Dill, Bianchi e Lívia: Sexo, drogas e eletrônica.
Recebendo alguns elogios, o filme Paraísos Artificiais chegou aos cinemas no início do ano e agora aparece em DVD. Depois de assistir ao filme eu só me pergunto o motivo dos elogios. Sexo, drogas e música eletrônica são os ingredientes do filme, eles poderiam até resultar numa mistura explosiva se o roteiro se preocupasse em contar uma história ao invés de embaralhar os tempos em que acontece a história (que é bem fraquinha). Se misturado ele não se mostra nada demais, acredito que se fosse linear a situação teria piorado um bocado. O filme poderia ter resultado até num curta interessante, já que a parte mais relevante e inspirada cabe perfeitamente em quinze minutos. É interessante perceber que o cineasta Marcos Prado havia realizado anteriormente o documentário Estamira (2004), onde contava a história de uma esquizofrênica que morava num aterro sanitário no Rio de Janeiro e agora volta sua câmera para um grupo de adolescentes classe média que usam drogas e escutam música eletrônica para se alienar ainda mais da inércia de suas vidas. Só mesmo percebendo a vida oca dos personagens que podemos entender porque precisam tanto ficar inconscientes da própria existência. Não sei se já passei da idade, se fiquei intolerante ou o filme que não soube construir seus personagens, já que tudo termina e começa do mesmo jeito como se nada houvesse acontecido em quase duas horas. Não por acaso tem uma parte filmada em Amsterdã (capital mundial do consumo de drogas), uma parte concentrada numa rave numa praia paradisíaca (onde todo mundo é meio hippie ao ponto de aplaudir por do sol) e outra quando seu protagonista, Nando (Luca Bianchi) sai da prisão e percebe que a relação em casa ficou complicada depois que passou uns anos na prisão. Penso que o roteiro queria mostrar como nesses três tempos o destino de Nando está vinculado à vida de Érika (a esforçada Natália Dill), uma DJ promissora que pretende mostrar que amadureceu com o passar do tempo. Ou talvez mostrar os prós e contras do consumo das drogas (e para isso vale tudo, de alucinações com búfalos, ménage, prisão, polícia, overdose, altos e baixos...) O problema é que o espectador precisa de muita paciência para aguentar a trama, já que tudo segue o esquema música eletrônica, consumo de drogas, sexo, música eletrônica, consumo de drogas, consumo de drogas, música eletrônica, sexo, consumo de drogas, música eletrônica, consumo de drogas, sexo... e assim vai até o final. A garotada deve ter corrido para os cinemas para ver Natália Dill com os peitos de fora por quase todo o filme e fazendo cara de sofredora (até quando transa). A trilha sonora é boa, a fotografia é caprichada, mas Paraísos Artificiais acaba sendo vítima do próprio tema que pretende colocar em discussão: a vacuidade das relações do século XXI. Tudo no filme soa tedioso - e as coisas só pioram quando inventam de colocar Roney Villela como uma espécie de guru capaz de dizer pérolas como "você está aqui para desenvolver sua psiquê, isso também é importante" (isso antes de Nando cozinhar mais uns neurônios com drogas sintéticas). O roteiro ainda tenta inventar umas surpresas que só uma pessoa chapada não iria perceber desde o início quem é o pai do filho de Érika e o fim que levou sua namorada na época de maluquete. Como já disse antes, os melhores momentos do filme caberiam em quinze minutos, portanto em DVD é melhor de assistir, avance as (muitas) cenas que estão sobrando e talvez você até ache o filme bacana.
Paraísos Artificiais (Brasil-2012) de Marcos Prado com Natália Dill, Luca Bianchi, Lívia de Bueno, Bernardo Mello Barreto, César Cardadeiro, Cadu Fávero e Roney Villela. ☻
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