sábado, 9 de setembro de 2023

PL►Y: Cyrano

Haley e Peter: nova versão de um clássico. 

Eu estava na torcida por uma indicação ao Oscar de melhor ator para Peter Dinklage por seu trabalho em Cyrano, mas infelizmente ele foi lembrado somente na categoria de melhor ator em comédia ou musical no Globo de Ouro. Acho que o sucesso abaixo do esperado da nova empreitada de Joe Wright não ajudou muito. É verdade que o filme tem seus problemas, mas o resultado é bastante agradável de assistir, sobretudo pelo trabalho de Peter esbanjando carisma na adaptação de um personagem clássico da literatura. O dramaturgo Edmond Rostand teve sua peça encenada pela primeira vez em 1897 e era baseada na figura real de Hector Savinier de Cyrano de Bergerac. A peça gira em torno de um homem que sofria complexos mas que consegue conquistar o coração da mulher que ama, Roxane, escrevendo cartaz através de um amigo que deseja conquistá-la. Assim, mesmo através de um intermediário, Cyrano sente o prazer da conquista, mas também o ciúme de ver sua amada se apaixonar por um homem que não possui sua habilidade com as palavras. O triângulo amoroso sofre ainda interferência do Duque de Guiche, que ganha o contorno de vilão de história e torna-se responsável pelo destino dos personagens da trama. A peça já recebeu várias adaptações para o cinema e talvez a mais famosa delas seja Cyrano de Bergerac (1990) de Jean Paul Rappeaneau que foi indicada a cinco categorias no Oscar, incluindo melhor filme estrangeiro e melhor ator (Gerard Depardieu). Em 2018, enquanto estrelava a icônica Game of Thrones, Peter Dinklage estrelou no teatro uma adaptação da peça escrita por sua esposa, Erica Schmidt, em formato de musical com a colaboração da banda The National e Aaron Dressner. A repercussão da peça fez Joe Wright se empolgar com a ideia de levar a trama mais uma vez para os cinemas. A espinha dorsal da história é a mesma, apenas trocando o nariz proeminente do protagonista pela estatura de seu astro principal, o que não altera em nada as emoções envolvidas na peça. Aqui Roxane é vivida por Haley Bennet, o amigo Christian é interpretado por Kelvin Harrison Jr. e o vilão fica por conta de Ben Mendelsohn. O quarteto principal garante bons momentos no decorrer da história que é conduzida com bastante leveza por Wright. Sei que muita gente irá torcer o nariz pelo fato do filme ser um musical, mas se o texto original já era todo rimado, vejo como algo bastante lógico imaginar a história formatada dentro do gênero. O diretor conduz as cenas musicais de forma bastante orgânica no decorrer da história, de forma que a narrativa não desafina quando as canções aparecem (embora nenhuma delas seja realmente marcante). Aqui o diretor retoma uma mise en scène bastante teatral como vimos em sua adaptação de Anna Karenina (2012), os figurinos (indicados ao Oscar) são uma atração à parte, mas tudo isso sofre com uma fotografia um tanto tediosa em tons marrons e rosados que pode causar certa sonolência. Para espantar isso, sempre podemos contar com o vigor de Dinklage que consegue provar mais uma vez que pode ser um galã mais que eficiente. Eu adoraria que o diretor houvesse alterado o final, mas infelizmente ele deve ter considerado que já mexeu muito em um clássico. O filme está atualmente disponível no catálogo do Prime Video


Cyrano (Reino Unido - Canadá - EUA / 2021) de Joe Wright com Peter Dinklage, Halley Bennett, Kelvin Harrison Jr., Ben Mendelsohn, Monica Dolan, Anjana Vasan, Joshua James e Ruth Sheen. ☻☻☻

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