sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

PL►Y: Skin

 
Bell: skinhead com 53 tatuagens pelo corpo.

Jamie Bell estreou no cinema como o irresistível Billy Elliot (2000), o menino filho de carvoeiros que queria ser bailarino, pelo papel, Jamie recebeu aos quatorze anos o BAFTA de melhor ator. Desde então ele não parou mais de trabalhar e construiu um currículo bastante diverso, que inclui blockbusters (King Kong/2005), polêmicas (Ninfomaníaca: Volume 2/2013), filme de super-herói (Quarteto Fantástico/2015), romances (Jane Eyre/2011), dramas (Estrelas de Cinema Nunca Morrem/2017) e musical (Rocketman/2019), no entanto, me arrisco a dizer que viver o neonazista deste Skin deve ter sido um enorme desafio. Primeiro por conta dos lugares obscuros que precisou explorar para dar vida ao personagem e segundo por conta de sua caracterização física que é por si só bastante agressiva. Skin conta a história real de Bryon Widner, jovem que faz parte de um grupo de supremacistas brancos que ganha força no interior dos Estados Unidos. Bryon tem o corpo coberto por tatuagens com significados racistas, tem grande proximidade dos líderes do grupo (vividos por Bill Camp e Vera Farmiga) que o consideram um filho, além de participar do aliciamento de novos integrantes (geralmente jovens brancos em situação de vulnerabilidade social). Por seu envolvimento com crimes de ódio, Bryon torna-se procurado pelo FBI e sua situação só tende a piorar, pelo menos até ele conhecer Julie Price (a sempre competente Danielle MacDonald), ex-integrante do grupo que já passou por maus bocados com suas quatro filhas. Bryon se aproxima dela depois de envolver-se em mais um ato execrável com seus parceiros e começa a ser perseguido por um homem (Mike Colter) que acredita que ele pode mudar de verdade. A vida de Bryon foi retratada em um documentário e aqui ganha tratamento de drama independente que não foge muito dos padrões, todo mundo já sabe que Widner enfrentará problemas quando seu contato com a polícia começar a ser recorrente e o grupo desconfiar que ele possa falar mais do que é permitido. Afastar-se do grupo também é visto com maus olhos, mas se ele planeja ter sossego e mudar de vida junto à família que escolheu terá que assumir este risco. O diretor Guy Nattiv consegue construir uma atmosfera tensa durante o filme, exalando uma certa tristeza com a fotografia esverdeada e as paisagens que aparecem na tela. A trama é intercalada com as cenas de seu protagonista retirando as 53 tatuagens (14 no rosto e 39 pelo resto do corpo) como um marco de sua transformação pessoal, mas se o filme não traz novidades sobre o tema, ao menos consegue construir uma narrativa contundente sobre este tipo de personagem com a mesma desenvoltura de A Outra História Americana (1999), que se tornou um marco no gênero. Com o bom trabalho de seus atores, Skin pode ser chocante para os estômagos mais sensíveis, mas é extremamente necessário para conhecer um pouco mais sobre estes grupos que crescem assustadoramente no século XXI. 

Skin (EUA-2020) de Guy Nattiv com Jamie Bell, Danielle MacDonald, Bill Camp, Vera Farmiga, Mary Stuart Masterson, Mike Coulter e Russell Posner. ☻☻☻

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