terça-feira, 6 de dezembro de 2011

DVD: A Menina que Brincava com Fogo


Noomi: suspense em baixa voltagem.

Apesar de badalado pela crítica Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2010), adaptação do primeiro livro da trilogia Millennium de Stieg Larsson não emplacou nos cinemas nacionais. Será que a adaptação do mesmo livro que David Fincher lança esse mês terá destino melhor? Bem, o fato de ser falado em inglês e ter uma campanha de marketing infinitamente maior deve ajudar. Mas vamos deixar isso para depois. O fato é que o fracasso do filme acabou deixando que os capítulos seguintes da trilogia  fossem lançados diretamente em DVD por aqui. Os fãs da coleção que me desculpem, mas não vejo nada de muito revolucionário na história de um jornalista que investiga crimes contra mulheres e que o caminho sempre cruza com uma hacker punk bissexual. Existe uma atmosfera de suspense envolvente, um bocado de perversões sexuais e... acabou. Se você lembra do meu comentário sobre o primeiro filme deve lembrar que o que mais me interessou no foi a química gerada entre o jornalista Mikael (Michael Nyqvist) e a hacker Lisbeth (Noomi Rapace), se eu disse que o casal vai se encontrar só no final do filme (SPOILER?) dá para imaginar que tive que me esforçar para ver o filme. O longa se concentra mais no passado de Lisbeth Salander e resgata (de forma eficiente) ganchos deixados no filme anterior - o fato de ter incendiado o pai já aparece logo no título e sua relação com o tutor também aparecem para serem passadas a limpo. Coube ao jornalista ter, mais uma vez, Lisbeth em seu caminho ao estar envolvido com uma matéria sobre tráfico humano para a revista Millennium - o que acaba acarretando mortes por envolver nomes que preferem ser mantidos em segredo, mas a culpa recai sobre Lisbeth que passa a ser perseguida por bandidos e investigadores. O diretor Daniel Alfredson demonstra menos desenvoltura narrativa que seu antecessor (Niels Arden Oplev) e prefere cozinhar o suspense até o final em fogo brando. Apesar de existir violência no filme, elas são menos explícitas que as mostradas no filme anterior e quando o assunto é sexo o diretor prefere destacar uma cena de lesbianismo. A Menina Que Brincava com Fogo investe num quebra cabeças e por isso o que já revelei já está de bom tamanho. Vale registrar como o roteiro resgata velhos conhecidos e insere novos personagens na trama (mas isso é mais mérito do livro que do filme), mas fica devendo o destaque para a interessante relação entre Mikael e Lisbeth, enquanto ela vive escondida querendo provar sua inocência, coube a ele somente acreditar nesta alegação. Só o sorriso cansado de Lisbeth para Mikael ao fim já é melhor do que qualquer surpresa do filme. Que venha A Rainha do Castelo de Ar (última parte da trilogia) - já que vai ser moleza para David Fincher refilmar essa sequência (mas antes disso poderemos conferir Noomi Rapace no novo Sherlock Holmes de Guy Ritchie e atestar que seu talento não se sustenta somente no figurino exótico).

A Menina que Brincava com Fogo (Flickan Som Lekte Med Elden/Suécia-Dinamarca-França/2010) de Daniel Alfredson com Noomi Rapace, Michael Nygvist, Sofia Ledarp e Yasmine Garbi.

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