Pike: correspondente de guerra em apuros.
Marie Catherine Colvin nasceu em Nova York no ano de 1956 e formou-se em antropologia pela Universidade de Yale, mas decidiu ser jornalista ao escrever para o The Yale Daily News. Famosa pela sua personalidade forte, se tornou conhecida na Universidade e posteriormente por seu trabalho no jornal britânico The Sunday Times de 1985 até 2012. Famosa por sua carreira como correspondente de guerra, seus artigos foram reconhecidos pelo tom humanitário e sua coragem em esta no meio do fogo cruzado, rendendo vários prêmios internacionais ao longo de sua carreira. No entanto, houve um custo para sua vida pessoal mediante os vários conflitos abordados por ela mesma num famoso artigo da revista Vanity Fair que serve de base para este filme. O documentarista Matthew Heineman tem uma personagem mais do que interessante para trabalhar em sua primeira cinebiografia e conta com a colaboração da sempre dedicada inglesa Rosamund Pike como protagonista. Vale lembrar que Pike tem uma indicação ao Oscar de atuação pelo seu trabalho em Garota Exemplar (2014) e por sua interpretação neste filme foi lembrada no Globo de Ouro de atriz dramática. A atriz tem um trabalho marcante na pele de Marie Colvin e abraça seu temperamento, sua crise nos relacionamentos, seus conflitos perante as atrocidades que testemunha e se despe de glamour conforme sua personagem começa a demonstrar uma deterioração física (cabelo, dentes, pele...) ao se comprometer cada vez mais comprometida com o seu trabalho. O filme mescla a vida pessoal da personagem com seus trabalhos no front e o problema é que o diretor tem problemas para encontrar o ritmo na costura destes momentos. A cadência do filme fica um tanto emperrada e, ainda que seja um renomado documentarista (indicado ao Oscar por Cartel Land/2015), seu talento para captar a realidade com as lentes não é a mesma para reconstituir as cenas de guerra diante da câmera. A imagem treme, corre atrás dos personagens, cai, suja... mas não parece verdadeira, soa ensaiada e até um tanto artificial (assim como alguns diálogos). Existem momentos tensos bem realizados (como a cena que custa o olhos da personagem logo no início ou o desfecho), mas estas são exceções no decorrer da narrativa. Sorte que Rosamund Pike aceita de bom grado a responsabilidade de ser a alma do filme - e seus coadjuvantes tem pouquíssimo espaço para se desenvolver na história. Uma Guerra Pessoal é um filme com tema interessante, mas realizado de forma um tanto irregular (acho que nas mãos de Michael Winterbottom o filme teria um impacto muito maior e interessante), mas que conta com um bom trabalho de sua atriz para capturar nossa atenção por quase duas horas.
Uma Guerra Pessoal (A Private War / Reino Unido - EUA / 2018) de Matthew Heineman com Rosamund Pike, Alexandra Moen, Tom Hollander, Jamie Dornan, Stanley Tucci e Jamie Dornan. ☻☻☻
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