Rachel, Diane e Harrison: os bastidores da manhã televisiva.
A canadense Rachel McAdams é uma das queridinhas de Hollywood, mas sempre que vejo suas participações em bobagens como Uma Manhã Gloriosa lembro de suas discussões com o ex-namorado Ryan Gosling - que vivia dizendo que a moça deveria fazer mais filmes sérios que valorizassem o seu talento. Uma Manhã Gloriosa é um desses longas que você assiste sem muito esforço, não tem novidades ou momentos memoráveis. Você pode rir num momento aqui e outro ali, mas não vai ser o filme favorito de ninguém. O filme passou em branco nos cinemas, recebeu críticas mornas e o bom elenco não atraiu o público. A maior sorte do roteiro (assinado por Alinne McKenna do bom Diabo Veste Prada/2006 e do péssimo Vestida para Casar/2008) foi ter caído nas mãos de Roger Michell que andou fazendo produções sérias depois do sucesso da comédia romântica Notting Hill (1999), aqui ele deve ter sido convidado para dar a mesma carga simpática ao longa. Pena que o resultado beira a decepção. Becky Fuller (McAdams) é uma jornalista recém formada que é contratada para ser diretora executiva de um falido programa matutino na TV o DayBreak. Ao chegar ela fica sabendo que vários já deixaram o programa por não dar conta de fazer a audiência decolar e suportar o temperamental casal de apresentadores. A parte masculina (vivida por Ty Burrel de Modern Family) é logo demitida e precisa ser substituída. A jovem produtora não faz ideia do que soferá quando conviver com o substituto dele, o renomado jornalista Mike Pomeroy (Harrison Ford) que é mais arrogante e rabugento do que o próprio diretor da emissora. Pomeroy é conhecido como a terceira pior pessoa do mundo (muitos apontaram semelhanças entre o personagem e o próprio Harrison, que tem fama de ranzinza) e tudo piora quando o programa apresenta aqueles quadros inúteis que contaminam as emissoras do mundo inteiro. Entre as boas intenções da produtora e os ideais do veterano jornalista, está a ex-miss Colleen Peck (Diane Keaton) que não se incomoda de passar por situações ridículas para alavancar a audiência do programa que apresenta. O maior problema nos dilemas dos personagens é a total falta de criticidade do roteiro que não percebe o processo de idiotização dos programas de TV (está certo que ninguém quer acordar de manhã e ver tiroteios e assassinatos, mas qual a relevância de ver uma senhora beijando um sapo ou de um jornalista ensinando a fazer omelete?), isso torna a composição dos personagens bastante unidimensional. Becky sempre aparece com um copo de café e um celular na mão ou uma torrada e um celular na mão correndo de um lado para o outro enquanto seu namorado (Patrick Wilson que tem talento e pinta de galã, mas nunca decola na carreira) é produtor de um programa de sucesso e vive tranquilo (o engraçado é que o romance é só um detalhe na trama, se tirasse daria na mesma). Diane tem que se contentar em ser uma pateta de meia idade e Ford em ser ele mesmo. De glorioso o filme não tem nada, mas serve para passar o tempo sem exigir muito do cérebro. Quanto ao bom elenco, todos deveriam seguir o conselho de Ryan Gosling!
Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory/EUA-2010) de Roger Michell com Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Patrick Wilson e Jeff Goldblum. ☻☻
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