Landes e Gibbs: data mística e missão divina.
Em alguns filmes de terror o que mais me assusta é a preguiça de criar um roteiro que preste. Às vezes o texto parte até de uma ideia interessante, mas o autor não faz a mínima ideia de como desenvolvê-la. Exemplo disso é 11-11-11, mais um filme que explora o fascínio do ser humano pelos números. Se você entende porque a humanidade achava que o mundo iria acabar no ano 2000, tem calafrios quando vê 666 estampado em algum lugar, foge do número 13, acreditou naquela balela do filme(co) 23 com Jim Carrey ou fica intrigado com a série Numb3rs, sabe exatamente do que estou falando. 11-11-11 se refere à data ocorrida no ano passado, onze de novembro de 2011 (na qual o filme foi lançado), uma data que poderia ser como outra qualquer se alguns esotéricos não acreditassem que ela abre um portal para um universo paralelo. Isso pelo menos é o que começa a rondar a cabeça do cético Joseph (Thimothy Gibbs), que começa a perceber como o número onze faz-se presente nas mortes de sua família (inclusive ao marcar a hora, os minutos e até os segundos do ocorrido. Joseph é um escritor que ainda amarga o fato de um fã maluco matar sua esposa e filho - e deixar sua vida numa espécie de limbo. Em busca de algum conforto ele procura o irmão, Samuel (Michael Landes), um líder religioso em Barcelona. A temporada que poderia ser agradável já começa a complicar quando as diferenças entre o cético e o religioso começam a aparecer - e pioram bastante quando Joseph percebe que a casa do mano é assombrada por criaturas de mantos negros e rostos que parecem gárgulas. Os monstrengos até que assustam e a fotografia (muito) escura pode colaborar para aqueles que acreditam que ter medo é não enxergar nada, mas o roteiro começa a ficar cada vez mais preguiçoso, repetindo situações e perdendo tempo com explicações puramente didáticas. Quando Joseph descobre que tem uma missão divina a coisa parece que vai melhorar, mas... O filme perde a chance de explorar o que sua temática e as relações entre personagens promissores (como Wendy Green na pele de uma amiga que transpira desejo por Joseph ou a governanta misteriosa de Angela Rosal), preferindo criar sustos fáceis com com monstrengos que aparecem e desaparecem, alguns barulhos e uma conspiração que nunca fica muito clara. Mas o maior estranhamento está na cena final onde o editor resolveu recapitular tudo que aconteceu no filme para dizer que a reviravolta absurda era anunciada o tempo todo. Frases que pareciam soltas, olhares misteriosos e todo o resto recebe um novo significado aos olhos do expectador que precisa engolir a produção dizendo que ele não tem capacidade de entender o que está vendo. Ainda que possua o maior flashback explicativo dos últimos anos, 11-11-11 ainda deixa várias pontas soltas no seu pseudo-final que parece anunciar uma continuação (que deve ser lançada no dia doze de dezembro desse ano?). Se o diretor Darren Lynn Bousman (que assinou a franquia Jogos Mortais desde o segundo episódio) queria provar que conseguia ser mais sutil, ele ficou pelo meio do caminho.
11-11-11 (EUA-Espanha/2011) de Darren Lynn Bousman com Timothy Gibbs, Michael Landes, Angela Rosal e Wendy Green. ☻
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