Elissa e Ryan: amor proibido contra roteiro ruim.
Jennifer Lawrence precisou de apenas cinco anos desde sua estreia no cinema para se tornar um dos maiores nomes de Hollywood. Aos 16 anos ela estreava em produções para a TV, dois anos depois era premiada em Veneza como a melhor coisa de Vidas que Se Cruzam (2008) de Guillermo Arriaga. Desde então ela não parou mais, veio Inverno da Alma (2010) e sua primeira indicação ao Oscar de atriz. Para o ano seguinte ela tinha pequenas participações em filmes como Um Novo Despertar e Loucamente Apaixonados. Era uma espécie de despedida da vida tranquila de adolescente, seus filmes seguintes marcaram seu currículo com duas franquias milionárias. Encarnou a jovem Mística em X-Men: Primeira Classe (2011) e a vigorosa Katniss em Jogos Vorazes (2012). Ambos os filmes já garantiram trabalho para alguns anos, não satisfeita, a moça interpretou uma jovem maluquete em O Lado Bom da Vida (2012) de David O. Russell, que lhe garantiu o Oscar de atriz e vários outros prêmios na última temporada de ouro. Agora eu me pergunto: Por que raios ela resolveu participar de um filme de terror tão mal ajambrado quanto A Última Casa da Rua? Se houvesse sido lançado depois do prêmio da Academia, ela teria sido considerada mais uma amaldiçoada pelo prêmio. Bastava ver o currículo do roteirista David Loucka (sem trocadilho) para ver que o rapaz não merece muito crédito, afinal, seus filmes mais famosos são os fracassos Eddie (1996) com Whoopi Goldberg e o raquítico A Casa dos Sonhos (2011) com Daniel Craig. É engraçado como este tem muita coisa em comum com A Última Casa da Rua. Pra começar, retratam famílias que tentam recomeçar avida em outro lugar e se deparam com assassinatos relacionados com a nova moradia. No caso, a residência em que a adolescente Elissa (Lawrence) e a mãe (Elizabeth Shue, mais uma vez se esforçando por nada) fica ao lado de uma casa marcada por uma tragédia familiar. É essa tragédia que marca o início do filme. Nela uma adolescente mata os pais e a trama desvia para a a chegada de Elissa no bairro tempos depois. O começo é até promissor, apesar daquelas bobagens que insistem em colocar nos filmes para dialogar com os adolescentes (paqueras, trilha pop, piadinhas, sorrisos em excesso...), nem precisava, já que o filme desperta o interesse conforme Elissa percebe que debaixo daquele ambiente pacífico do subúrbio se esconde um bocado de intolerância. A intolerância gira em torno do crime ter reduzido o valor imobiliário da vizinhança e do único sobrevivente da família vitimada ainda viver por lá, no caso o tristonho Ryan (Max Thierriot). Enquanto a cidade inventa lendas urbanas sobre o paradeiro da irmã doida de Ryan, Elissa se solidariza com o rapaz que não presenciou os acontecimentos trágicos por cuidar de uma parente doente ao norte do país. Enquanto o filme desenvolve a atração entre Ryan e Elissa, ambientado na tensão crescente da vizinhança, o filme funciona. Nem quando revela um segredo de Ryan logo no início o filme abala sua credibilidade junto à plateia. O problema é quando começamos a desconfiar que o rapaz não é tão bonzinho quanto aparenta e o filme se torna um suspense dos mais rasteiros. De que adianta atuações esforçadas se o texto já perdeu toda a credibilidade? A história se torna, cada vez mais, um pastiche de Psicose (1960). Quando chega ao final, o filme já deixou o espectador aborrecido e com plena vontade de esquecê-lo. No entanto, a pergunta permanece: Por que Jennifer Lawrence se meteu num projeto desses? Talvez a estrela quisesse provar que tem poder suficiente de alavancar a bilheteria até de filme trash. Acredita-se que o filme custou apenas sete milhões de dólares e rendeu mais de trinta milhões só nos EUA. A garota tem poder...
A Última Casa da Rua (House at the end of the Street/EUA-2012) de Mark Tonderai com Jennifer Lawrence, Max Thierrot, Elizabeth Shue e Gil Bellows. ☻
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