Murphy: brincando de Arquivo X.
Não sei como vocês tem lidado com filmes metidos a ter finais surpresas, mas eu já estou de saco cheio dessa palhaçada. Some isso ao fato da avalanche de filmes com "paranormal" no título que a coisa só piora! Lembro quando vi o trailer de Poder Paranormal e fiquei até animado com algumas cenas - especialmente pelo elenco: Robert DeNiro, Sigourney Weaver e Cillian Murphy. O diretor Rodrigo Cortés foi mais do que eficiente no claustrofóbico Enterrado Vivo (2010), mas aqui ele prefere fazer um suspense irregular que evidencia sua ingenuidade como autor e diretor. Existem cenas e diálogos em que um pouco mais de pulso não faria mão ao clima desejado em cena. Há tantas explicações e divagações sobre os eventos paranormais investigados pelos personagens que a coisa começa a ficar repetitiva antes da metade e o que interessa parece nunca entrar em cena. Cortés já diz logo ao que veio desde o início, quando o personagem de Murphy afirma que o grande truque do ilusionista é desviar o olhar da plateia do ponto em que está realizando a sua mágica (ok, já ouvi isso antes). Murphy encarna Tom Buckley o assistente nas pesquisas da renomada Margareth Matheson (Weaver), uma cética estudiosa que busca explicações para os fenômenos paranormais que aparecem em seu caminho. Embora tenha explicação para tudo, o clima fica estanho quando um célebre cego paranormal chamado Simon Silver (DeNiro) aparece depois de trinta anos de reclusão e as especulações sobre sua figura polêmica começam a aparecer na mídia. Tudo aponta para um confronto de Matheson com Silver, mas ela aparentemente foge desse aguardado encontro - embora Buckley a pressione para que isso aconteça. Cortés ainda tempera sua trama com toques religiosos (caminho aberto pelo filho de Margareth, que vive através de aparelhos há anos) e simbologias sobre a busca por uma verdade - que pode causar conforto de uma forma e de outra pela fé ou pela dúvida. Embora o elenco seja eficiente - o filme ainda conta com Elizabeth Olsen (a melhor atriz da família Olsen como um flerte de Buckley), Toby Jones como um pesquisador que faz o oposto da dupla Buckley/Matheson e Joely Richardson como a agente de Silver - o roteiro dá mais voltas do que deveria para chegar onde queria. Entre eventos inexplicáveis que parecem golpes, alguns sustos e mortes misteriosas, o filme até consegue prender a atenção do espectador que quer saber o que está acontecendo. A satisfação deveria ficar por conta do final SURPRESA que pode agradar tanto quanto decepcionar. Eu me decepcionei, mas acredito que há quem goste de ser feito de bobo por quase duas horas.
Poder Paranormal (Red Light/EUA-2012) de Rodrigo Cortés com Cillian Murphy, Sigourney Weaver, Robert DeNiro, Elizabeth Olsen, Joley Richardson e Toby Jones. ☻☻
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