Liz e Mark: casal icônico em ótima adaptação.
Não deixa de haver um fundo de verdade naqueles que dizem (e repetem) que o diretor Joe Wright só funciona quando trabalha com Keira Knightley. Afinal, se formos comparar os filmes em que o diretor trabalhou com a atriz (Orgulho e Preconceito/2005, Desejo e Reparação/2007 e o controverso Anna Karenina/2012) com os outros que filmou sem ela (O Solista/2009 e Hannah/2011), parece até covardia. É possível dizer que Knightley é a musa do diretor, aquela estrela quase mítica que consegue motivar o que o talento dele tem de melhor. O mais curioso é que a parceria iniciada com Orgulho e Preconceito quase não aconteceu, já que Wright não concordava que a atriz devesse encarnar a jovem Elizabeth Bennet do cultuado livro de Jane Austen. Se formos lembrar as atuações da atriz antes dessa adaptação, a atitude de Wright está mais do que justificada. Considerada uma das mais promissoras de sua geração, Knightley passava mais tempo fazendo caras e bocas para filmes pipoca do que querendo ser levada a sério como atriz. No entanto, quando ela conseguiu o papel da mais determinada das irmãs Bennet, a moça resolveu mostrar que poderia ser levada a sério. Keira abraça todos os defeitos e virtudes de sua personagem, a temperando com romantismo e humor na medida certa - não parecendo uma heroína suspirante e nem a arrogante que não merece a torcida da plateia. Além disso, a produção conseguiu reunir um elenco invejável. Austen se concentra, mais uma vez, no núcleo da aristocracia rural inglesa na virada do século XIX para contar a história de uma família que precisa lidar com cinco filhas. Jane (Rosamund Pike), Elizabeth (Knightley), Mary (Talulah Riley), Kitty (Carey Mulligan) e Lydia (Jena Malone) vivem com relativo conforto junto aos pais (vividos pelos veteranos Donald Sutherland e Brenda Blethyn) um tanto liberais para a época, mas como não possuem irmãos, quem herdará as posses da família é um primo, William Collins (Tom Hollander). Assim, a senhora Bennet nem consegue disfarçar que gostaria muito que suas filhas casassem o mais rápido possível. Enquanto a doce Jane se apaixona pelo tímido rico Charles Bingley (Simon Woods), Elizabeth reluta em ver o casamento como uma solução para sua situação financeira, acreditando que deverá se casar somente se o amor verdadeiro aparecer em sua vida. Mas, como identificar o amor verdadeiro se ela é orgulhosa demais para isso? Ainda mais se levarmos em conta o controlado James Darcy (Matthew MacFadyen) atraído por ela e vice-versa. Se Liz considera impossível que exista amor entre eles, por outro lado, quando ele se declara, o maior problema passa a ser os preconceitos gerados por ele ser dono de metade da região. Orgulho e Preconceito é um filme que rompe com a ideia de que filme de época precisa ser pesaroso e solene (lição devidamente aprendida com Razão e Sensibilidade/1995). O maior mérito da direção de Joe Wright é imprimir uma narrativa moderna em uma história que, mesmo ambientada no passado, ainda se sustenta sobre sentimentos bastante atuais. Além disso, Liz e Darcy - um dos casais mais icônicos da literatura inglesa - recebe interpretação luminosa de Keira e Matthew. Feito na medida para agradar as plateias carentes de romantismo legítimo, o filme concorreu a quatro estatuetas no Oscar (direção de arte, trilha sonora, figurino e atriz para Keira). Os mais acostumados com os filmes americanos vão estranhar a última cena, mas em DVD temos a vantagem de ter a melosa cena final exibida nos EUA que leva as garotas às nuvens...
Orgulho e Preconceito (Pride & Prejudice/Inglaterra-2005) de Joe Wright com Keira Knightley, Matthew MacFadyen, Rosamund Pike, Tom Hollander e Donald Sutherland. ☻☻☻☻
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