domingo, 24 de setembro de 2023

PL►Y: Que Horas eu Te Pego?

 
Jennifer e Ander: os opostos se atraem? 

Aos 33 anos de idade, Jennifer Lawrence possui uma carreira notável. São 120 prêmios ao longo da carreira, incluindo um Oscar por O Lado Bom da Vida (2012), embora considere que outras indicações sejam por trabalhos que fossem mais dignas de vitória (melhor atriz por Inverno da Alma/2010 e  coadjuvante por Trapaça/2013, ela ainda tem uma indicação como protagonista por Joy/). Embora também tenha blockbusters no currículo, são em filmes que necessitam de sua vertente mais dramática que ela costuma ser lembrada. J.Law fez pouca comédia ao longo dos anos. Parece que já começou a carreira como atriz "séria a ser respeitada", afinal, sua primeira indicação a prêmios veio quando ela tinha vinte anos. Recentemente ela realizou uma pausa de dois anos na carreira. Casou. Teve um bebê. Voltou ao batente em 2021 com Não Olhe para Cima e lançou Passagem no ano passado. Portanto, fica ainda mais interessante que esse ano ela tenha produzido uma comédia do quilate de Que Horas Eu Te Pego? Trata-se de uma comédia sexual que faz tempo que Hollywood não se aventura a lançar no cinema e, ainda mais com toda onda do politicamente correto sedento para apontar qualquer deslize que seja feito. Bem, Que Horas eu Te Pego? Pode ser visto como um abraço gigantesco nos deslizes desse tipo de filme. No entanto, não está nem aí para isso. Ofensivo mesmo o filme não é. Tem algumas piadas que desafiam o bom gosto. Diálogos provocadores. Alfinetadas aqui e outras ali, mas o filme se sustenta de pé porque debaixo de toda pretensa subversão ele tem um coração. Na verdade, dois corações. Um deles está na personagem de Jennifer, Maddie, uma mulher de 32 anos que faz de tudo para manter a casa que a mãe recebeu do homem da qual era amante, em troca, ela não poderia nunca procurá-lo com procurasse com a filha bastarda (Maddie) debaixo do braço. A vida financeira da moça não é fácil, já que ela acaba de perder o carro com que faz serviço de motorista de aplicativo e as despesas não esperam para serem pagas. Ela observa os visitantes endinheirados que vão para as praias locais com um bocado de ressentimento por terem uma vida melhor do que ela jamais terá. O outro coração do filme é de Percy (Ander Barth Ferldman), um rapaz de dezoito anos que está prestes a ir para a conceituada universidade de Princeton, mas cujos pais estão desesperados com sua inexperiência. Percy é virgem. Não bebe e ainda mantem uma ingenuidade quase infantil perante o mundo. Verdade seja dita que seus pais colaboraram muito para deixa-lo eternamente dentro da "concha" ao longo da vida. Como os dois corações do filme se cruzam? Bem. Os pais do moço resolvem contratar uma mulher para deixa-lo, digamos, mais experiente. Em troca da empreitada, a responsável pelo... "crescimento" do menino irá ganhar um carro. Maddie não parece o tipo ideal para o serviço, mas seu empenho é notável! O problema é que o rapaz é um bocado resistente, gerando situações sempre constrangedoras para ambos.  A direção de Gene Stupnitsky, que assina o roteiro ao lado de John Phillips, capricha nas situações atrapalhadas entre os dois personagens, às vezes apelando para o inusitado da mistura de um rapaz comportado com uma mulher desvairada. O contraste entre os dois rende boas risadas, especialmente quando desafia os limites do bom senso, funcionando funciona justamente pelo tom de brincadeira exagerada. Destaque para o trabalho desavergonhado de Lawrence (que tem até cena de luta sem roupa na praia) e o carisma de Ander, que  pode não ser conhecido - embora seu rosto me parecesse conhecido o filme inteiro, só depois descobri que ele interpretou o Linguini numa versão musical de Ratatouille (sim, ele parece com o personagem cozinheiro), mas dá conta direitinho dos dilemas de seu personagem cheio de curiosidade e medo em proporções iguais. Para dar algum equilíbrio, o filme tem lá seus momentos dramáticos que não atrapalham, pelo contrário, nos faz importar ainda mais com os dois. O problema mesmo é o final sem graça para algo que desejava ser tão provocador. Serve para passar o tempo e está em cartaz no HBOMax.

Que Horas eu Te Pego? (No Hard Feelings/EUA -2023) de Gene Stupnitsky com Jennifer Lawrence, Ander Barth Feldman, Matthew Broderick, Laura Benanti, Natalie Morales, Scott MacArthur e Ebon Moss Bachrach. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário