Cynthia: indicada ao Oscar por salvar um filme.
Harriet Trubman é uma destas personagens históricas que vale a pena conhecer. Nascida com o nome de Araminta Ross em 1823, ela já nasceu na condição de escrava no sul dos Estados Unidos. Embora já houvesse liberdade para muitos negros no país, na região em que ela vivia não havia interesse de mudar a sociedade escravocrata que estava instaurada. Cansada das condições cruéis de sua existência, Mindy (como era chamada na fazenda em que cresceu) conseguiu fugir daquele lugar e mudou de vida ao chegar na Filadélfia, onde conheceu outra realidade com afro-americanos em condições bem diferentes, que lhe ajudaram a regressar àquela região e resgatar seus familiares e amigos. Rebatizada como Harriet, ela se tornou um verdadeiro símbolo da luta contra escravidão e um verdadeiro ícone da luta por igualdade, tendo participação ativa na Guerra Civil na terra do Tio Sam. Falecida em 1913 e uma fama que atravessa gerações, de vez em quando havia interesse de transformar sua jornada em filme. Quando este longa dirigido por Kasi Lemmons (responsável por alguns capítulos da minissérie "A Vida e a História de Madame C. J. Walker” da Netflix) começou a ser exibido, ressuscitaram os tempos em que o projeto rondava as gavetas dos estúdios e que quase saiu do papel ao convidarem Julia Roberts (!!!) para o papel principal - ainda bem que a estrela tem bom senso e sabia que seria completamente estapafúrdio. Lançado no ano passado, Harriet tem como protagonista a ótima Cynthia Erivo, que já demonstrou talento em seus trabalhos anteriores para sustentar uma personagem tão importante. Cynthia se tornou o principal motivo para assistir ao filme, sendo indicada ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Música Original (e quem a assistiu em Maus Momentos no Hotel Royale/2018 sabe que ela canta divinamente). O problema é que diante de uma história tão emocionante, o diretor Kasi Lemmons faz um filme que parece mais uma novela condensada em duas horas de exibição. Sua mão é pesada e tende ao exagero ao se ver preso a um roteiro que se limita a apresentar feitos importantes na vida de sua personagem. O filme dedica pouco tempo a aprofundar sua heroína e os personagens que estão ao seu redor, acontece tudo tão rápido, com uma edição tão estranha e uma fotografia tão televisiva que a produção parece ter sido feita para algum canal pouco caprichoso. A sorte é que quando Cynthia está em cena, nós relevamos todos os tropeços. Algumas atuações também não ajudam, sobretudo quando se trata do herdeiro da fazenda que tem uma verdadeira obsessão por ela (mas que o ator Jow Alwyn não consegue trabalhar com as nuances que tem em mãos) ou da senhora escravocrata (Jennifer Nettles) que tem em suas cenas de desespero os momentos mais risíveis do filme. Harriet tinha uma boa História (assim mesmo, com H maíúsculo) para contar e uma atriz digna de reconhecimentos, mas infelizmente não alcança todas as notas que poderia por comodidade de vários envolvidos.
Harriet (EUA-2019) de Kasi Lemmons com Cynthia Erivo, Janelle Monáe, Leslie Odom Jr, Joe Alwyn e Clark Peters. ☻☻☻
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