domingo, 18 de dezembro de 2011

FILMED+: Desejo e Reparação

Saoirse, Keira e McAvoy: triângulo amoroso.

Joe Wright tinha só um longa no currículo quando encheu o seu currículo com os elogios de Desejo e Reparação, adaptação do romance de Ian McEwan. Se em Orgulho e Preconceito (2005) há quem julque que o diretor fez uma espécie de continuação da estética de  Razão e Sensibilidade (1995), em Desejo e Reparação o que vemos é um diretor que realmente sabia dialogar com a linguagem clássica do cinema e ambições bem modernas. Quem conhece a escrita de McEwan sabe que as situações costumam ser árduas e quando vemos um casal apaixonado na trama já dá pena! Desde o início somos apresentados ao filho da empregada Robbie (James McAvoy) - sei que parece preconceituoso apresentá-lo assim, mas isso é fundamental para o desenrolar da trama - e Cecile (Keira Knightley, magérrima), a bela e fresca filha mais velha da patroa. Mesmo que Cecile evite demonstrar é evidente sua atração por Robbie e sua irmã caçula, Brionny (Saoirse Ronan), também enxerga o rapaz com outros olhos. Os mais maldosos podem até pensar que se trata de uma questão de poder, de fantasias freudianas, mas a verdade é que a atuação de James McAvoy faz de seu personagem um dos sujeitos mais bacanas que já apareceram num filme. Embora o público torça desde o primeiro momento pelo casal Robbie e Cecile, a protagonista da trama é Brionny, afinal, é a partir de seus ciúmes e impressões que a trama se desenrola. Ela é a principal fonte de um terrível mal entendido que interrompe o possível romance de Robbie e Cecile (some a isso uma cena que viu na fonte da mansão e uma carta comprometedora enviada por engano e terá ideia do que vai acontecer). Depois do mal entendido eles só irão se reencontrar na Segunda Guerra Mundial, ele como soldado, ela como enfermeira - assim como Brionny (agora vivida por Romola Garai). Embora trabalhe novamente com Knightley, a musa de seu Orgulho e Preconceito (2005), as melhores atuações ficam por conta de McAvoy e a precoce Saoirse Ronan que pegaram personagens complicados e desaparecem neles conseguindo expressar suas emoções num simples gesto ou olhar. Apesar da trilha ousada que utiliza sons de datilografia nas melodias, o que mais chama a atenção no filme são as cenas grandiloquentes como o magistral plano sequência dos soldados em meio aos destroços esperando ser resgatados por um navio que nunca chega, a esmagadora cena do beijo projetado ao fundo quando Tommy não aguenta a saudade de Cecile, a antológica cena de trás para frente do reencontro do casal e o final de partir o coração. É neste triste desfecho que temos a noção exata do estrago que uma acusação indevida pode provocar,  a ideia de Wright era sobrepor essa ferida íntima a uma em escala mundial. É neste desfecho repleto de culpa que o diretor conta com a ilustre colaboração de Vanessa Redgrave que indaga que tipo de pessoa sentiria prazer em conhecer uma história tão triste. Seja o livro ou no filme, você pode até achar a história uma tragédia, mas é a forma como é contada que nos dá gosto de conhecê-la. 

Orgulho e Preconceito (Atonement/Reino Unido-2007) de Joe Wright com James McAvoy, Keira Knightley,  Saoirse Ronan, Romola Garai, Benedict Cumberbatch e Brenda Blethyn. ☻☻☻☻

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