domingo, 8 de novembro de 2020

PL►Y: A Mula

 
Clint: fora da lei acima de qualquer suspeita. 

Aos noventa anos Clint Eastwood continua na ativa e embora apontem cada vez mais suas preferências políticas, seus fãs não parecem se importar muito com isso e sempre garantem alguma repercussão aos seus projetos. Para além disso, não deixa de ser curioso que os sete últimos filmes do diretor foram baseados em histórias reais e este A Mula está incluído no pacote. Embora mude o nome do personagem principal, a história é baseada nas ações de Leo Sharp, um veterano da Segunda Guerra Mundial que ganhou atenção ao ser retratada num artigo do The New York Times em 2014 sobre o tempo em que fez transporte de drogas para o Cartel de Sinaloa sem levantar suspeitas, graças à sua aparência inofensiva de senhor de noventa anos. Sharp tinha uma fazenda e administrava seu próprio negócio de floricultor e quando sua vida financeira entrou em crise, se envolveu com o tráfico de drogas. Eastwood faz algumas alterações nesta história e preenche algumas lacunas que o artigo jornalístico não contempla, criando problemas familiares para o seu personagem e incrementa uma relação com o policial que está em seu encalço, além de mudar a cidade de Leo de Detroit para Chicago. Sendo assim, Clint encarna Earl Stone, veterano da Guerra da Guerra da Coreia (outra pequena alteração do filme) que não foi um bom pai e também não se esforçou muito como marido. Com dívidas e com a idade avançada, seu jeito acima de qualquer suspeita começa a servir ao transporte de drogas de um Cartel e o filme passa a misturar drama familiar, investigação policial e até um pouco de comédia.  Clint está ótimo no papel principal, seu jeito de se movimentara ainda mais envelhecido, seu jeito sarcástico e a forma como acolhe as ironias do roteiro são o que conseguem deixar o filme acima da média. Sem julgar seu personagem (que está longe de ser um sujeito exemplar), o filme consegue até nos fazer simpatizar com ele, ainda que ele não seja ingênuo e saiba exatamente a coisa errada que está fazendo. O filme tem lá seus momentos de tensão bem dirigidos e seus tropeços melodramáticos, mas nada que prejudique nossa atenção no decorrer da história. A Mula também tem o acréscimo de dois coadjuvantes de peso: Dianne Wiest como a esposa doente de Earl e Bradley Cooper como o policial responsável pela investigação do misterioso transportador de drogas que deixa a polícia cada vez mais confusa. Particularmente considero que  os momentos em que o magnetismo de Cooper e Clint estão em cena rendem os melhores momentos do filme. Acho que desde que os dois se encontraram nos sets de Sniper Americano a química entre os dois foi instaurada. Adoraria ver os dois juntos mais uma vez num roteiro mais caprichado. 

A Mula (The Mule / EUA - 2018) de Clint Eastwood com Clint Eastwood, Bradley Cooper, Dianne Wiest, Cesar de León, Richard Herd e Megan Leahy. ☻☻☻

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