quinta-feira, 5 de novembro de 2020

PL►Y: Rainhas do Crime

 
Tiffany, Elisabeth e Melissa: assumindo os negócios. 

Lembro quando vi o pôster de Rainhas do Crime no ano passado e pensei que os nomes das atrizes já valeriam o ingresso. Particularmente gosto bastante quando a Melissa McCarthy se distancia do papel de comediante, também já confessei várias vezes por aqui o quanto sou fã da Elisabeth Moss. Já Tiffany Hadish foi alçada (merecidamente) ao posto de revelação depois de seu trabalho em Viagem das Garotas (2017) e tem aquele magnetismo que te faz desejar vê-la cada vez mais em papeis interessantes. Com um trio destes a diretora estreante Andrea Berloff já tem meio caminho andado para manter o filme funcionando. Ainda que seja sua primeira experiência como cineasta, Berloff já possui uma indicação ao Oscar por mergulhar no mundo do hip hop com Straight Outta Compton (2015) e aqui demonstra ter uma carreira promissora atrás das câmeras, no entanto, a crítica detonou Rainhas do Crime. Sinceramente, não entendi o motivo de tanta insatisfação. O filme conta a história de três esposas de gangsteres que nos anos 1970, após a prisão deles, precisaram dar um jeito para manter o dinheiro entrando em casa e pagar as contas. Embora as três não tenham experiência no mundo marginal, logo aprendem como a banda toca e  sem medo de cara feia começam a desafiar as regras daquele universo dominado por homens. Para além disso, cada uma tem a sua história para contar. Ruby O'Carroll (Radish) tem que lidar com o racismo dos parentes de seu esposo (James Badge Dale), especialmente da sogra (Margo Martindale) que não faz questão alguma de ser agradável. Enquanto isso, ter o marido atrás das grades faz com que Claire Walsh (Elisabeth Moss) tenha finalmente um pouco de sossego, afinal, são anos de um relacionamento abusivo que já lhe custou até o filho que estava esperando. Já Kathy Brennan (Melissa McCarthy) é a que parece ter o melhor relacionamento com o esposo (Brian D'arcy James), mas isso não quer dizer que a vida seja mais fácil ao ter que lidar com chefes do crime que enxergam no trio uma ameaça crescente. Embora não se aprofunde muito em nenhum dos temas que apresenta, o filme se desenvolve investindo no carisma de suas personagens/atrizes, que começam a apresentar nuances insuspeitas de suas personalidades até então inofensivas. O resultado é um drama criminal temperado com ironia que pode até ser interpretada como bom humor.  A coisa chega a um nível que elas conseguem até ter um capanga com nome de anjo, Gabriel (Domhnall Gleeson) e alguns desdobramentos surpreendentes. Outros destaques da produção ficam por conta da reconstituição de época, figurinos e trilha sonora que geram uma atmosfera bem próxima do que vimos em alguns filmes de Martin Scorsese. Vale lembrar que Rainhas do Crime é baseado na série de quadrinhos do selo Vertigo da DC Comics que é pouco conhecido por aqui. 

Rainhas do Crime (The Kitchen / EUA - Canadá / 2019) de Andrea Berloff com Melissa McCarthy, Elisabeth Moss, Tiffany Hadish, James Badge Dale, Brian D'arcy James, Margo Martindale, Domhnall Gleeson e Common. ☻☻☻ 

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