Emilio e Rhymefest: traído pela leveza.
Emilio Estevez é filho de Martin Sheen (e irmão de Charlie Sheen) e além de ator também é diretor. Acho que sua maior conquista foi ver seu longa Bobby (2006) concorrer ao Globo de Ouro de Melhor Filme dramático daquele ano. Quando assisti O Público, tive a ideia de que ele gostaria de ser lembrado novamente em alguma premiação importante, o que não aconteceu, embora o filme seja interessante e levante uma discussão relevante sobre a situação dos sem-teto nos Estados Unidos. Além de dirigir, Emilio também atua no filme, interpreta o bibliotecário Stuart Goodson, que trabalha em uma biblioteca pública de Cincinati, Ohio, que com a chegada de um inverno rigoroso, está cada vez mais cheia. Os funcionários percebem que os moradores de rua das redondezas aguardam ansiosos a abertura da biblioteca para cuidar da higiene e ter um lugar seguro para ficar durante o dia. Os funcionários parecem não se incomodar com isso, embora a situação renda alguns contratempos - como uma polêmica envolvendo Goodson que logo se torna uma plataforma política. No entanto, a coisa piora quando um morador de rua é encontrado morto na porta do prédio, congelado pelo frio. Por medo de que o mesmo possa acontecer aos demais, aquelas pessoas que não tem para onde ir decidem nãos sair da biblioteca após seu horário de funcionamento, promovendo uma ocupação para que não morram de frio do lado de fora. O que poderia ser um ato político de solidariedade, acaba se tornando um grande mal-entendido pelos olhos da mídia e dos administradores do local. O episódio acaba trazendo à tona fatos sobre o passado de Stuart e gerando algumas discussões sobre uma situação delicada. Fosse apenas sobre a ocupação o filme seria bem interessante, mas ele se dispersa em alguns pontos que são mal trabalhados, não por incompetência, mas porque não faria a mínima diferença se estas partes fossem cortadas do roteiro. A busca pelo filho do negociador vivido por Alec Baldwin ou o romance de Stuart com Angela (Taylor Schilling) não chegam a deixar o filme interessante, parecem estar sobrando mesmo. A opção de Emilio em criar uma narrativa leve e espirituosa também drena um bocado da tensão que poderia se esperar deste tipo de situação (que parece retirada de uma história real, mas que é pura ficção). Sorte que o elenco é bastante eficiente e constrói um filme a que se assiste até o final, mesmo que a ponta de receio de que as coisas possam sair do controle se dissolva pelo tom otimista do filme. O final é bastante inusitado (ainda mais se você imaginar que se trata da noite mais fria do ano) e rompe de vez com a ideia de que se trata de um filme comprometido com a realidade. Nas mãos de outro diretor, O Público viraria um filme pesadão, nas mãos de Estevez se torna uma crônica de costumes fácil de se assistir.
O Público (The Public / EUA -2018) de Emilio Estevez com Emilio Estevez, Jena Malone, Michael Kenneth Williams, Taylor Schilling, Jeffrey Wright, Christian Slater, Jacob Vargas e Gabrielle Union. ☻☻☻
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