5 Louca Obsessão (1990) Acho que um belo dia Stephen King acordou e pensou como seria se uma fanática o aprisionasse em casa e quisesse ditar o rumo de suas obras. Deve ter sido assim que nasceu a ideia de Louca Obsessão, filme dirigido por Rob Reiner que oscarizou Kathy Bates como a (aparentemente) pacata Annie Wilkes que fica surpresa de perceber que seu escritor favorito (James Caan) acidentou-se perto de sua casa. A primeira vista a solitária Wilkes demonstra ser atenciosa e caridosa, mas quando começa a descobrir que o escritor dará rumos que não lhe agrada em sua série literária favorita começa um jogo de tortura física e psicológica de arrepiar - e o autor de terror mais popular desde a década de 1970 mostra que o horror pode brotar das situações mais inofensivas.
4 Eclipse Total (1995) Olha ela aí de novo! Se existe uma musa cinematográfica de Stephen King esta deve ser Kathy Bates. Depois de todos os merecidos prêmios com Louca Obsessão, o diretor Taylor Hackford convidou a atriz para viver Dolores Claiborne. Dolores é acusada de ter matado uma velhinha rica para a qual trabalhava. Sempre considerada dedicada em seu trabalho, a situação choca a cidade e ganha vasta publicidade em jornais. Este é apenas o ponto de partida para uma narrativa cheia de camadas. Além de lidar com a acusação, Dolores precisará acertar as contas com a filha bem sucedida (Jennifer Jason Leigh) e relembrar do seu obscuro relacionamento com o esposo agressivo (David Straitharn). Apesar do resultado excelente desta produção, ela acabou esquecida nas grandes premiações.
3 Carrie - A Estranha (1976) Embora a obra de Stephen King possa ter rendido algumas obras puramente caça-níqueis, existem produções que conseguiram captar metáforas poderosas em sua escrita. Talvez a maior delas seja a que vemos em Carrie, A Estranha. Para honrar isso, Brian DePalma radicalizou a presença do sangue na história. Para os menos atentos pode parecer que Carrie (Sissy Spacek, excepcional e indicada ao Oscar de atriz) é apenas uma jovem cuidada com excesso de rigos pela mãe (a ótima Piper Laurie, indicada ao Oscar de coacjuvante) e o estrago dessa educação castradora você pode imaginar quando os hormônios entram em ebulição. Quem conseguir mergulhar na história vai perceber o quanto a sexualidade é vista como ameaça numa sociedade conservadora, especialmente na adolescência. Recentemente o filme serviu de exemplo para campanhas contra bullying e se transformou no favorito dos que sofreram com perseguição na escola. Por que? Veja como Carrie arrasa (literalmente) na festinha de formatura! O filme ganhará um remake com Chloe Moretz e Julianne Moore.
2 O Nevoeiro (2007) Quantas camadas políticas cabem num filme de terror? Os cinéfilos mais xiitas vivem dizendo de filmes de terror servem para gerar medo e justificar guerras (claro que em uma argumentação mais complexa do que escrevo aqui), acho que Frank Darabont quis deixar isso claro quando resolveu adaptar O Nevoeiro, se apropriando da obra de forma assustadora, ao ponto de criar um final mais redondo e perturbador para a obra (que o próprio Stephen King elogiou). Darabont já havia trabalhado com a obra de King em Um Sonho de Liberdade (1995) e À Espera de Um Milagre (1999), mas foi aqui que abraçou o terror sem pudores - ainda que numa perspectiva totalmente política. Numa cidadezinha um nevoeiro começa a preocupar os moradores. Os personagens do filme se encontram presos num supermercado e a tensão chega ao limite com teorias apocalípticas de uma fanática religiosa (Marcia Gay Haden), que acaba se tornando uma líder em oposição ao sensato David Drayton (Thomas Jane). Esqueça os monstros que aparecem, o mais bacana é a dinâmica das relações entre os personagens.
1 O Iluminado (1980) Acho que alguém correria atrás de mim com um machado se eu não colocasse em primeiro lugar esse clássico do horror dirigido pelo mestre Stanley Kubrick. O diretor nos mergulha na claustrofóbica situação da família que se vê isolada num hotel cinco estrelas no meio do nada. O lugar parece ideal para que um escritor (Jack Nicholson, mais estranho que nunca) termine sua nova obra. A tática poderia até dar certo se aquele lugar não fosse uma mansão assombrada por todos os fatos macabros que já aconteceram por ali. Vale destacar o estilo Kubrick de criar o horror gradativamente, com cenas lentas, bizarrices, fotografia banhada de luz e trilha sonora excepcional. Até o protagonista querer dar cabo de sua família, até você vai ficar com medo de pensar como um escritor mergulha num processo criativo.
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