quinta-feira, 26 de novembro de 2020

PL►Y: Dia de Trabalho Mortal

 
Gallagher: brincando de resta um. 

James Gunn ficou muito famoso com o sucesso de Guardiões da Galáxia (2014) na Marvel. Da noite para o dia se tornou um diretor que ninguém dava muita bola para um dos nomes mais cobiçados de Hollywood (basta lembrar que ele está na Marvel e fará o novo Esquadrão Suicida para a DC/Warner). Acontece que antes de levar para a tela os heróis pouco conhecidos dos quadrinhos, Gunn tinha uma carreira de filmes que não tinham pudores de ir mais longe do que o bom senso aconselha. Foi assim com seu filme de estreia (com o pezinho no trash) com Seres Rastejantes (2006) e o filme de super-herói tosquinho Super (2010). O roteiro deste Dia de Trabalho Mortal tem muito do que era Gunn antes da fama e, sabendo que agora tem um nome a zelar (e basta lembrar seus comentários antigos no Twitter para lembrar como ele aprendeu esta dura lição) ele acabou cedendo o roteiro para que outro diretor dirigisse. Sábia decisão. Gunn cria aqui uma espécie de releitura daqueles experimentos comportamentais que eram muito comuns nos anos 1960 e 1970, só que de forma mais radical e explícita (basta ver o nome original: The Belko Experiment). Aqui ele coloca um grupo de pessoas trabalhando num prédio no meio do nada diante de um dia de trabalho incomum. Com o prédio lacrado e sem possibilidade de fuga, os funcionários descobrem que terão que matar uns aos outros se quiserem continuar vivos. Sem linhas telefônicas ou internet, eles pensam que se trata de uma espécie de trote e hesitam começar a carnificina, mas a coisa piora quando alguns colegas de trabalho começam a morrer sem motivo aparente. Logo tomam ciência que se trinta pessoas presentes ali não morrerem dentro de algumas horas, sessenta serão assassinadas aleatoriamente. Enquanto alguns tentam arranjar um meio de fugir, outros de escondem e alguns buscam estratégias para evitar a barbárie, logo aparecem os líderes pontuando que empilhar alguns corpos seria algo a ser pensado e até razoável. Eles nem imaginam que o pior ainda está por vir. Se existe algum comentário social na premissa ela logo vai para o espaço quando algumas cabeças começam a estourar (literalmente), mas a graça está no clima de tensão que o diretor Greg McLean instaura pouco depois do início da sessão. McLean também conta com um bom elenco que ajuda muito a termos empatia por alguns personagens e comprarmos o exagero com que lidam com a tensão naquele ambiente de trabalho. Talvez a maior dificuldade do filme seja preparar as reviravoltas para a trama que parece mais um reality show macabro do que um experimento social, mas os fãs de terror e suspense não devem reclamar. Destaque para John Gallagher Jr. no papel do funcionário bom moço em contraponto com Tony Goldwyn (na pele do como o chefe fascista), além de Sean Gunn (irmão de James) e Michael Rooker, atores de Guardiões da Galáxia que aparecem aqui sem aquelas maquiagens pesadas. 

Dia de Trabalho Mortal (The Belko Experiment / EUA - 2016) de Greg McLean, com John Gallagher Jr., Adria Arjona, Tony Goldwyn, Michael Rooker, John C. McGinley, Brent Sexton, Rusty Schwimmer, David Dastmalchian, Brent Sexton e Sean Gunn.  

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