Stine Fischer: a prima alemã de Cisne Negro.
Não lembro quando, nem quem foi que disse certa vez que gostava de ser atriz por que gostava do sentido "esquizofrênico" da profissão. Acho que o diretor e roteirista alemão Christian Schwochow também ouviu isso quando teve a ideia de escrever Die Unsitchbare (que traduzindo seria algo como A Invisível). O filme lembra um pouco Cisne Negro (2011) de Darren Aronofsky ao acompanhar o desgaste físico, mental e emocional de sua protagonista enquanto cria um personagem. No mesmo ano em que Natalie Portman buscava em si as sensações que dessem vida ao lado mais obscuro de sua personagem, Stine Fishcer Christensen tem que fazer o mesmo quando sua tímida personagem tem que dar conta da protagonista da peça Camille - uma adolescente que foi molestada pelo pai na infância e que se diverte num processo autodestrutivo com múltiplos parceiros. A personagem não poderia ser mais diferente do que sua intérprete: Josephine Lorenz. Morando com a mãe e a irmã deficiente, Josephine parece cansada da vida, tão cansada que até adormece em cena numa apresentação de sua escola de teatro. Naquela noite, seus colegas estavam animados com a presença de um produtor de que buscava atores desconhecidos para compor o elenco da peça Camille. Chamada para o teste, Josephine chama a atenção do renomado Kaspar Friedman (Ulrich Noethen) diretor que fica instigado com sua timidez e o potencial que está escondendo, aparentemente é por esse motivo ela é a escolhida para o papel principal. Conforme o diretor molda sua estrela, Josephine começa a buscar as emoções de sua personagem nas ruas, tendo coragem para assediar um vizinho pelo qual nutria uma paixão platônica há tempos - usando o figurino de sua personagem (até a peruca loura) e suas falas. A partir daí, o filme mergulha lentamente na confusão mental de Josephine, que quanto mais se aproxima da personagem, mais começa a questionar a sua estrutura familiar e os motivos pelo qual foi escolhida para ser a protagonista da peça. Friedman testa cada vez mais os seus limites e a jovem mergulha nas provocações alcançando momentos angustiantes no seu processo criativo de composição (gosto bastante quando a personagem se irrita com a trilha sonora e ataca um dos coadjuvantes que toca violino). O incrível é que ainda que seja um filme rodado da forma mais tradicional possível, o cineasta oferece momentos realmente perturbadores para a sua plateia, as cenas parecem mostrar que somente através de Camille que Josephine consegue ser vista (pelos outros e por si mesma). Apesar de alguns exageros - e o uso de vários clichês que também eram vistos em Cisne Negro, mas que Chwochow nem sempre conseque manipular como gostaria - Die Unsichtbare consegue um resultado honestamente cru sobre o processo criativo de um artista. Nessa empreitada o elenco ajuda bastante, especialmente Stine Fisher Christensen que passa de uma garota sonolenta para uma mulher à beira de um ataque de nervos em menos de duas horas!
Die Unsichtbare (Alemanha/França-2011) de Christian Schwochow com Stine Fishcer Christensen, Ulrich Noeten, Dagmar Manzel, Ronald Zehrfeld e Ana Maria Mühe. ☻☻☻
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