Para listar os melhores filmes lançados no Brasil neste ano resolvi utilizar a ordem alfabética. O ano foi preocupante em lançamento cinematográficos, mas entre os lançamentos de 2011 e representantes da safra de 2010 que chegaram atrasados por aqui, a lista ficou assim:
A Árvore da Vida O filme de Terrence Mallick foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes, mas isso não garantia que o filme seria digerido pelo grande público. A Árvore da Vida é uma viagem sensorial sobre a vida e a morte, a gênese e o apocalipse com base nas memórias de uma família da década de 1950. As atuações marcantes de Brad Pitt e Jessica Chastain servem de guia nesta jornada de som, imagens, reflexões e alguma fúria de forma pouco vista no cinema recente. O longa de Mallick beira o experimental e torna-se uma das obras mais impressionantes do início desta década.
Cisne Negro Fazia tempo que Darren Aronofsky merecia um arrasa quarteirão no currículo. Obviamente que os mais antenados sabiam da existência do diretor desde Pi (1998), mas foi com este misto de drama e terror esquizofrênico que o diretor realizou o grande sucesso do início deste ano. Na jornada preparatória da boa moça Nina (Natalie Portman, excepcional) para ser a protagonista de O Lago dos Cisnes, ela terá que lidar com seus medos equilibrando seu lado mais doce com o mais agressivo. As consequências podem ser tão libertadoras como trágicas. Indicado a cinco Oscars (ganhou o de atriz) o filme elevou o cinema pesadelesco de Aronofsky ao status de blockbuster.
Meia-Noite em Paris 2011 ficará conhecido como o ano em que Woody Allen alcançou o seu maior sucesso de bilheteria. Meia Noite em Paris abriu o festival de Cannes deste ano e já era declarado um sucesso. Todo mundo torcia o nariz para a escalação de Owen Wilson para o alter-ego de Allen e depois se rasgaram em elogios para a interpretação do escritor em crise que à meia-noite da capital francesa consegue revisitar o passado da cidade e suas figuras ilustres. O elenco recheado de bons atores (Rachel McAdams, Marion Cotillard, Adrien Brody, Tom Hidleston, Alisson Pill...) conta ainda com a colaboração da primeira dama Carla Bruni em participação especial. Entre a genialidade e a nostalgia o filme é um dos mais cotados às premiações.
Melancolia Ainda em Cannes Lars Von Trier conseguiu ser declarado persona non grata no festival após desastrosas declarações de que era nazista. Francamente, ninguém aprendeu que Trier é um péssimo piadista? Seja como for, seu filme saiu premiado na categoria de melhor atriz com Kirsten Dunst no papel da noiva que vê seu casamento ameaçado pela colisão de um planeta (que dá nome ao filme) com a Terra. Quem imaginava um filme desastre convencional se surpreendeu com as divagações de Trier sobre a depressão. Entre a aceitação do fim e a resistência, Trier demonstra em seu epílogo que o que importa é seu talento para contar histórias que já conhecemos.
Namorados Para Sempre Derek Cianfrance exibiu seu Blue Valentine em Cannes2010, mas os cupidos da vida quiseram que o filme chegasse por aqui somente no dia dos namorados deste ano. Muita gente viu o trailer e achou que o filme era uma fofura, bem... pelo menos só cinquenta por cento era. Com a ajuda de Ryan Gosling e Michelle Williams (indicada ao Oscar) o diretor conta a dissolução de um casal ressignificando acontecimentos do passado. Tudo que era doce, agora aparece enjoativo ou sem sabor. Na edição engenhosa e nas atuações vigorosas de seu elenco, Cianfrance conta uma das histórias mais realistas sobre o início e o fim de um relacionamento. O filme ainda conseguiu ser o favorito de minha mãe entre os lançamentos deste ano!
Não me Abandone Jamais Mark Romanek demorou quase uma década para retornar na direção de um longa metragem. Famoso diretor de video clipes ele teve que lidar com a frieza na recepção de seu Não me Abandone Jamais, baseado no livro de Kasuo Ishiguro. Mistura de romance e ficção científica, muitos criticaram a forma como os personagens aceitavam o seu destino. Desde os primeiros anos na escola (ou você acha que o início na escola é por acaso?) percebemos como a vida do trio formado por Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley não lhes pertence. Mulligan tem uma atuação excepcional e demonstra como a tristeza pode doer de ambos os lados da tela.
Rango Enquanto Shrek chegava à sua quarta edição sem muito fôlego, Kung Fu Panda 2, Carros 2 e Happy Feet 2 disputavam para ver quem tinha a sequência menos desanimadora. Não fosse pelo camaleão psicodélico de Gore Verbinski as inovações no campo da animação teriam passado em branco nos cinemas de 2011. Rango é um camaleão que se perde no deserto e irá ajudar um vilarejo de animais (não propriamente bonitinhos) a ter sua água de volta. Entre inúmeras citações aos filmes de faroeste (e vertiginosas cenas de ação) o filme é de um deslumbramento visual irresistível. Ainda que possa parecer esquisito demais para os pequeninos, Rango é um dos filmes mais divertidos do ano.
Reencontrando a Felicidade Ainda não sei como Nicole Kidman conseguiu ligar o diretor de Hedwig (2000) e Shortbus (2006) a esta adaptação de um renomada peça americana. Rabbit Hole deu a chance de John Cameron Mithcell provar que dá conta de filmes sem temáticas sexuais latentes - e de quebra provou que Kidman ainda é uma das melhores atrizes de Hollywood. Sua atuação como a mãe que tenta lidar com a morte do filho lhe valeu indicações a vários prêmios para espantar a má fase de sua carreira. O mais interessante do filme é como o elenco, o roteiro e a direção dão conta das transformações internas de seus personagens enquanto juntam os cacos para prosseguir.
Toda Forma de Amor Nunca pensei que um filme de Mike Mills ficariam entre meus favoritos, mas seus longas sempre me deram a impressão que não queriam ser inesquecíveis. Toda Forma de Amor é uma guinada em sua carreira, ainda que não seja perfeito, o diretor dá conta de tantos elementos que é notável a sua habilidade em lidar com os dramas de seus personagens. Christopher Plummer merece fazer bonito nas premiações como o pai que assume sua homossexualidade para o filho (Ewan McGregor, no seu melhor papel em muito tempo) e tem que lidar com o tratamento contra o câncer. Essa proximidade da morte, faz com que o filho pense em sua própria vida amorosa com uma atriz (vivida por Mélanie Laurent) e pense sobre a vida ao ler os pensamentos de um... cachorro. Entre o tocante e o inusitado, Mills fez o seu melhor filme.
Tudo Pelo Poder Por pouco o novo filme de George Clooney não fica para a lista do ano que vem! O filme estreou há poucas semanas no Brasil e contou com o apoio de suas quatro indicações ao Globo de Ouro (filme, direção, ator e roteiro) na divulgação. O filme explora como a política pode ser intoxicante a partir do ponto de vista de um porta-voz (Ryan Gosling) de um governador democrata (Clooney) que acredita estar do lado ideologicamente correto até... conhecer uma estagiária (Evan Rachel Wood) que é capaz de acabar com a carreira política do governador. Ainda que mantendo um tom cético, o filme afirma a todo instante que a política é um campo inerente á constituição do ser humano (o que não é pouca coisa).
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