Murray: desanimado até na cama com Sharon Stone!!!
Jím Jamursch é mais do que um cineasta, trata-se de um ícone cultuado por vários diretores moderninhos (Sofia Coppola, inclusive). Vou ser honesto e dizer que nem sempre seus filmes me agradam e essa impressão se manteve quando comecei a assistir Flores Partidas que (ironicamente) passou no último domingo para celebrar o Dia dos Pais. O que motivou a vê-lo foi menos o diretor e mais o elenco. No fim das contas ver um filme com Tilda Swinton, Sharon Stone, Jessica Lange, Frances Conroy e Julie Delpy me interessou até mais do que a presença de Bill Murray. Na época, Murray ainda saboreava sua primeira indicação ao Oscar por Encontros e Desencontros (2003) de Sofia Coppola (e seu namoro com o público se intensificou ainda mais quando vimos as lágrimas em seus olhos ao perder o prêmio). Aqui ele consegue fazer do seu personagem Don Johnston (um trocadilho com o galã das antigas Don Johnson?) ainda mais apático do que o astro de cinema do filme anterior. Apesar de sua apatia Johnston coleciona casos amorosos - e dinheiro não lhe falta para isso. Ainda assim, ele não se apega a ninguém, não demonstrando grandes reações nem quando perde a companhia de Julie Depy (!?). Me incomodou bastante como o filme abraça essa indiferença da vida de Johnston, uma existência tão oca que parece se manter no vácuo apenas por não ter nada melhor para fazer. Sua melhor companhia acaba sendo o vizinho (Jeffrey Wright) que, sendo fã de livros policiais, motiva o amigo a embarcar na maior aventura de sua vida depois que Johnston recebe uma carta anônima dizendo que possui um filho com uma de suas ex-namoradas. Esta revelação é motivo suficiente para que Don saia (um pouco) de sua inércia e procure um pedaço de sua história que ficou para trás, antes mesmo de vivenciá-lo. A tal carta pode ter sido escrita por qualquer uma de suas ex-namoradas - e tirando uma que faleceu, sua jornada promete ser longa. Pistas? Ele tem pouco mais do que encontrar papel rosa semelhante ao da carta e uma amostra de caligrafia para descobrir quem é a mãe de seu herdeiro. É estranho que Jamursch tempere uma comédia com tristeza, melancolia e indiferença centrada numa figura sem sal como Don, sorte que a coisa acaba funcionando quando entra em cena as ex-namoradas do personagem. Como mulheres tão interessantes puderam se interessar por ele? É curioso ver a química daquele sujeito com cada uma delas (passando pela terapeuta de animais vivida por Jessica Lange, uma sexy Tilda Swinton morena, a mamãe prafrentex vivida por Sharon Stone - cujo a filha é uma espécie de Lolita - , a comportada Frances Conroy...). Obviamente que a tal busca do filho é um trote do diretor, já que no meio do caminho isso é o que menos importa para o desanimado Johnston. Na primeira olhada o filme parece um exercício de paciência ao espectador, mas se você fficar atento aos contrastes que o roteiro apresenta e captar suas ironias você vai ver como o filme consegue ser interessante em sua simplicidade. Só para não perder o hábito de motivar as pessoas a me tacarem pedra na rua, aqui já estava na hora de Murray parar com essa mania de tentar imitar Terence Stamp (o veterano que não se animava nem quando fez uma drag-queen em Priscila-A Rainha do Deserto/1994), aqui sua apatia proposital chegou ao auge do (in)suportável.
Flores Partidas (Broken Flowers/2005) de Jim Jamursch com Bill Murray, Jeffrey Wright, Sharon Stone, Frances Conroy, Jessica Lange e Julie Delpy. ☻☻☻
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