terça-feira, 30 de julho de 2019

NªTV: Big Little Lies - 2ª Temporada

As cinco de Monterrey: dramas com a roda presa. 

Ninguém entendeu muito bem quando foi anunciado que Big Little Lies teria mais uma temporada. Concebida para ser uma minissérie, a produção idealizada por Nicole Kidman e Reese Witherspoon com base no livro de Liane Moriarty fechou redondinho em 2017 e abocanhou quase todos os prêmios daquela temporada. É verdade que haviam várias pontas que poderiam ser exploradas em uma continuação - e elas serviram de base para a segunda temporada que a HBO colocou no ar recentemente. Ao elenco, que já era espetacular, acrescentaram Meryl Streep como a mãe do falecido Perry (Alexander Skarsgaard), cuja morte era o maior mistério da temporada anterior. Nesta nova temporada a ideia era explorar o que aconteceu com as envolvidas no desfecho, desenvolvendo os dramas já apontados anteriormente. Para Madeline (Reese Whiterpoon) coube o casamento em crise com Ed (Adam Scott). Jane (Shailene Woodley) precisou lidar com seus traumas do passado para engatar um romance, enquanto Renata (Laura Dern) perdeu a pose de vilã e lida com uma inesperada falência. Para Bonnie (Zoe Kravitz) restou lidar com a culpa dos acontecimentos finais da temporada anterior e ver exibido o motivo de seu desespero ao presenciar aquele ato de violência...  no entanto, o drama que ganhou mais destaque foi o de Celeste (Nicole Kidman) que além de lidar com uma sogra (Meryl Streep) incapaz de perceber que criou um monstro ainda aponta  para todos os que cruzam o seu caminho com suspeitas sobre a morte de seu filho. No fim das contas, ela e Celeste irão parar nos tribunais pela guarda dos gêmeos. Não se pode negar que havia material para criar uma temporada interessante, no entanto, o roteiro permaneceu emperrado a maior parte do tempo. Nada se desenvolvia direito e dava voltas intermináveis sobre o mesmo ponto. A decepção era inevitável e utilizaram até de uma polêmica sobre o corte final da série para justificar os deslizes. Considero que o maior problema foi a ausência de Jean Marc-Vallée na direção. O canadense foi responsável pela primeira temporada e aqui assinou apenas como produtor, cabendo à Andrea Arnold a condução dos episódios. Andrea é uma diretora de reconhecido talento em filmes indies, mas está longe de ter  o tom envolvente de Vallée. Mais contida,  a sua pegada destoa do que vimos na primeira temporada. No lugar do suspense e do humor ácido da vida daquelas mulheres de vida confortável, o que vimos foram dramas que não foram (ironicamente) além da zona de conforto. O maior mérito ficou por conta das atrizes, que deram o sangue por um roteiro insosso. Nicole, Laura e Meryl se destacaram entre as demais e podem até aparecer nas premiações de fim de ano, no entanto, a segunda temporada de Big Little Lies está bem longe de ser tão memorável quanto a anterior. 

Big Little Lies - 2ª Temporada (EUA-2019) de David E. Kelley com Nicole Kidman, Meryl Streep, Reese Witherspoon, Laura Dern, Zoe Kravitz, Shailene Woodley, Adam Scott e James Tupper. ☻☻

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Na Tela: Homem-Aranha Longe de Casa

Homem-Aranha e Mysterio: o universo fora do eixo.  

Não sei se alguém acompanha o blog ao ponto de perceber que fiquei praticamente um mês sem colocar novas postagens por aqui. Uma pena que não se tratou de férias, mas sofri um acidente e passei várias semanas resolvendo situações pelas quais nunca imaginei. Por sorte só houve perdas materiais, mas a imprudência de alguns motoristas me deixa ainda mais assustado depois de ficar de ponta cabeça preso pelo cinto de segurança. Pareceu cena de filme. A angústia do momento não dá para descrever, mas no fim das contas, estamos bem. No meio desta confusão eu nem conseguia escrever, por falta de tempo e paciência. Aos poucos a vida voltou ao normal e colocarei o blog de novo na ativa. Passada a confusão eu assisti Homem-Aranha-Longe de Casa, o filme que a Marvel vendeu sendo o final da fase 3 após o sucesso arrebatador de Vingadores: Ultimato/2019. Eu demorei tanto para escrever que o novo filme do aracnídeo já ultrapassou o bilhão de dólares em bilheterias (o primeiro do herói a conseguir tal feito) logo após Ultimato ultrapassar Avatar (2009) e se tornar o filme com maior bilheteria de todos os tempos. Se com isso o público deixa claro que curte muito a Marvel  (e elevou o estilo do estúdio ao posto de padrão do gênero super-heroico no cinema), por outro lado, é preciso deixar claro que as aventuras de Peter Parker tem uma linha própria dentro do estúdio e que precisa amadurecer. Assim como o anterior, o estilo é aquele filme de adolescentes ingênuo ambientado em escola, com paqueras, piadinhas inofensivas e um protagonista atrapalhado. A fórmula é a mesma de Homem-Aranha de Volta ao Lar (2019), só que aqui ela ganha um tempero diferente por contar um pouco de como o mundo lidou com aquele maldito estalar de dedos. Ficamos sabendo que foi difícil para quem virou pó retornar após cinco anos e, com isso, enfrentar um mundo diferente. É neste mundo diferente, que surge Mysterio (Jake Gyllenhaal), novo escolhido por Nick Fury (Samuel L. Jackson) depois que os Vingadores sofreram baixas consideráveis. Fury ainda não está convencido de que Homem-Aranha (Tom Holland) tenha maturidade para se tornar um herói - e o roteiro dá motivos de sobra para ele continuar pensando assim, mesmo com monstros de outra dimensão capazes de destruir o mundo. Com o peso de honrar o legado dos heróis sobre os ombros, o resultado consegue ser apenas divertido, já que não avança nada em comparação ao que vimos no filme anterior do aracnídeo em sua nova casa. Embora Mysterio seja um dos meus vilões favoritos dos quadrinhos (aquela bola enfumaçada na cabeça dele sempre me deu calafrios), não me incomodou o fato do rosto famoso de Jake Gyllenhaal precisar aparecer para vender o filme. Incomoda muito mais a performance de Zendaya como uma pífia Mary Jane. No primeiro filme eu até relevei com o pouco destaque que ela tinha na trama, mas aqui seu maior talento parece ser indiferente ao que acontece durante toda a história. Voltando à trama, existe um verniz de homenagem ao Homem de Ferro que confere charme à produção, mas o que gostei mesmo foi o flerte constante de Tia Mae (Marisa Tomei) com Happy (Jon Favreau), que funciona muito bem dentro da cadência esquemática da produção. Neste ponto do Universo Marvel eu não percebi muita relevância desta produção no contexto que vem por aí, mas algumas falas do Mystério ainda são capazes de pensar sobre o mundo em que vivemos atualmente com pessoas que acreditam em qualquer coisa.

 Homem-Aranha Longe de Casa (Spider Man: Far From Home / EUA-2019) de Jon Watts com Tom Holland, Jake Gyllenhaal, Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Tony Revolori e Cobi Smulders. ☻☻☻

domingo, 28 de julho de 2019

4EVER: Ruth de Souza

12 de maio de 1921 ✰  28 de julho de 2019

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, Ruth Pinto de Souza foi uma atriz pioneira na história da dramaturgia brasileira. Sua carreira teve início em 1945 no Teatro Experimental do Negro e desde então seus setenta anos de carreira foram marcados por romper barreiras. Foi a primeira atriz brasileira a disputar um prêmio em festival de cinema internacional - a proeza aconteceu no Festival de Veneza por seu trabalho no filme Sinhá Moça de 1954. O reconhecimento nos palcos veio com sua interpretação da escritora Carolina Maria de Jesus, na adaptação de O Quarto de Despejo (1960). O reconhecimento de seu trabalho lhe valeu convites para trabalhos na televisão, mantendo sua carreira sempre ativa nos palcos, na TV e nas telonas. Através das décadas, Ruth enfrentou vários preconceitos, por ser mulher, por ser negra e por ser atriz, mas ao falecer aos 98 anos o seu legado é indiscutível. A atriz faleceu em decorrência de uma pneumonia.