Sara, Huck e Broderick: um dia para entrar na história.
Acho que qualquer pessoa que cresceu nos últimos vinte anos assistindo à Sessão da Tarde deve ter visto Curtindo a Vida Adoidado, um clássico dos filmes adolescentes e que não envelhece. A história do rapaz que resolver matar aula e viver algumas aventuras pela cidade coleciona fãs devotados desde que em 1986 o diretor John Hughes lançou essa obra-prima. Não consigo lembrar de nenhum filme voltado para o público adolescente que tenha se tornado uma unanimidade como esse aqui. O segredo (que deve ter feito a diferença) é não cair na armadilha de deixar tudo girar em torno de sexo, afinal de contas, os adolescentes - por mais que não aparentem - tem outros interesses. Ferris Bueller (Matthew Broderick, no papel de sua vida) acorda num belo dia disposto a fingir que está doente para não ir à escola. Quando seus pais acreditam em mais essa artimanha do filho, ele resolve envolver o amigo Cameron (Alan Ruck) e a namorada Sloane (Mia Sara) na empreitada. Enquanto Sloane é a namoradinha que todo mundo pediu a Deus (bonita, espirituosa, bem humorada e disposta a embarcar nas palhaçadas do namorado), Cameron é o oposto. Hesitante, medroso, neurótico e paranóico ele age como se sempre uma grande tragédia fosse acontecer. Além da química entre o trio de comparsas, ainda existe outros personagens interessantes que ajudam a dar ainda mais graça às artimanhas de Bueller, são
eles a irmã - e projeto de megera - Jeanie (Jennifer Grey), que sabe desde o início
que Cameron está enganando seus pai. Além dos hilariantes diretor Ed Rooney (Jeffrey Jones), sua fiel secretária (Edie McClurg). O filme é um grande acerto, principalmente pelo tom irônico que Hughes imprime durante todo o filme - o fato de Bueller
aparecer na TV e ninguém se dar conta (inclusive na antológica cena em que
canta Twist and Shout dos Beatles num desfile) ou as diversas vezes em que seu pai está prestes a descobrir que seu filho não está adoentado numa cama. Não vou
nem comentar o péssimo exemplo do rapaz enganar a todo mundo e ser cultuado na
escola como se fosse um verdadeiro herói (para desespero de sua irmã e do diretor Rooney). Para
tornar um personagem tão escorregadio em alguém digno de culto, há de se dar
crédito a Matthew Broderick, que foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel e nunca mais repetiu uma atuação tão cheia de energia (afinal, chega a ser covardia comparar qualquer papel que
tenha feito com a desenvoltura apresentada neste filme). A forma como o ator olha para
a câmera e nos transforma em cúmplices de seus truques e comentários é um dos grandes achado do filme. Existem até momentos mais sérios, como o momento em que Ferris analisa como seria o futuro do amigo Cameron, que por levar a vida tão a sério acaba perdendo as oportunidades que os dias lhe oferecem. Mas, no fim das contas, o que mais impressiona são as desventuras encadeadas de forma mais que eficiente pelo roteiro, em momento algum o longa parece episódico, pelo contrário, consegue até sustentar tramas paralelas (como Rooney tentando entrar na casa de Ferris) com o mesmo ânimo. Hughes estava tão certo que ao final da sessão o público iria querer mais que até inseriu a piada de Rooney enfrentando o ônibus escolar enquanto aparecem os créditos finais (além de Bueller aparecendo numa das despedidas mais originais de todos os tempos). Bem cuidado, divertido e despretensioso, Curtindo a Vida Adoidado é um dos filmes a que mais assisti(rei) em toda a minha vida.
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller Day Off/EUA-1986) de John Hughes com Matthew Broderick, Jeffrey Jones, Alan Ruck, Mia Sara, Jennifer Grey e Charlie Sheen. ☻☻☻☻☻
Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller Day Off/EUA-1986) de John Hughes com Matthew Broderick, Jeffrey Jones, Alan Ruck, Mia Sara, Jennifer Grey e Charlie Sheen. ☻☻☻☻☻
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