domingo, 15 de novembro de 2020

NªTV: High Fidelity

  
Joy, David e Zoë: amizade, romance e música boa. 

Esta semana foi disponibilizado o último episódio da série High Fidelity no Starzplay (disponível no Brasil pela Amazon Prime Video) que já estreou por aqui sabendo do cancelamento pela sua plataforma de origem, a Hulu. Imagino o desapontamento de Zoë Kravitz ao ter dado a notícia, já que a atriz também é uma das produtoras executivas e responsável por fazer uma das séries mais particulares dos últimos anos. Baseada no sucesso editorial de Nick Hornby, que já virou peça de teatro, um filme delicioso com John Cusack (Alta Fidelidade/2000 dirigido por Stephen Frears) e agora um seriado que fala sobre relacionamentos, mas que transpira paixão pela música. A série tem como maior diferencial de seus antecessores o fato de Rob Gordon agora ser uma mulher, Rob (Zoë Kravitz) que também possui uma loja de discos descolada, também começa a sua história listando os piores cinco foras que tomou na vida e apresentando os dois funcionários que  foram contratados meio de por acaso. Neste processo o Barry vivido por Jack Black no cinema também se transformou em mulher, no caso Cherize (Da'Vine Joy Randolph) e o  tímido Dick (papel que era de Todd Louiso no filme) agora é assumidamente gay, se chama Simon (David H. Holmes) e recebe um episódio somente para ele (um dos melhores da temporada). O melhor destas alterações é que deram novo fôlego para a história, funcionando de forma bastante orgânica no universo que as criadoras Sarah Kucserka e Veronica West  construíram para dar uma renovada na trama (lembrando que o livro é de 1995).  Vale a pena ressaltar que Da'Vine (indicada ao prêmio de revelação aqui no blog por Meu Nome é Dolemite/2019)e David estão ótimos em cena e funcionam como excelente alívio para quando Rob embarca em uma verdadeira crise existencial. A amizade entre o trio recebe maior importância na história e ajuda bastante a encaixar as clássicas listas de cinco melhores no decorrer dos episódios. Zoë Kravitz aqui tem sua atuação mais carismática, sabendo encorpar a sua Rob com qualidades e defeitos, mesmo quando enfrenta dilemas por conta de sua vida amorosa ela é compreensivelmente humana - seja quando não supera o ex-namorado (Kingsley Ben-Adir) ou por hesitar se envolver cada vez mais com o atencioso Clyde (Jake Lacy). Não deixa de ser interessante ver Zoë à frente do projeto, já que é filha do cantor Lenny Kravitz com Lisa Bonet (linda atriz que nunca recebeu o reconhecimento que merece) que aparecia no filme como uma cantora de destaque na trama. Regado à música, com clima bem-humorado e pitadas românticas, High Fidelity também se diferencia por dar mais destaque ao uso de drogas entre seus personagens, o que pode ter levantado polêmicas junto ao público mais conservador. Seja como for, adoraria que a série encontrasse uma nova casa para novas temporadas de dez episódios. Sentirei falta.  

High Fidelity (EUA-2020) de Sarah Kucserka e Veronica West com Zoë Kravitz, Da'Vine Joy Robinson, David H. Holmes, Jake Lacy, Kingsley Ben-Adir, Rainbow Sun Francks e Edmund Donovan. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário