Nascido Michael Corbett Shannon no estado de Kentucky (EUA) em 1974, o pequeno Michael teve que dividir sua vida entre sua cidade natal, Ilinois e Chicago após o divórcio de seus pais. Ele começou a carreira de ator protagonizando um clipe da banda de Every Mother's Nightmare chamado "House of Pain" de 1993. No video, o ator vivia um jovem que fugia de uma vida cheia de abusos. Curiosamente nascia ali um tipo que encarnaria nos papéis mais importantes de sua carreira: o problemático. Neste mesmo ano teve o seu primeiro papel (pequeno) no cinema no filme Feitiço do Tempo ao lado de Bill Murray preso no dia da marmota. No teatro as coisas eram melhores. Foi na década de 1990 que Shannon se tornou um dos fundadores da companhia Red Orchid, com a qual começou a chamar cada vez mais atenção. No cinema teve que se contentar com papéis pequenos em filmes como o fracasso Reação em Cadeia (1996) e Hellcab (1998). A coisa começou a melhorar quando o filme de pequenas histórias Jesus' Son (1999) chamou a atenção da crítica - entrando em algumas listas de melhores daquele ano. A trama era baseada nos contos de Dennis Johnson e foi premiado em Veneza com o Leão de Ouro e o Prêmio Ecumênico. Em meio a nomes como Holly Hunter, Samantha Morton, Dennis Hooper e Jack Black, Shannon o destaque para que os produtores o colocassem em filmes de maior repercussão como Tigerland (2000) e a comédia Cecil Bem Demente (2000). Enquanto a carreira no teatro ia bem, chovia papéis de coadjuvante em filmes de grande apelo na mídia - como Pearl Harbour (2001), Vanilla Sky (2001) e 8 Mile (2002). Mesmo com os trabalhos como ator, o cara arranjou tempo de montar uma banda, a Corporal - e ainda ser o vilão do bobinho Kangaroo Jack (2003). Quando apareceu nos cinemas em Bad Boys II (2003), o ator estava prestes a encarnar um dos seus personagens mais marcantes na peça Bug (2004) - a perturbadora obra de Tracy Letts. A atuação de Michael Shannon era tão perturbadora como Peter Evans que quando William Friedkin (de O Exorcista/1973) resolveu filmá-la não imaginou outro ator na pele do homem que acredita ter participado de estranhas experiências militares com insetos. Lançado em 2006, o filme não fez o sucesso esperado, afinal, se tratava de um filme de terror desagradável de se ver. Para piorar o filme recebeu por aqui o nome enganoso de Possuídos... mas o público não estava preparado para acompanhar a deterioração física e mental dos personagens vividos por Shannon e Ashley Judd. Em 2006 o ator ainda conseguiu papéis importantes nos filmes de Oliver Stone (As Torres Gêmeas) e encarnou um homem que acreditava na supremacia da raça branca em Let's go to Prison. No ano seguinte Hollywood lhe reservou papéis em Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, o último e aclamado filme de Sidney Lumet (pelo qual recebeu o prêmio Gotham de Melhor Elenco), o micado último filme de Curtis Hanson (Lucky You) e a participação no primeiro filme do cineasta Jeff Nichols (Shotgun Stories). Aos poucos, Shannon foi conquistando mais espaço com seus tipos estranhos. Só faltava o papel certo para que seu talento ganhasse projeção. Esse papel veio pelas mãos de Sam Mendes em Foi Apenas um Sonho (2008). No filme, Shannon interpretava um homem considerado louco que gosta de dizer umas verdades inconvenientes ao casal de vizinhos - vivido por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. Pela atuação intensa, Shannon foi indicado a vários prêmios de coadjuvante, inclusive o Oscar. Depois da indicação foi o protagonista do indepentende Pessoas Desaparecidas (2009) e firmou parceria com o renomado diretor Werner Herzog no remake de Vício Frenético (2009) e My Son, What Have you Done? (2009). Ainda que em 2010 tenha participado da aguardada (e fracassada) versão da HQ Jonah Hex e da biografia da banda The Runnaways (numa atuação curiosa como o lendário produtor Kim Fowley), foi na TV que Shannon encontrou seu melhor papel daquele ano. Na série Boardwalk Empire, produzida por Martin Scorsese, Shannon interpreta um agente federal protestante que não hesita em utilizar a violência para servir a lei. Com as gravações da série, o ator ainda encontrou tempo de gravar um CD com sua banda (lançado em 2010), participar do filme menos badalado de Marc Foster (Redenção/2011) além de dois longas exibidos no festival de Cannes. Um deles foi o drama criminal O Retorno (ainda inédito por aqui) e o outro o colocaria no rumo das premiações mais uma vez. O Abrigo é sua segunda parceria com Mike Nichols e lhe valeu vários prêmios da crítica (Nova York, Chicago, Ohio, Toronto, San Diego) e indicações. O Oscar acabou deixando o cara de fora, mas a atuação de Shannon como um misto de louco e profeta foi uma das mais marcantes do ano passado. A parceria com Nichols funciona tão bem que Shannon já está no novo filme dele, "Mud", exibido em Cannes2012 e que já é cotado como um dos favoritos aos prêmios do ano. O ator ainda vai aparece nas telas ao lado do ciclista vivido por Joseph Gordon Lewitt e - se você ainda não se convenceu que o cara é bom - espere até vê-lo no thriller Iceman ao lado de Winona Ryder e Benicio Del Toro ou na sua aguardada versão do General Zod para o novo filme do Superman dirigido por Zack Snyder. Michael Shannon ainda vai estar entre os seus atores favoritos.
Shannon em Possuídos: dos palcos para a tela.
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