Drácula e seus amigos: injustiçado no Oscar.
Os animadores resolveram investir em duas novidades que flertam com o sobrenatural em 2012, Hotel Transilvânia e Paranorman (não vou contar Frankenweenie, já que é baseado num curta de Tim Burton). Hotel Transilvânia chegou a ser indicado ao Globo de Ouro, mas foi Paranorman que teve fôlego para chegar ao Oscar. Talvez por ser mais engraçado, Hotel Transilvânia tenha recebido o desprezo da Academia, já que Paranorman é mais pretensioso, menos engraçado, muito mais histérico e sombrio. Paranorman parece uma versão em animação de O Sexto Sentido - eu consegui identificar várias referências ao (já clássico) filme de M. Night Shyamalan. Além de ter um garoto que vê gente morta como personagem principal, o filme parece pegar o fio da meada naquele dia em que o amigo de Bruce Willis revela que a escola era um espaço usado para condenar criminosos à morte. Em Paranorman, o garoto é igualmente considerado esquisito por todo mundo, inclusive pela família (menos por um moleque gorducho que é perseguido na escola - nem todo mundo pode ter a atenção de uma Toni Collette materna...). No entanto, Norman sabe que ver espíritos é uma coisa quase genética, já que seu tio esquisito tem o mesmo dom. Pois é esse tio que irá revelar que o moleque tem a missão de acabar uma maldição que ameaça a cidadezinha em que vivem há séculos. Como é muita responsabilidade para um garotinho as coisas acabam não saindo como o planejado e alguns mortos aparecem vagando pela cidade só para atrapalhar. Apesar do visual estiloso eu não curti muito o filme, achei tudo exagerado demais, frenético demais e o resultado ficou cansativo em bater sempre nos mesmos sustos infantis em torno do pequeno Norman. Acho que Hotel Transilvânia é muito melhor! A começar por misturar personagens clássicos do terror com um toque mais contemporâneo (o lobisomem estressado de gravata e uma penca de filhotes, um Drácula elegante e superprotetor...), além de destilar piadas inspiradas sobre esses personagens. A trama é baseada na ideia de Conde Drácula criar um Hotel para abrigar todos os monstros que estão cansados de ser perseguidos pelos humanos - inclusive a sua filha, Mavis. Além de contar com esse apelo irresistível aos amigos Lobisomem, Frankenstein, Homem Invisível e Múmia (entre muitos outros), Drac (para os íntimos) cria uma campanha de marketing ferrenha que acirra a rixa entre os homens e os monstros. Esse marketing com cara de farsa, acaba correndo risco de ser descoberta quando perto do aniversário de 118 anos de sua filha adolescente (?!), um mochileiro vai parar no hotel e pensa que está numa festa à fantasia (mesmo que por pouco tempo). Desde o início sabemos que vai rolar um clima entre Mavis e o animado Johny (que se disfarça de primo de Frankenstein, o Johnystein) nos preparativos para a famigerada festa de aniversário. Além das piadas bem sacadas (como Drácula explicando que é alérgico a alho ou que morre com uma estaca no coração, assim como qualquer pessoa) e a construção de personagens carismáticos, o filme ainda consegue tocar de forma eficiente questões sobre preconceito com aquela leveza que só as animações são capazes de alcançar. Inspiradamente animado, Hotel Transilvânia conquista fãs de todas as idades - já Paranorman parece nunca se definir para que público se direciona e se transforma na animação mais tediosa que já vi a flertar com o sobrenatural, sua ideia é até interessante, mas o diretor Chris Butler não faz a mínima ideia do que fazer com ela.
Paranorman: sexto sentido em animação?
Hotel Transilvânia (EUA/2012) de Genndy Tartakovsky com vozes de Adam Sandler, Kevin James, Fran Descher, Selena Gomez, Andy Samberg, Steve Buscemi e Kevin James. ☻☻☻
Paranorman (EUA-2012) de Chris Butler com vozes de Kodi Smit McPhee, Anna Kendrick, Christopher Mintz Plasse, Casey Afleck e Leslie Mann. ☻☻
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