Falabella, Santoro e Reymond: sem final.
Marcos (Rodrigo Santoro) é um executivo afastado da família e de sua terra natal há tempos, morando na Itália ele construiu uma carreira sólida e um casamento feliz com a filha do chefe. Quando o pai de Marcos (Paulo José) morre, o rapaz precisa voltar ao Brasil e reencontrar o irmão Tiago (Cauã Reymond) e lidar com algumas situações que seu pai não conseguiu resolver. Esse é o promissor ponto de partida do filme de estreia do diretor André Ristum, que se tornou um dos mais aguardados do ano passado (principalmente por conta de seu trio protagonista), mas que decepcionou por ser um filme pela metade. Nem me refiro à ideia, que fica pelo caminho, de causar um reencontro de um brasileiro com os dilemas de sua terra de origem (e o fato de ter Santoro nesse papel não é por acaso), mas ao próprio drama familiar que Ristum apresenta com leveza, mas que na hora de tomar as rédeas de seus personagens recua e deixa a sensação de que está faltando, pelo menos, meia hora de filme. Uma pena, já que o longa poderia ser mais um tedioso drama familiar se o roteiro não introduzisse entre os dois irmãos uma peça fundamental: a irmã bastarda. Se alguns podem identificar uma cadência fria no filme de Ristum (em parte por girar em torno do distanciamento entre os irmãos), é a personagem Manuela que dá conta de injetar emoção no filme. Ela que desperta em Marcos a sensação de que precisa fazer alguma coisa por aquela família que não significava grande coisa para ele. Manuela estava internada numa instituição para pessoas com deficiência intelectual e num primeiro momento seu irmão não cogita encaixá-la em sua vida, com o tempo ela passa a ser uma prioridade em sua temporada no Brasil. O mesmo não se pode dizer de Tiago (que é prejudicado pela atuação unidimensional de Cauã), que está mais preocupado em pagar suas dívidas em jogatinas. Os dramas dos personagens são apresentados sem pressa (o que deve incomodar muita gente), demonstrando cuidado do diretor em tratar a situação daquela família que tenta buscar um rumo depois da morte do patriarca. Mais do que resolver os problemas financeiros, o centro da narrativa está em retomar os laços afetivos que unem esses três personagens. Infelizmente, quando o filme se aproxima do momento de decisão de todos eles, o filme termina com uma daquelas típicas cenas de praia com brincadeiras no mar enquanto só queremos saber como as coisas vão terminar. Sem final, o filme deixa a desejar (afinal, brincadeiras na praia não respondem se Marcos voltará para a Itália, se Tiago irá crescer e conseguir se livrar do pessoal barra pesada que está no seu pé e o que vai acontecer com Manuela?) e deixa a pergunta na cabeça: será que ninguém percebeu que o filme estava pela metade?
Meu País (Brasil/2011) de André Ristum com Rodrigo Santoro, Débora Falabella, Cauã Reymond, Anita Caprioli, Nicola Siri e Paulo José. ☻☻
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