Jordan Firstman |
Talvez seja exagero dizer que Jordan Firstman seja um artista em ascensão. Mas o fato dele aparecer cada vez mais em obras destinadas aos mais variados públicos faz com que ele pareça estar em toda parte com seu humor provocativo. Desde que escreveu e estrelou seu primeiro curta-metragem, o ator, escritor e produtor procura exercitar cada vez mais sua mente criativa. Seja nos seus curtas-metragens, nas postagens do Instagram, na TV, na Netflix ou no Universo Marvel, a impressão é que Jordan está em todo lugar. Essa entrevista, que nunca aconteceu, foi agendada na ocasião da estreia de Rotting in the Sun do diretor chileno Sebastián Silva no streaming brasileiro. Fistman fala um pouco ao nosso repórter imaginário sobre sua efervescente carreira:
§8^) Posso dizer que depois de ver Rotting in the Sun achei que Sebastián Silva é sua alma gêmea?
Firstman Não caia nessa lorota! É pura magia do cinema [risos] Pode se dizer que a ideia de juntar nós dois no mesmo filme foi brilhante. Só isso [risos]. Eu disse para o Seba que queria um filme diferente, um meta-gay-thriller, algo intelectual só que descarado... e ele bolou o filme. Foi quase na base da provocação, mas o preço a ser pago era tirar a roupa e minha maior preocupação era me depilar. Ainda bem que não precisou, sou realmente apegado aos meus pelinhos, eles me deixam a impressão que eu estava coberto com alguma coisa... tipo um casaco de pele, só que é da minha pele. Fabricação própria entende? Eu estou acostumado a me expor no meu Instagram, mas no filme era tudo muito mais explícito, mas o fato de estar a vontade com minha aparência ajudou muito na hora de ficar nu. O filme é uma brincadeira sobre como as pessoas nos enxergam e a ideia de se despir diante da câmera combina com isso. Criativamente Seba e eu nos complementamos na construção do filme, mas não sei se somos almas gêmeas... talvez apenas dois rapazes gays querendo ganhar o pão de cada dia.
§8^) É verdade que o Michael Cera que seria o protagonista da história?
Firstman Sim. O Seba e o Michael gostaram muito de trabalhar juntos em Crystal Fairy e o Cactus Mágico. O Michael curte essa pegada mais alternativa, mas quando ele viu o texto levou um susto com todas as cenas de nudez e cenas de sexo. Adoramos ele, mas o Michael tem aquela síndrome de Peter Pan. Ele é três anos mais velho que eu, mas parece ser meu filho. Não fazia muito o estilo dele se expor daquele jeito e não quero parecer maldoso. Era preciso ter alguém mais sexy, másculo e selvagem para atuar ao meu lado [gargalhadas], no fim das contas foi bom ter o Seba atuando ali, mas você percebeu que o safado nunca tira o short, só mandava a gente se despir. Cara de pau, sem trocadilhos, por favor.
§8^) O filme tem um lado crítico sobre seu personagem ser uma celebridade da internet e você ficou muito conhecido com suas publicações na época da pandemia. Como você percebe essa relação das pessoas com as redes sociais hoje em dia?
Firstman Eu gosto da zoeira. Acho que por vezes o mundo é muito chato. Até mesmo o mundo das celebridades é um tanto tedioso com todas as poses de pessoas querendo ser aceitas e parecendo corretas o tempo inteiro. Pelo menos eu encontro espaço no universo queer para brincar um pouco e me divertir. Tem gente que curte. Tem gente que não curte. Tem gente que foi ver o filme só para me ver sem roupa, o que é bom também, já que ajuda na bilheteria e na repercussão para novos trabalhos. Sobre o que era a pergunta mesmo.... ah sim... a relação das pessoas com as redes sociais. Acho uma mídia feito outra qualquer.
§8^) Você foi responsável por um dos momentos mais icônicos da história do Independent Spirit Awards com um coral cantando em homenagem à Laura Dern em 2020 . Como surgiu a ideia de fazer aquela apresentação?
Firstman Eu adoro a Laura Dern. Ela é um verdadeiro ícone do cinema indie americano e também para a comunidade gay desde que ela participou da série da Ellen DeGeneres em 1997 e foi a motivação para a personagem dela sair do armário. Laura não é gay, mas ela pagou o preço por apoiar nossa comunidade. Sofreu um boicote em Hollywood por um tempo, mas deu a volta por cima e até ganhou um Oscar depois da nossa calorosa homenagem. A ideia era uma celebração à Laura, mas para isso perpassei por vários signos sobre homossexualidade que aparecem nos filmes até chegar no trabalho dela. Foi uma brincadeira que ganhava contornos bastante emotivos e celebrativos sobre a visibilidade gay no cinema. Tenho muito orgulho daquela apresentação e mais ainda porque a Laura foi pega de surpresa e ficou lisonjeada com tudo aquilo. Ela merece o mundo.
§8^) Você também está no MCU como o professor conselheiro da série Miss Marvel, o que não deixa de ser uma escolha inusitada para a TV...
Firstman Tenho a impressão que as pessoas não faziam a mínima ideia de quem eu era quando me colocaram naquele programa! Ainda penso que se descobrirem o que eu faço, a Disney vai retirar o programa da plataforma ou colocar uma cara do Michey em cima do meu rosto. Ainda penso que um adolescente pode assistir Rotting in the Sun e dizer "Ei! É o conselheiro da Miss Marvel" e toda uma sucessão e represálias acontecerá com o programa devido aos conservadores que se multiplicam por aí. Só espero que não peçam para eu devolver o dinheiro que recebi pelo papel, que foi muito bom aliás. Ser um ator gay e judeu não é fácil, ainda mais com essa greve interminável que atravessamos. Já estou cogitando abrir uma página no OnlyFans. Será que o pessoal curtiu o que viu no filme? Seria uma pesquisa de demanda interessante... Talvez eu tenha que malhar um pouco... mas não me depilo.
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