ANG LEE (As Aventuras de Pi) teve a primeira aparição no Oscar quando O Banquete de Casamento (1993) concorreu ao prêmio de filme estrangeiro - feito que se repetiu no ano seguinte com Comer, Beber, Viver (1994). Isso foi suficiente para que Emma Thompson o convidasse a ir para Hollywood dirigir Razão e Sensibilidade (1995), filme indicado a 7 Oscars, mas que não concorreu na categoria de direção. Lee só concorreu ao Oscar de diretor com O Tigre e o Dragão (2001) - que ganhou o prêmio de filme estrangeiro. A estatueta só veio com Brokeback Mountain (2005), mas pela poesia em 3D de As Aventuras de Pi - sobre um jovem que após um desastre tem que dividir um barco com um tigre de bengala - ele conseguiu sua terceira indicação ao prêmio de direção.
BEHN ZEITLIN (Indomável Sonhadora) já ficou famoso por ser um diretor independente sem um tostão furado. Só por levantar um milhão e meio de dólares para fazer uma obra do quilate deste Beasts of Southern Wild (exibido em Cannes e em evidência até as indicações ao Oscar) ele já merecia reconhecimento. Antes de tornar-se famoso, Zeitlin trabalhou com animação e em uma escola onde ensinava aos alunos como fazer curtas-metragens - o que é a cara do longa de estreia do filho de um casal de folcloristas urbanos que trabalhava sem fins lucrativos. Além da indicação ao Oscar, o filme lhe deu várias indicações e prêmios de direção - inclusive o prêmio especial de melhor diretor estreante em Cannes.
DAVID O. RUSSEL (O Lado Bom da Vida) foi indicado a primeira vez ao Oscar em 2011 pelo trabalho em O Vencedor, estrelado por Mark Wahlberg. Tenho a impressão de que nesta comédia romântica, com toques de psicologia, ele resgata o gosto do por comédias diferentes. Foi assim com o clássico indie Procurando Encrenca (1996) e Huckabees (2004), mas aqui ele demonstra um equilíbrio entre comédia e drama como sempre parece ter desejado. Todo mundo sabe que o filme é dedicado ao seu filho, que apresenta alguns dos problemas representados no filme - e o longa é justamente uma ode às pessoas comuns e suas particularidades imperfeitas. Diretores de comédias não costumam ganhar, mas com Ben Affleck fora do páreo, não vou me assustar se o cara levar o Oscar.
MICHAEL HANEKE (Amor) não concorreria ao Oscar de melhor diretor nem nos meus maiores delírios cinéfilos. O diretor alemão é famoso por seu estilo árduo e sem concessões (que muitos estão estranhando ao assistir Amor devido às cinco indicações ao Oscar que Amor conseguiu). Quem conhece o diretor de Violência Gratuita (1997) e A Professora de Piano (2001) sabe exatamente o que esperar de um filme sobre um casal de idosos que tenta manter o casamento diante do peso da idade. Com o prêmio de direção em Cannes por Caché (2005), e três filmes que ganharam a Palma de Ouro no festival, o diretor só apareceu no Oscar em 2010, quando A Fita Branca concorreu (e perdeu) o prêmio de filme estrangeiro.
STEVEN SPIELBERG (Lincoln) já conta 15 indicações ao Oscar, dessas, 7 foram na categoria de direção - sendo que ganhou por A Lista de Schindler (1993) e O Resgate do Soldado Ryan (1998) e concorreu por Contatos Imediatos do 3º Grau (1977), Os Caçadores da Arca Perdida (1981), E.T. (1982), A Cor Púrpura (1995), Munique (2005) e agora por Lincoln - que retrata a luta do 16º presidente americano contra a escravidão em meio à Guerra Civil americana - ou seja, apesar de todas as indicações, a Academia gosta mesmo de seus filmes históricos - e com uma guerra no caminho, só lembrar de Cavalo de Guerra (2011). Sem Ben Affleck as chances de Spielberg são grandes, mas o fato do filme ser engolido por Daniel Day Lewis e ser velha escola demais a estatueta pode ir para outras mãos.
O ESQUECIDO: Ben Affleck (Argo) já tem um Oscar na estante pelo roteiro original de Gênio Indomável (1997), mas foi responsável pelo maior mico da Academia nos últimos anos. Por Argo (o retrato real de uma missão de resgate no Irã criada pela CIA - que de tão inacreditável só pode ser inspirado numa história real), Affleck já levou para casa vários prêmios de direção (BAFTA, Globo de Ouro, Critics Choice Awards, Prêmio do Sindicato de Diretores...), mas não vai levar o Oscar da categoria porque não foi indicado (mesmo com seu filme sendo o favorito ao prêmio de Melhor Filme e concorrendo em outras seis categorias importantes!!). Argo é o terceiro filme de Ben na direção, antes realizou os elogiados Medo da Verdade (2007) e Atração Perigosa (2010).
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