O Mockumentário é o tipo de filme que passa ao espectador a sensação de retratar algo que aconteceu de verdade. Para criar a sensação de que estamos diante de um fato real - ou de registros de câmeras escondidas diante da realidade - vale qualquer coisa: atores falando para a câmera, enquadramentos distantes, cenas toscas, diálogos desarticulados, cortes bruscos e, principalmente, câmeras trêmulas o tempo inteiro (que eu odeio). No entanto, essas características não precisam aparecer todas juntas, depende da intenção da obra. Separei neste Combo, cinco filmes realizados pelos dogmas do gênero que merecem ser lembrados:
5 A Bruxa de Blair (1999) Me arrisco a dizer que se Daniel Myrick e Eduardo Sanchez. não houvessem lançado este filme baratíssimo e de enorme repercussão jamais teria existido Rec (2007), Atividade Paranormal (2007), Cloverfield (2008), O Último Exorcismo (2010), Apollo 18 (2011) e tantos outros filmes de terror que investem numa atmosfera real para contar suas histórias. A ideia dos três estudantes que se perdem numa floresta assombrada por uma bruxa (e deixam uma câmera para contar história) levou milhões de pessoas ao cinema - a maioria iludida de que o que viam era real. Não era, mas a narrativa simplista que investe pesado no pavor do desconhecido até que funciona muito bem. Além de marcar as histórias de horror, o filme consolidou a internet como meio primordial de campanhas publicitárias para o cinema.
4 Poder sem Limites (2012) A necessidade de justificar as câmeras escondidas nas cenas mais mirabolantes às vezes atrapalha esse filme de ação para adolescentes. Porém, a plateia nem se incomoda diante das cenas de ação mais do que convincentes sobre três amigos que descobrem um estranho meteorito que lhes atribui super-poderes. No início eles só querem curtir (e encher a linguiça do roteiro), nessa parte que é feito os desenhos dos personagens e mostra que um vilão é feito com um bocado de tristeza e ressentimentos! Esse vilão é o que destaca Dane DeHaan (o aprendiz de Leonardo DiCaprio) que não faria feio na tropa de Magneto. A ideia deu tão certo que pode virar uma franquia, mas antes o diretor Josh Trank irá repaginar as aventuras do Quarteto Fantástico no cinema.
3 Borat - O Segundo Melhor Repórter do Cazaquistão Viaja à América (2007) Desde que tinha seu programa de televisão sabia-se que o humorista Sacha Baron Cohen não tinha medo de incomodar os politicamente corretos. Isso ganhou carne e osso quando vimos o documentário realizado por Borat na exploração dos preconceitos da terra do Tio Sam. Como não era um personagem famoso, o filme traz momentos bastante reveladores dos entrevistados sobre uma sociedade que se diz paladina da democracia e da liberdade. Cenas como o judeu botando ovo ou a luta de Borat e seu assistente peladões só não causaram mais polêmica do que a pilha de processos dos entrevistados nessa genial provocação. O filme acabou indicado ao Oscar de roteiro adaptado e Sacha ganhou o Globo de Ouro de ator de comédia. Pena que em Brüno (2009) a forma mostrou-se gasta.
2 Zelig (1983) De vez em quando Woody Allen inventa um filme sobre um sujeito que nunca existiu, mas nenhum deles teve a vida tão bem retratada quanto Leonard Zelig, um homem que sofria de um distúrbio raro: a síndrome do camaleão. Zelig era capaz de absorver características físicas e psicológicas de quem estivesse por perto. Ambientado nas décadas de 1920 e 1930 o filme tem uma reconstituição de época tão impressionante quanto os efeitos que inserem o personagem em momentos importantes da história. Cenas como a dança do lagarto ou seu embate com a psicóloga são hilariantes e provam porque Woody Allen é considerado gênio mesmo quando você não gosta dos filmes dele. Zelig é uma alegoria sobre a necessidade humana de aceitação.
1 Por trás das Câmeras (2006) Esse primeiro lugar é um verdadeiro conjunto da obra, afinal precisamos celebrar Christopher Guest que tornou o mockumentary o seu estilo de vida! Parece que desde que participou da equipe do antológico This Is Spinal Tap (1986), o diretor mergulhou em criar documentários de mentira sobre o estilo de vida dos americanos. Filmes como O Melhor do Show (2000), Esperando por Guffman (1996) e Os Grandes Músicos (2003) tem sua legião de fãs e merecem ser vistos. O estilo do diretor e sua patota de atores (que inclui Catherine O'Hara, Parker Posey e o parceiro em roteiros Eugene Levy) são tão conhecidos que até participaram de uma vinheta no Oscar desse ano. A premiação da Academia é o alvo desse filme hilariante sobre os envolvidos num filme independente que sofre as especulações de ser indicado ao prêmio. Egos inflados, competitividade e um final surpresa garantem a diversão!
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