5 A Cela (2000) Sei que muita gente vai estranhar esse thriller protagonizado por Jennifer lopez na lista, mas francamente, um ano depois de invadirem a mente de John Malkovich resolveram fazer o memso com a mente de outra pessoa. A ideia do roteirista Mark Protosevich é bem simples: misture Quero Ser John Malkovich (1999) com O Silêncio dos Inocentes (1991) e você terá A Cela. Ao invés de vasculhar o inconsciente de um ator, aqui J.Lo encarna uma psicóloga capaz de entrar na mente de seus pacientes para desvendar seus transtornos - no caso um serial killer que não deixou vestígios de onde escondeu sua última vítima. O diretor Tarsem Singh (então famoso pela direção do vídeo Losing My Religion do REM) comprova aqui que tem mãos estilosas para construir cenários e alegorias - e também demonstra bom gosto para o elenco (Marianne Jean Baptiste, Vincent D'Onofrio é o doido mais uma vez e Vince Vaughn consegue ser sério). Faltava só amadurecer um bocado na condução da trama confusa e cheia de buracos.
4 Eu Amo Huckabees (2004) Antes de dirigir o oscarizável drama de ringue O Vencedor (2010), David O. Russel dirigiu essa comédia maluca sobre um poeta que só pensa em salvar o mundo (Jason Schwartzman) que contrata uma dupla de detetives birutas (Lilly Tomlin e Dustin Hoffman) que investiga a crise existencial de seus clientes. Puro pretexto para uma trama sem muito sentido sobre metafísica e crítica ao consumismo. Na parte metafísica ainda contamos com a francesa Isabelle Huppert bancando uma analista concorrente dos detetives e na parte "consumista" temos Jude Law e Naomi Watts como um casal em crise. No meio das duas tramas está Mark Wahlberg como um bombeiro romântico e bem intencionado. O começo interessante vai cansando pela falta de sentido e quando chega ao final nos perguntamos sobre o que era o filme mesmo? Pois é, nem todo diretor é Spike Jonze (nem todo roteirista maluco é Charlie Kaufman).
3 Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004) Este parece um filme de Spike Jonze, mas não é. Após duas parcerias com Jonze, Charlie Kaufman engatou seu segundo trabalho com o diretor francês Michel Gondry (a outra foi em Natureza Quase Humana/2001), que, assim como Jonze, também ficou conhecido no meio dos video clipes. Kaufman escreveu uma verdadeira ode à dor de cotovelo! Joel (Jim Carrey, na atuação de sua vida) ainda tenta se recuperar do fim de seu namoro com a maluquete Clementine (Kate Winslet) quando ele descobre que ela participou de uma experiência neurológica onde o apagou completamente da memória. Raivoso com a situação, ele resolve fazer o mesmo, mas no meio do caminho descobre que há lembranças que merecem ser guardadas. O roteiro sentimental recebe tratamento amalucado nas mãos de Gondry e o resultado foi um dos filmes mais aclamados do ano - ganhador do Oscar de roteiro original e indicado ao prêmio de atriz. Completam o elenco Tom Wilkinson, Elijah Wood, Mark Ruffalo e Kirsten Dunst.
2 Synedoque Nova York (2008) Basta saber que Kaufman não se contentava em ser roteirista e que absorvia (e sugeria) a forma como Jonze conduzia as coisas no set de Quero Ser John Malkovich /1999 para saber os rumos que sua carreira tomariam. Ao dirigir seu primeiro longa metragem, Kaufman teve que amargar críticas severas quanto sua habilidade na direção. O filme conta a história de um dramaturgo (Phillip Seymour Hoffman) que tem a ambição de criar uma épica montagem teatral que reproduza os rumos da vida. Além de contratar atores para interpretar as pessoas que cruzaram seu caminho, sua ideia se torna tão complicada que começa a inserir atores que interpretam os atores que trabalham na peça. Deu para entender? A trajetória do personagem mostra-se uma jornada impossível de ser completada e que se torna um grande transtorno quando ele não consegue distinguir realidade e ficção. Uma ideia tão complicada que Kaufman acreditou que só ele conseguiria levar para a telona (com ajuda de Michelle Williams, Emily Watson, Diane Wiest...) - no entanto, todo mundo disse que nas mãos de Jonze teria feito muito mais sentido.
1 Mais Estranho que a Ficção (2006) E se os personagens de uma obra de ficção realmente existissem? E se todos somos personagens da obra que alguém está escrevendo? Essas duas ideias formam o motor desse filme de Marc Foster protagonizado por Will Ferrell. Will é Harold Crick, funcionário da receita federal que um dia escuta uma voz feminina narrando suas ideias, ações e sentimentos com precisão. Não bastasse somente ele ouvir essa voz, ele ainda descobre através dela que o dia de sua morte está chegando. Desesperado, Harold procura ajuda e acaba descobrindo que é o personagem de uma renomada escritora e... o roteirista Zach Helm consegue construir uma história menos hardcore do que a dupla Jonze/Kauffman, mas que consegue fazer todo sentido em meio à confusão que se anuncia - cortesia da direção sempre confiável de Foster. A ideia é tão boa que atraiu atores ilustres como Dustin Hoffman, Emma Thompson, Queen Latiffah e Maggie Gyllenhaal, mas a semelhança com o universo Jonze/Kauffman lhe custaram a indicação ao Oscar. Mas de todos os filmes amalucados que seguem a trilha de Spike, este é o melhor.
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