meia Noite em Paris)
O cultuado diretor nova-iorquinho é um dos recordistas de indicações da Academia (são 23 no total entre as categorias de ator, produtor, diretor e roteirista). Allen conseguiu sua maior bilheteria com a história do escritor que em uma viagem à Paris consegue viajar no tempo sempre que o relógio marca meia-noite. Nessas viagens ele encontra artistas que fizeram da cidade um pólo cultural de Ernest Hemingway, passando por Salvador Dalí e F.Scott Fitzgerald, Allen revisita o passado para falar sobre o presente. O filme mais elogiado de Allen em muito tempo ainda rendeu uma indicação na categoria de melhor roteiro (e ainda acho que deu uma força à França que ainda aparece no Oscar com O Artista em várias categorias e com a animação Gato em Paris). Adepto do improviso por parte dos atores, Allen já tem três Oscars na estante (dois de roteirista e um de direção por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa/1977) e outras seis indicações nesta categoria (Tiros na Broadway/1994, Crimes e Pecados/1989, Hannah e suas Irmãs/1986, Broadway Danny Rose/1984 e Interiores/1978).
O ESQUECIDO: George Clooney (Tudo Pelo Poder)
Quase que George Clooney (na foto entre Evan Rachel Wood e Ryan Gosling) repete o feito de 2005 quando compareceu ao Oscar com dois filmes, um como ator e outro como diretor. Tudo Pelo Poder é uma trama sobre os bastidores da política onde um jovem idealista descobre que pelos ideais precisa (ou não?) fazer algumas trapaças pelo caminho. Tudo Pelo Poder foi elogiado, indicado ao Globo de Ouro, mostrou que George é mesmo um cineasta de mão cheia quando resolve ser engajado - mas acabou rendendo a Clooney somente uma indicação ao Oscar de roteiro adaptado. Mas ele não tem do que reclamar com Os Descendentes sendo um dos concorrentes mais fortes deste ano e lhe dando fortes chances de ser premiado como ator.
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