Anna e Will: O amor é lindo!
Quem está acostumado a ler o diáriw sabe que não sou muito chegado a comédias românticas, mas existem algumas que eu realmente gosto muito. Uma delas é Um Lugar Chamado Notting Hill de Roger Michell, que fez grande sucesso ao ser lançada em 1999 e conta com Julia Roberts entre um grupo de atores britânicos que sabem muito bem o que devem fazer. A história é bem simples: uma super estrela hollywoodiana, Anna Scott (Roberts), quer fugir um pouco da badalação de Los Angeles e se refugia na Inglaterra. Nas suas andanças entre os meros mortais ela acaba conhecendo um dono de livraria que só vende livros de turismo, William Thacker (Hugh Grant), que não a reconhece, mas fica impressionado ao vê-la em sua loja. Um encontro aqui e outro ali e você já sabe o efeito que isso terá sobre o casal. A diferença de Notting Hill para os outros filmes do gênero é que o casal protagonista não ficam brigando por besteirinhas até o happy end, os dilemas da dupla giram em torno da (im)possibilidade de uma estrela se envolver com uma pessoa comum - entre todos os empecilhos que possam surgir (o assédio da imprensa, as crises de egocentrismo, o ciúme, a agenda de filmagens...). Conta muitos pontos a favor a opção de Michell por uma narrativa serena e sem histeria que confere seriedade a uma trama que poderia ser vista como improvável (curiosamente depois desse sucesso, Michell acabou realizando filmes sobre amores impossíveis seja da sogra sessentona apaixonada pelo genro Daniel Craig em Recomeçar/2003 ou o octogenário caindo de amores por uma ninfeta em Vênus/2006). Notting Hill ainda tem a embalagem mais do que agradável com a fotografia de cartão postal de um dos bairros mais charmosos de Londres (Notting Hill) e a trilha sonora agradável aos ouvidos. Reza a lenda que Julia Roberts colaborou no roteiro para deixar sua personagem mais engraçada, já que a considerou pedante demais, e sua química funcionou perfeitamente com Hugh Grant em seu último papel de bom moço.Talvez pelo tom de romantismo com que a história é contada, Julia alcance aqui alguns dos melhores momentos de sua carreira - mesmo que eles nasçam de momentos inusitados como a disputa pelo último bolinho no jantar ou quando tenta recuperar o coração de Will. Além das boas atuações da dupla principal, o filme é auxiliado por um elenco de apoio exemplar formado por atroes ingleses até então desconhecidos do grande público como Rhys Ifans, Gina McKee e Hugh Boneville - os mais famosos Alec Baldwin e Matthew Modine aparecem em participações especiais. Apesar de muita gente achar que se trata de um filme de Julia Roberts como outro qualquee, ele não é. Fique atento aos momentos mais elaborados do diretor, como a passagem do tempo enquanto Will caminha pelo bairro ou o momento em que Anna aparece na tela (em um filme de ficção científica chamado Helix) e parece estar invadindo o coração de Will. Além disso o trato tridimensional que os coadjuvantes recebem é uma raridade em comédias românticas. Sempre que assisto ao filme considero o seu maior trunfo a direção de Michell, afinal o roteiro de Richar Curtis (o mesmo de Quatro Casamentos e um Funeral/1994) quase não sai do lugar comum. No entanto, não são poucos que consideram que se Mike Leigh dirigisse uma comédia romântica, ela não seria muito diferente de Um Lugar Chamado Notting Hill, um desses filmes para ver acompanhado - ou motivar aquela declaração de amor a plenos pulmões.
Um Lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill/EUA-Reino Unido-1999) de Roger Michell com Julia Roberts, Hugh Grant, Rhys Ifans, Richard McCabe, James Dreyfuss e Gina Mckee. ☻☻☻☻
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