Swank e Rockwell: frutos de uma família disfuncional.
Hillary Swank é o tipo de atriz que Hollywood não sabe muito bem o que fazer com ela. Com dois Oscars de atriz na estante (Meninos não Choram/1999 e Menina de Ouro/2004), esta norte americana nascida em Nebraska não se enquadra no tipo de papel que os estúdios costuma encaixar suas mulheres. Ela não é muito convincente bancando a heroína romântica (P.S. Eu Te Amo/2007), não fica bem de garota assustada (A Colheita do Mal/2007 ou A Inquilina/2010) ou sofredora (O Dom da Premonição/2000) e seu físico esguio de dentes enormes também não cai bem como heroína de filmes de ação (O Núcleo/2003) ou mulheres sedutoras (Dália Negra/2006), sendo assim os papéis que lhe caem bem são específicos e escassos: mulheres fortes e determinadas (como os que lhe renderam os prêmios da Academia e o papel da policial em Insonia/2002 de Christopher Nolan). Swank sabe disso, tanto que quando soube que havia uma história real inacreditável só esperando para ser contada na telona ela a agarrou com unhas e (grandes) dentes. O problema é que histórias inacreditáveis costumam ser bastante polêmicas e ela não contava que a repercussão de sua assinatura na produção de A Condenação poderia comprometer o sucesso do filme. A Condenação conta a história real de Betty Anne Waters (Swank), uma mulher casada e com dois filhos que tem a vida transformada depois que o irmão, Kenny (Sam Rosckwell) é acusado e preso por assassinar uma moradora das redondezas. Acreditando na inocência do irmão, Betty irá se formar em direito para que possa reabrir o caso e provar que o irmão é inocente. A direção de Tony Goldwin (mais conhecido como o amigo traidor de Patrick Swayze em Ghost/1990) mostra-se bastante eficiente, mas convencional. Goldwin demonstra ter plena consciência de que o roteiro é amparado pela obstinação da personagem e do seu vínculo com o irmão (que é ainda mais reforçado pelas desnecessárias cenas de infância da dupla, onde chegam a invadir domicílios para saber como é viver numa casa normal). Betty e Kenny são aquilo que os americanos costumam chamar de White Trash: as famílias são complicadas, moram em trailers e os pais não conseguem cuidar nem de si mesmos. Embora Hillary na pele de Betty garanta o tom edificante do filme, a produção tem alguns problemas. Um deles é que fala-se tão pouco da assassinada que não fazemos a mínima ideia de quem seja. Não aparece durante todo o filme nenhum parente da vítima, apenas a família Waters e algumas testemunhas de acusação (a esposa de Kenny vivida por Clea Duvall e uma namorada esquisita do moço encarnada pela sempre competente Juliette Lewis), estas são amparadas pela policial responsável pelo caso, a suspeita Nancy Taylor (Melissa Leo). Essa parcialidade do roteiro foi bastante criticada, já que os parentes da vítima acusaram o filme de tendencioso e que mostram Kenny como um sujeito apenas esquentadinho. Outro problema da narrativa é a forma como são retratadas as perdas da própria Betty Anne durante a jornada pela inocência de Kenny (seu divórcio nem é trabalhado pelo roteiro e a relação com os filhos é pouco explorada), o que interessa mesmo é a busca por provas que inocentem o irmão. Problemas a parte, temos que admitir que Swank está convincente, mas não tão excepcional ao ponto de gerar as especulações que quase a colocaram na mira do terceiro Oscar, afinal, sua atuação não é melhor do que a do resto do elenco. Se alguém merece destaque é Sam Rockwell que consegue fazer de um tipo suspeito ser bastante simpático e humano, mas se ele não conseguiu pairar nas premiações com o astronauta de Lunar (2009), beirava o impossível ele concorrer a estatuetas por conta de um controverso suspeito de assassinato.
A Condenação (Conviction/EUA-2010) de Tony Goldwin com Hillary Swank, Sam Rockwell, Clea Duvall, Juliette Lewis, Melissa Leo e Ele Bardha. ☻☻☻
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