A patota: humor para sobreviver ao suicídio de um amigo.
Recentemente este filme de Lawrence Kasdan recebeu uma nova versão em DVD e Blu-Ray fazendo com que fosse revisto por muita gente - que gostou de constatar que o filme não envelheceu. Talvez a sua temática (um reencontro de amigos) tenha colaborado para esse efeito positivo ao passar do tempo - além disso não é todo dia que podemos ver um grupo de atores veteranos do porte de Glenn Close, Willian Hurt, Kevin Kline e Tom Berenger juntos (e jovens) num filme. Apesar de ter um pretexto fúnebre (o enterro de um amigo que se suicidou) a tristeza se concentra principalmente no funeral já que depois o humor faz-se sempre presente. O clima fúnebre é logo quebrado pela irônica inserção dos Rolling Stones entoando You Can't Always Get What You Want e o que vemos em seguida é uma reunião de amigos que terão de conviver por alguns dias para aliviar a tristeza e colocar o papo em dia (além de vivenciar o luto e reavaliar os rumos que suas vidas tomaram). O elenco dedicado faz com que a plateia se sinta próxima daquele grupo que atravessou os ideais da década de 1970 - e a rotina de drogas e sexo livre. Sem moralismos conhecemos o casal feliz Sarah (Glenn Close) e Harold (Kevin Kline), que serve de anfitrião para os amigos que ainda tentam digerir a perda. Entre os amigos estão a casada entediada Karen (JoBeth Williams), a defensora pública arrependida Meg (Mary Kay Place), um ator famoso chamado Sam Weber (Tom Berenger), o jornalista Michael (Jeff Goldblum) e o misterioso Nick (William Hurt) - que suspeitam ter problemas com a compra e venda de drogas. Ao grupo se junta ainda a namorada do falecido - a jovem Chloe (Meg Tilly) que serve como contraponto às frustrações que o grupo tenta disfarçar com as piadinhas constantes. Existem muitos diálogos bem humorados durante o filme - o que o faz parecer uma sitcom condensada em duas horas de duração. Isso não chega a ser um defeito, já que a produção sempre evita a baixaria e o exagero, mesmo quando alguns amigos resolvem dar em cima da viúva do morto ou uma das amigas resolver engravidar de qualquer um dos presentes. A graça do filme é que entre uma piadinha e outra existe uma alfinetada, uma tensão ou desconforto que anuncia que a roupa suja poderá ser lavada a qualquer instante. É interessante notar como o roteiro utiliza esse encontro para apresenta-los através das relações que existem entre eles, dos ideais que ficaram pelo caminho, da solidão, da culpa pelo que não pode ser mudado... Kasdan tenta dar equilíbrio aos personagens, mas é evidente que alguns acabam recebendo mais destaque - e entre todos eles é Jeff Golblum que menos explora o que tem nas mãos. Fiquei surpreso com a atuação de Tom Berenger como um astro construído com bastante leveza, enquanto Glenn Close sempre deixa os segredos de sua personagem prestes a chegar à superfície. Mesmo na hora que os personagens resolvem lavar a roupa suja, Kasdan opta por uma elegância temperada com nostalgia e tristeza. O Reencontro é uma dramédia das mais bem sucedidas - e ainda recebeu indicações ao Oscar de Filme, roteiro original e atriz coadjuvante (Glenn Close), além de ter entrado na lista do dez melhores filmes daquele ano e ter levado para casa o prêmio de melhor filme no Festival de Toronto. Na minha modesta opinião é a melhor produção assinada por Lawrence Kasdan.
O Reencontro (The Big Chill/EUA-1983) de Lawrence Kasdan com Glenn Close, William Hurt, Kevin Kline, Tom Berenger, Jeff Goldblum, Meg Tilly, Mary Kay Place e JoBeth Williams. ☻☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário