sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

FILMED+: Birdman

Keaton e seu herói voador: o preço de voltar em grande estilo. 

Michael Keaton era um dos comediantes mais populares da década de 1980 e causou estranhamento quando foi escolhido para ser o super-herói Batman nos cinemas. Escolhido para vestir a capa do homem morcego nos filmes de Tim Burton o ator foi bastante criticado. Vale ressaltar que em 1989 os filmes baseados em histórias em quadrinhos estavam bem longe do que são hoje, afinal, depois de bilheterias mirradas por décadas, os estúdios fugiam dessas obras... até que a Warner resolveu arriscar com o herói da DC Comics. Keaton teve um bocado de coragem, mas sabia que depois de viver o herói sua carreira não seria a mesma. O ator viveu Batman em 1989 e em 1992 em dois filmes que foram sucesso de bilheteria, mas sua carreira não foi muito além disso. Com poucas exceções (como as adaptações das obras de Elmore Leonard em que viveu o policial Ray Nicolette em Jackie Brown/1997 e Irresistível Paixão/1998), seus filmes caíram no esquecimento. Não por acaso Alejandro González Iñárritu escolheu o Keaton para viver (com maestria) o ator Riggan Thomas, sujeito que esteve no auge quando estrelou uma trilogia do herói Birdman no cinema, mas depois de viver esquecido, quer provar que não é de um personagem só, mas um ator de verdade. O Birdman de Alejandro é um primor técnico ao fazer o espectador mergulhar na espiral que é a mente de seu protagonista nos tensos dias que precedem a estreia da peça que produz, dirige e estrela na Broadway, chamada, não por acaso de "Sobre o que Falamos quando Falamos sobre Amor" de Raymond Carver. Embora a intenção de Riggan seja a melhor (reerguer sua carreira com uma produção de alta qualidade), desde que começa a semana de prévias, tudo parece anunciar o fracasso. Tudo acontece: estanhamentos com o ator principal egocêntrico Mike Shinner (Edward Norton), desentendimentos com a filha Sam (Emma Stone), inseguranças de sua estrela (vivida por Naomi Watts), o estremecimento na relação com a namorada atriz (Andrea Riseborough) e a coisa ainda piora quando sabe que uma renomada crítica irá estraçalhar o espetáculo após a noite de estreia. Riggan tenta manter-se na linha, mas é evidente que sua tensão o transforma numa espécie de bomba relógio, motivadas por tudo listado acima e pela voz que fala em sua cabeça o tempo inteiro coisas sobre a peça que irá terminar com o pouco de dignidade que lhe resta. Alejandro utiliza alguns efeitos especiais para ressaltar o quanto o estado mental do protagonista é complicado (ou será que algumas coisas acontecem de verdade como a última cena parece revelar?), além de uma trilha sonora inusitada (somente com o som de uma bateria que às vezes é incorporada ao cenário) e a montagem que reproduz os dias na vida de Riggan com efeito de um plano sequência de duas horas (como se fosse feito em uma tomada só, sem cortes... bem... eles existem, ainda que invisíveis) fazendo com que a angústia do personagem seja contínua (e é isso que o espectador sente). Tenso e estranho, o filme mantém um proposital ar de descontrole, no entanto, o cineasta sabe exatamente o que está fazendo, exalando referências do filme sobre o filme num universo bastante particular. Repleto de elementos metalinguísticos, o filme de Iñárritu afasta o cineasta dos filmes de tragédias multifacetadas lançada com Amores Brutos/2000, prosseguiu em 21 Gramas/2003 e terminou em briga com Babel/2006 (a briga, no caso, foi com o roteirista Guillermo Arriaga, parceiro do diretor nas três obras). Sozinho, Alejandro patinou no melodramático Biutiful/2010, mostrando que estava na hora de repensar seu cinema. Com Birdman, o cineasta reencontra seu caminho com o inesperado tom de humor negro sobre o mundo do espetáculo. O longa faz referências às motivações de ser famoso, o reconhecimento, o sentir-se querido, a influências das redes sociais, a acidez nas relações... temas que aqui aparecem em torno de uma ator, mas que fala muito sobre a imagem que temos de nós mesmos. Esse é o principal motivo para a Academia, geralmente conservadora em suas indicações, colocar o filme no páreo em 9 categorias (filme, diretor, ator/Keaton, ator coadjuvante/Norton, atriz coadjuvante/Stone, roteiro original, fotografia, mixagem de som e edição de som, poderia ser dez se a edição genial fosse reconhecida), ou seja, "a inesperada virtude da ignorância" trouxe Michael Keaton de volta em grande estilo num filme adoravelmente estranho. 

Birdman - ou A Inesperada Virtude da Ignorância (Birdman or the Unexpected Virtue of Ignorance/EUA-Canadá/2014)  de Alejandro González Iñárritu com Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Naomi Watts, Amy Ryan, Andrea Riseborough, Lindsay Duncan e Zach Galifianakis. ☻☻☻☻☻

NªTV: Togetherness

Os Pierson e seus agregados: simplesmente comuns. 

Togetherness é uma série que começou junto com 2015, justamento no período em que nos recuperamos das festas de fim de ano, organizamos as finanças para os impostos que se aproximam e ouvimos todos os comentários possíveis da época de premiações. Em meio a tudo isso a série exibida pela HBO consegue chamar a atenção por apresentar personagens comuns que vivem na capital do cinema. Criado pelos manos Jay e Mark Duplass, responsáveis pelas curiosas dramédias Cyrus (2010) e Jeff e as Armações do Destino (2011), a atmosfera dos episódios é bastante semelhante ao que vimos nos longas dirigidos pelos irmãos. Enquanto Jay prefere ficar nos bastidores, Mark protagoniza a trama como Brett Pierson, sujeito bacana, certinho e que trabalha na indústria cinematográfica com a sonoridade dos filmes. Brett é casado com Michelle (Melanie Linskey), com quem tem um casal de filhos. A rotina do casal passa por uma transformação quando acolhem o amigo Alex Pappas (Steve Zissis) e a irmã de Michelle, a namoradeira Tina Morris (Amanda Peet), ambos passando por momentos ruins. Enquanto a carreira de Alex (que é ator) não decola, a vida amorosa e profissional de Tina também é um fiasco. Diante do que encaram no presente, eles nem se incomodam de dividir a sala da casa dos Pierson enquanto tentam colocar a vida nos eixos. Existe uma certa ironia, já que Brett e Michelle tem vidas organizadas que de seus hóspedes, mas evitam perceber que o casamento chegou naquele perigoso ponto onde tudo tem gosto de rotina. Enquanto Brett segue a vida satisfeito com a rotina, Michelle busca caminhos de driblar os dias que parecem se repetir incessantemente. Na outra ponta está Tina querendo ajudar Alex a tornar-se um ator famoso, ou pelo menos, uma celebridade. É no conforto suburbano do filme que os criadores fazem graça com situações que beiram o absurdo, mas que conseguem provocar gargalhadas quando menos de espera. Mesclando alegrias e dramas cotidianos de pessoas comuns, Togetherness tem como grande trunfo o seu elenco. Mark Duplass já provou que é um dos atores mais interessantes do circuito independente, seu estilo intimista consegue dar conta de personagens variados e aqui não é diferente, junto com Melanie Linskey (que pouca gente lembra que contracenou de igual para igual com Kate Winslet na estreia de ambas no doentio Almas Gêmeas/1994 de Peter Jackson) eles conseguem revelar mais nuances do que seus personagens sugerem. A química também funciona com Amanda Peet (que sempre flerta com o cinema, mas é na telinha que ela sente-se mais a vontade para surpreender) e o pouco conhecido Zissis que é parceiro de  longa data dos Duplass. Togetherness pode não  causar comoção entre os fãs de séries de TV, concorrer a prêmios no fim de ano e nem ter outra temporada de oito episódios, mas consegue ser interessante por fazer pelos adultos um pouco do que Girls faz pelas adolescentes. Sem vilões, glamour ou personagens sobrenaturais, o programa consegue ter algum frescor. 

Togetherness (EUA-2015) de Jay e Mark Duplass com Mark Duplass, Melanie Linskey, Amanda Peet e Steve Zissis.    

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

N@ CAPA: Estrelas na W

Quem fez 2014: capas da W. 

A capa do mês de janeiro é uma colagem das capas variadas da revista W de fevereiro que trouxe algumas estrelas de Hollywood responsáveis pelas melhores performances da temporada- e a grande maioria está na mira do Oscar 2015. O ensaio ficou famoso pelos figurinos estranhos e maquiagens um tanto bizarras de inspiração surrealista. Além  das sete capas diferentes, existem fotos com outros artistas (Scarlett Johansson, Ralph Fiennes e os indicados ao Oscar Eddie Redmayne e J.K. Simmons por exemplo). Todo o ensaio pode ser visto no site da revista.

Julianne Moore
Parece que dessa vez o Oscar vai para as mãos dela. Depois de quatro indicações anteriores, a atriz foi aclamada em 2014 por suas atuações em Mapa para as Estrelas (que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz em Cannes e indicação ao Globo de Ouro) e Still Alice (que a colocou na corrida do Oscar e tem lhe rendido os prêmios mais importantes do ano na categoria de melhor atriz).

 Benedict Cumberbatch & Keira Knightley
Indicados a vários prêmios por O Jogo da Imitação, a dupla não foi esquecida no Oscar. Além do filme que concorre em oito categorias, Benedict ainda chamou atenção como a voz do dragão no último episódio de O Hobbit de Peter Jackson. Além da série Sherlock ele encontrou tempo até para participar da animação Os Pinguins de Madagascar! Enquanto isso, Keira trabalhou na comédia Mesmo se Nada der Certo, no filme de ação Operação Sombra - Jack Ryan e no  romance Laggies - ainda inédito por aqui. 

Reese Witherspoon
De volta ao radar do Oscar com Livre, Reese reencontrou seu caminho na seara dos filmes independentes. Seu bom ano foi marcado ainda pelos trabalhos Uma Boa Mentira (no qual também assina a produção e que devo comentar em breve por aqui) e Vício Inerente, novo filme de Paul Thomas Anderson (que foi lembrado no Oscar nas categorias de roteiro adaptado e figurino) 

Emma Stone 
A atriz já ensaiava ser uma estrela de respeito há alguns anos, mas foi em 2015 que a imagem se concretizou. Sendo considerada a melhor coisa da repaginada de Spider Man nas telonas, Stone ainda estrelou filme de Woody Allen (Magia ao Luar e estará no próximo filme do diretor, Irrational Man, com Joaquin Phoenix). Sua atuação em Birdman foi uma das unanimidades do ano - e a colocou no páreo do Oscar pela primeira vez.

Shailene Woodley 
A jovem estrela ficou de fora do Oscar mais uma vez, mas todo mundo concorda que o sucesso de A Culpa É das Estrelas não seria o mesmo sem sua dedicada interpretação de Hazel Grace do best-seller de John Green. Mas não foi ano de um sucesso só para senhorita Shailene, ela ainda colocou Divergente (2014) na lista das franquias mais cultuadas do cinema. Como se não bastasse, ela ainda lançou o suspense Pássaro Branco na Nevasca dirigido pelo diretor moderninho Gregg Araki, mas esse ainda não tem data de estreia no Brasil. 

Bradley Cooper
Queria muito ver a cara de quem ficou surpreso quando Cooper foi indicado pela primeira vez ao Oscar em 2013. Afinal, o moço foi indicado novamente em 2014 e... 2015!!! Sem precisar provar mais nada para ninguém, o ator desbancou fortes campanhas no Oscar desse ano e cravou sua indicação pelo novo filme de Clint Eastwood (Sniper Americano) e há quem diga que ele pode ser indicado ano que vem por Serena (2015) em que atua ao lado de Jennifer Lawrence. Só para lembrar ele esteve no blockbuster do ano: Guardiões da Galáxia na voz do guaxinim enfezado Rocket!

Amy Adams
A atriz ficou de fora do Oscar (ela já tem cinco indicações no currículo), mas o Globo de Ouro de atriz de comédia por Grandes Olhos serve de consolo. Além do filme de Tim Burton, Amy lançou somente uma outra produção em 2014, o drama Lullaby (inédito no Brasil) em que atua ao lado de Garrett Hedlund, Richard Jenkins, Terrence Howard e Jennifer Hudson. 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

PÓDIO: Matt Dillon

Bronze: o detetive brega.
3º Quem Vai Ficar com Mary (1998)
Depois de dividir o pódio do sonho das moçoilas com Tom Cruise e Keannu Reeves nos anos 1980 e 1990, Matt Dillon resolveu mostrar que podia ser grostesco (e fazer rir por causa disso). No filme dos irmãos Farrelly ele interpreta o brega detetive Healy que foi contratado para encontrar a paixão de adolescência de um cliente... mas Healy se apaixona pela moça e faz de tudo para conquistá-la (o que não vai ser fácil com as camisas floridas, os dentes postiços, o cabelo engomado e as conversas sem noção). A empreitada cômica lhe valeu o prêmio de melhor vilão do MTV Movie Awards.

Prata: o drogado supersticioso. 
2º Drugstore Cowboy (1989)
Aos 25 anos, o ator ganhou o Independent Spirit pelo viciado em drogas dessa comédia de humor negro de Gus Van Sant. Ambientado na década de 1970, o filme mostra um grupo de jovens que sustenta o vício assaltando farmácias. Não bastasse  as drogas e as confusões, o líder do grupo (Dillon) é supersticioso e sempre acredita que algo pode dar errado em seus planos. Essa dramédia original ajudou a consolidar o nome de seu diretor e de seu casal de atores (Dillon tinha uma química incrível com Kelly Lynch), deixando claro que Dillon queria fazer sucesso por um viés diferente dos outros jovens astros de sua geração. 

Ouro: o policial pessimista.
Crash (2004)
Matt Dillon conseguiu sua primeira indicação ao Oscar com sua atuação irrepreensível como o policial racista do filme de Paul Haggis. Na pele do policial que cuida do pai doente e sustenta um olhar pessimista sobre a cidade de Los Angeles (mas que cai como uma luva no filme) o ator recebeu o reconhecimento que merecia há tempos. A indicação deu novo fôlego à carreira aos 40 anos. No entanto, o aotr continua conduzindo sua carreira do mesmo jeito: só aceita papéis em filmes que acredita, rejeita blockbusters e o rótulo de galã.

PL►Y: Marcas da Vida

Naomi e Dillon: no labirinto sem saída da pobreza?

A cineasta Laurie Collyer gosta de voltar sua lente para o tipo de americano que não costuma aparecer na telona: o branco pobre (o que os sobrinhos do Tio Sam costumam chamar ofensivamente de white trash). O interesse da diretora é algo tão raro que seus trabalhos passam longe dos cinemas brasileiros. Foi assim com Sherrybaby/2006 (com Maggie Gyllenhaal indicada ao Globo de Ouro) e Sunlight Jr. que aqui recebeu o nome de Marcas da Vida. Acho que o título original injeta um pouco de poesia numa trama que tem o peso do nome em português. Naomi Watts interpreta Melissa e Matt Dillon é Richie, ambos moram juntos e enfrentam as dificuldades de ter pouco dinheiro. Ela trabalha num mercado e enfrenta o assédio do gerente, além das visitas inconvenientes de um ex-namorado metido com tráfico de drogas (Norman Reedus). Richie vive preso à uma cadeira de rodas, desempregado, recebe dinheiro do governo. As dificuldades financeiras aparecem em vários momentos do filme e ainda ganham realce com o universo familiar que possuem. Richie tem uma família que aparece em apenas uma cena para mostrar o quanto são sem perspectiva, já Melissa tem uma mãe (Tess Harper) que vive com o novo marido e um bando de crianças (que não tem a origem explicada). Diante de tantas dificuldades, Melissa e Richie se amam e ficam felizes quando ela descobre que está grávida. No entanto, mais acontecimentos irão aparecer para que o espectador se pergunte se vale a pena trazer uma criança para viver em condições tão incertas de vida. Vale dizer que existe um certo exagero no texto de Laurie Collyer já que nada funciona na vida do casal. Melissa quer horas extras? O gerente a coloca para trabalhar de madrugada! Richie entende de eletrônica? Então ele sabe concertar videocassetes! Ela está grávida? Então ela terá um susto durante a gestação! Sei que a vida dos personagens não é fácil, mas do jeito que a diretora mostra a pobreza parece um grande labirinto sem saída. Não há esperanças (ou luz do sol, como anuncia o título original), afagos ou algo que possa ser feito par mudar a vida dos personagens, estão presos às marcas de uma vida que não foi fácil e nunca será. Com um roteiro esquemático e determinista (Richie nunca arranja emprego e Melissa nunca tem resposta sobre tal bolsa para faculdade que espera), com tantas mazelas nem precisamos chegar o final do filme para saber como tudo termina. Cenários sujos e luz precária dão a cara de filme de sarjeta - que não funciona melhor pelo excesso de drama na vida dos personagens (defendidos com bastante coerência por Naomi e Matt). Laurie não precisava fazer tudo desabar sob a cabeça dos seus personagens para que possamos nos comover com a história deles, a dimensão humana da história já está lá desde o início. Limpando os excessos, o filme poderia ser mais interessante (e natural) no dilema que pretende explorar.

Marcas da Vida (Sunlight Jr./EUA-2013) de Laurie Collyer com Naomi Watts, Matt Damon, Tess Harper, Norman Reedus e William Haze. ☻☻

PL►Y: Eu & Você

Os irmãos: a vida secreta no porão. 

Faz tempo que Bernardo Bertolucci não coloca suas obras sob os holofotes, desde que lançou O Pequeno Buda (1993) - e agradou menos do que imaginava - que seus filmes resolveram escancarar o tom intimista. Ainda assim filmes como Beleza Roubada/1996, Assédio/1998 e Os Sonhadores/2003 alcançaram maior repercussão que Eu & Você, filme que o cineasta italiano lançou após uma década de férias cinematográficas. O resultado concorreu a alguns prêmios do cinema italiano, mas passou em branco nos cinemas mundiais. Apesar de ser baseado no livro de Niccolò Ammaniti, o filme peca por seu formato essencialmente teatral. Tendo a maior parte do tempo dois personagens em cena num único cenário e um final meio mais ou menos. O filme retrata alguns dias na vida de Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori), adolescente que prefere ficar na dele do que no meio dos outros da sua idade. Sua mania de ficar sozinho incomoda a mãe (Sonia Bergamasco), mas ele a enfrenta com diálogos articulados e um bocado de esperteza. Eis que existe uma excursão da escola para as montanhas e o menino mente para a mãe dizendo que irá no passeio, mas aproveita a oportunidade para esconder-se no porão do prédio em que vive. Com livros, Hqs e música, seria uma espécie de retiro do mundo exterior para o mocinho se Lorenzo não recebesse a visita surpresa de Olivia (Tea Falco), sua meia-irmã por parte de pai. Maluquete por natureza, Olivia e Lorenzo viverão encontros e desencontros enquanto convivem no porão, terão diálogos francos sem o medo dos adultos por perto e irão mexer em algumas feridas que ainda não cicatrizaram. A premissa é excelente, mas é prejudicada por um roteiro se afasta dos personagens quando eles prometem ficar mais interessantes, tratando de forma pouco original os dilemas de seus personagens (o temperamento dele e o vício dela). Ainda que Bertolucci volte a abordar seu tema favorito (a solidão), caprichando no tom claustrofóbico, o isolamento de seus personagens nunca é completo, já que existem interferências do mundo externo no limbo que escolheram viver por alguns dias. Prometendo mais do que cumpre, o final deixa um gosto de decepção, já que termina apenas alguns centímetros do ponto em que o filme começa. Talvez por isso, Eu & Você pareça uma digressão de uma história maior, seja da vida dos personagens ou da carreira de seu renomado diretor.

Eu & Você (Io e Te/Itália-2012) de Bernardo Bertolucci com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco e Sonia Bergamasco. ☻☻

domingo, 25 de janeiro de 2015

INDICADOS AO AO OSCAR 2015: Ator Coadjuvante

J.K. SIMMONS (Whiplash)
O papel do professor carrasco que tortura psicologicamente seus alunos no filme de Damien Chazelle, colocou esse veterano na posição de favorito da categoria. J.K. já foi coadjuvante em vários filmes (dos primeiros filmes do Homem Aranha/2002 às obras de Jason Reitman), sendo considerado um daqueles atores em que você sempre lembra do rosto mas nunca sabe de onde. Se você lembra do ator como o pai compreensivo de Juno (2007), dificilmente verá semelhança na fúria que emana de sua atuação -que já lhe rendeu o Globo de Ouro de coadjuvante. Simmons está arrepiante no papel e merece o reconhecimento, ainda que tardio, aos 60 anos completados recentemente.

ETHAN HAWKE (Boyhood)
Na pele do pai que ainda não percebeu que envelheceu enquanto seu casamento desmoronava - e restou-lhe ver os filhos de vez em quando - o ator se submeteu aos doze anos de envelhecimento registrados pela câmera de Richard Linklater (e isso ajuda a entender um pouco mais sobre sua indicação pela interpretação naturalista). Hawke era considerado um dos atores mais promissores de sua geração quando estreou ainda menino em Viagem ao Mundo dos Sonhos (1985), embora fosse sempre ofuscado pelo colega River Phoenix (1970-1993). Ethan já foi indicado antes ao Oscar de coadjuvante por sua ótima performance em Dia de Treinamento (2001) e pelos roteiros de Antes da Meia-Noite (2014) e Antes do Pôr-do-Sol (2004). 

MARK RUFFALO (Foxcatcher)
Pela interpretação medalhista olímpico de luta livre David Schultz o ator foi indicado pela segunda vez ao prêmio de melhor ator coadjuvante (a primeira foi pela dramédia Minhas Mães e Meu Pai/2010). David foi um dos atletas mais famosos dos EUA e tornou-se treinador, sendo convidado para trabalhar na equipe do milionário John Du Pont (interpretado por Steve Carrell) ao lado do irmão Mark Schultz (vivido por Channing Tatum). Ruffalo tem sido elogiado por sua performance de pessoa normal num filme marcado pelas excentricidades de Du Pont (o que culmina em uma tragédia na vida do personagem).


EDWARD NORTON (Birdman)
O jovem ator mais elogiado da década de 1990 já obteve duas indicações ao Oscar (ator coadjuvante por As Duas Faces de um Crime/1996 a melhor ator em A Outra História Americana/1998 e poderia ter conseguido outra por Clube da Luta/1999), mas andava esquecido durante o século XXI - incluindo a encrencada encarnação do herói da Marvel em O Incrível Hulk/2008. As coisas parecem ter mudado depois que entrou para a patota de Wes Anderson em Moonrise Kingdom/2012. Pelo papel do ator que contracena com o veterano que pretende reerguer a carreira numa peça da Broadway (o protagonista vivido por Michael Keaton), Norton voltou ao radar do Oscar em grande estilo.


ROBERT DUVALL (O Juiz)
Há quem considere a indicação do veterano uma das mais preguiçosas da Academia em 2015, afinal o ator faz mais do mesmo (o que não é ruim) no filme armado para oscarizar outro Robert (o Downey Jr). Duvall interpreta o juiz da velha guarda que é acusado de assassinato e conta com a ajuda do filho (Robert Downey Jr.) para provar sua inocência. O drama familiar no tribunal rendeu a Duvall sua sétima indicação ao Oscar, lembrando que ele foi premiado em 1984 como melhor ator em A Força do Carinho (1983). Em seu currículo ainda estão as indicações como coadjuvante nos clássicos O Poderoso Chefão (1972) e Apocalipse Now (1979). Duvall é o único no páreo com uma estatueta na estante.

O ESQUECIDO: Michael Fassbender (Frank)
Eu estava prestes a colocar Josh Brolin por sua atuação em Vício Inerente, mas eu descobri que Frank já entrou em cartaz nos EUA (em meia dúzia de salas em agosto) e ficou de fora do Oscar! Como assim?! Fiquei realmente surpreso, já que a atuação de Fassbender como o músico excêntrico que se esconde atrás de uma cabeça de papel machê é uma das coisas mais inesquecíveis que vi no cinema em 2014 (o filme foi exibido no Festival do Rio mas entra em cartaz no Brasil em março). A interpretação física de Fassbender é magistral - e conta com a cena final mais arrasadora dos últimos tempos. Michael foi lembrado no Oscar como coadjuvante ano passado por 12 Anos de Escravidão - e, se o humor de Frank não fosse tão estranho, teria chances outra vez. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

PL►Y: Trem Noturno para Lisboa

Jeremy Irons não precisa de dicionário para visitar Portugal!

Recentemente os críticos retomaram um questionamento antigo sobre os filmes de Hollywood: o fato de escolherem astros caucasianos para encarnar personagens de nacionalidades diferentes. Evidentemente que a justificativa para isso é o fato de que atores desconhecidos rendem bilheterias menores e, por isso, é melhor escalar o inglês Daniel Craig para ser um sueco em Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011), o australiano Geoffrey Rush para ser uma alemão em A Menina que Roubava Livros (2013) e o galês Christian Bale para ser Moisés no recente Exodus (2015). Em 1993 o dinamarquês Bille August lançou sua adaptação do chileno de Isabel Allende, A Casa dos Espíritos. O elenco de estrelas incluiu Jeremy Irons, Glenn Close, Meryl Streep, Winona Rider e Vincent Gallo interpretando os personagens latinos principais ao lado dos coadjuvantes Antonio Banderas (que é espanhol) e Maria Conchita Alonso (que é cubana). As nacionalidades dos atores, somadas às locações na Dinamarca e Portugal, renderam críticas ao filme que ficou de fora das premiações. Em 2013, ao levar para as telas o romance de Pascal Mercier, Trem Noturno para Lisboa, o diretor deixou claro que não está nem aí para as discussões acerca de nacionalidades e personagens em seus filmes. Afinal, o inglês Jeremy Irons vive um suíço ao lado de portugueses vividos pela francesa Mélanie Laurent, o britânico Jack Huston, a sueca Lena Olin e os alemães Bruno Ganz e August Diehl... o único papel de destaque na trama vivido por um português é vivido por Marco D'Almeida (na pele do jovem João, que quando envelhece é encarnado pelo inglês Tom Courtenay). Discussões a parte, Trem Noturno para Lisboa começa como um suspense, quando o professor Raimund Gregorius (Irons) evita que uma jovem se suicide. Ele acaba levando a moça para uma das suas aulas, ela desaparece e ele tenta encontrá-la. No casaco que a moça deixa para trás encontra-se um livro, que Raimund lê com grande devoção. O professor também encontra uma passagem de trem para Lisboa para aquela noite e parte para Portugal sem pensar duas vezes. Chegando ao país, terra do autor do livro pelo qual torna-se obcecado, ele deixa de procurar informações sobre a jovem desaparecida e busca conhecer mais sobre o jovem escritor, Amadeu do Prado - que até então ele nunca ouvira falar. A partir daí o filme torna-se um drama histórico. O protagonista encontra-se com Adriana (a francesa Charlote Rampling) e outros personagens que conheceram Amadeu no período em que envolveu-se com movimentos de resistência à ditadura de Antonio Salazar em Portugal. São nos momentos em que o jovem médico Amadeu (vivido por Jack Huston que recentemente viveu o amante de Jennifer Lawrence em Trapaça/2013) torna-se militante e tem atritos com o seu melhor amigo Jorge (Diehl) que o filme tem seus melhores momentos. August faz um filme correto (tão "correto" que até as insinuações do romance entre Amadeu e Jorge viram pó no meio da trama) ao qual você assiste pela acomodação de descobrir o que aconteceu com os personagens. Trem Noturno para Lisboa segue os passos dos filmes mais convencionais sobre jovens num regime ditatorial (cenas de tortura, triângulos amorosos, incompreensões, amizades desfeitas, traições) e por isso mantém a sensação de déjà vu na mente do espectador. As histórias paralelas convergem para que o professor aprenda uma lição sobre a vida e suas mudanças com todas as reflexões que Amadeu escreveu, mas o filme tem dificuldade em envolver os espectadores mais dispersos. O bom elenco multinacional ajuda a dar uma força à narrativa, inclusive na esperança de romance para Raimund com a oftalmologista Mariana (a alemã Martina Gedeck). Não sei se a escalação do elenco faria toda a diferença (August pode argumentar que todos são europeus, assim como qualquer ator português), mas não deixa de ser um tanto irritante ouvir personagens portugueses falando inglês com sotaque germânico, francês, britânico... por quase duas horas. Se levarmos em consideração que Raimund Gregorius mergulha em outra cultura e sua história, o fato de todos falarem inglês, descaracteriza bastante a trama que August quer contar. 

Trem Noturno Para Lisboa (Night Train to Lisbon/Alemanha-Suíça-Portugal/2013) de Bille August com Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Jack Huston, Mélanie Laurent, August Diehl, Martina Gedeck, Tom Courtenay, Christopher Lee e Marco D'Almeida. ☻☻

NªTV: Downton Abbey - 5ª Temporada

Os Crawley e seus empregados: tentando colocar a série nos eixos. 

Comecei a assistir Downton Abbey quando ela estava prestes a chegar à sua quarta temporada. Até então ela era elogiada pelo retrato da relação de classes numa sociedade que se despedia da aristocracia com o caminhar do século XX. O retrato da época e seus conflitos era excelente, numa obra irretocável. Criada por Julian Fellowes, roteirista oscarizado por Assassinato em Gosford Park (2001), a série aprofunda aspectos que o filme de Robert Altman já abordava em suas mais de duas horas de duração. Produzida desde 2010 e com temporadas curtas, com menos de dez episódios, a série teve seu auge até pouco tempo, mas despertou a revolta do público quando na terceira temporada resolveu matar a feminista Lady Sybil (Jessica Brown Frindlay) durante o parto e o adorado Matthew Crawley (Dan Stevens), ambos quando suas vidas amorosas rendiam suspiros da plateia. Diante da catástrofe, os roteiristas tiveram que sofrer para dar conta da quarta temporada, que patinou para segurar uma temporada não mais do que morna e só evidenciou que talvez o assunto daquele universo estivesse chegando ao fim. Sem os romances desenvolvidos até ali, com personagens interessantes na geladeira (como o homossexual Thomas vivido por Rob James-Collier que nunca recebe o destaque que merecia) ou em tramas pouco interessantes, a quarta temporada serviu para apresentar uma prima pouco interessante (que curte jazz), massacrar um pouco mais a solteirona Lady Edith (Laura Carmichael) e colocar o casamento dos empregados John (Brendan Coyle) e Anna (Joanne Frogatt) em crise por conta de um estupro. No meio do marasmo que virou a vida em Downton, a única que se deu bem foi Joanne Frogatt, afinal, a atriz foi lembrada pela primeira vez no Globo de Ouro (na categoria atriz coadjuvante de produção para TV e derrotou as favoritas da premiação). A quinta temporada tem como função passar a borracha na última temporada, sem chorar pelo leite derramado (já que não pode ressuscitar Matthew e Sybil para curar a melancolia que se abateu pela família Crawley) e ainda retomar temas importantes para a série como os conflitos de classe, o feminismo e outros aspectos de um mundo em tranformação. Pelo que se viu nos dois episódios já exibidos da quinta temporada, percebe-se que Lady Mary Crawley (Michelle Dockery) está disposta a dispensar o luto para viver um romance capaz de levantar a audiência com Lord Gilligham (Tom Cullen), embora polêmicas se anunciem. Outra que promete ter problemas é Lady Edith, que tem problemas com a filha secreta (que mantem escondida da família enquanto espera seu pretendente aparecer depois que sumiu na Alemanha). Os roteiristas pretendem colocar fogo na família Crawley (como o primeiro episódio deixou tão claro) e deve sobrar polêmicas até para o lado das matriarcas Violet Crawley (Maggie Smith) e Cora (Elizabeth McGovern). Criando tramas paralelas para quase todos os seus personagens (que incluirá ainda suspeitas de assassinato) os produtores pretendem levantar o ânimo de uma série adorada mundialmente, mas que pagou alto pelo seu vício de eliminar personagens importantes no meio do caminho (a nova temporada já se livrou de um: Ed Speleers, objeto de desejo de Tom que se despediu da mansão no segundo episódio). Em termos de narrativa sobre um mundo em transformação, percebi que a edição dos episódios ficou mais ágil (o que não considerei apropriado) e com mais humor entre as cenas (que funciona bem com personagens que já conhecemos tão bem). Espero que Downton Abbey fique no ar por tempo suficiente para colocar suas ambições novamente nos eixos, especialmente com relação a conflitos de personagens veteranos que merecem voltar ao centro dos episódios (e eu adoraria ver mais participações de Shirley McLaine e Paul Giamatti). 

Downton Abbey (Reino Unido - EUA) de Julian Fellowes com Jim Broadbent, Maggie Smith, Michelle Dockery, Elizabeth McGovern, Allen Leech e Joanne Frogatt. ☻☻☻

PL►Y: Sem Escalas

Neeson: em forma aos 62 anos. 

Acho curioso que Liam Neeson aos 56 anos tenha voltado sua carreira para os filmes de ação após protagonizar Busca Implacável (2008), filme eficiente, mas em grande novidades, sobre um homem que busca o paradeiro de sua filha desaparecida. Lembro que Sam Raimi já achava que o ator tinha jeito para a coisa com seu 1,93 metro quando o escalou para estrelar Darkman (1990), bem antes de SpiderMan cair nas mãos do diretor. Depois do ser redescoberto pelos filmes de ação, a esposa de Liam faleceu num acidente, enquanto o ator filmava o drama O Preço da Traição (2009) e as interpretações dramáticas tornaram-se mais raras em sua carreira. Hoje aos 62 anos a carreira do ator irlandês anda muito bem em filmes que precisam mais do que um brucutu para funcionarem. Além do porte, o ator tem uma indicação ao Oscar por A Lista de Schindler (1993), ous seja, Neeson tem tudo o que precisa para dar credibilidade a filmes como Sem Escalas, um suspense de ação bem armado pelo espanhol Jaume Collet-Serra. Liam interpreta Bill Marks, um agente federal responsável por segurança aérea. Num dia de trabalho comum, ele recebe mensagens anônimas durante um voo. As mensagens exigem que 150 milhões de dólares sejam transferidos para uma determinada conta, caso contrário, a cada vinte minutos alguém presente no voo irá morrer. Bill não acredita muito naquela situação, mas conforme o tempo passa, ele percebe que a ameaça é real e passa a desconfiar de todos os passageiros. O roteiro funciona ao retirar dessa situação absurda muito mais do que se espera, desde o tempero azeitado de um mundo pós-11 de setembro, regado a paranoias e preconceitos, além das ironias motivadas por um segurança que pode soar tão assustador quanto o vilão da história. Não por acaso, o próprio agente passa a ser considerado como sequestrador e terrorista, havendo um levantamento de sua vida pessoal e especulações sobre a sua integridade. Fora isso, ainda existe um sincronismo entre suas ações e os vinte minutos a que o terrorista se refere nas mensagens. Além de caprichar no clima claustrofóbico da produção, Jaume mostra-se esperto o suficiente para mudar o rumo de sua narrativa quando ela apresenta o mínimo sinal de desgaste. Sendo assim, tem o mérito de cercar seu astro com coadjuvantes do naipe de Julianne Moore, Michelle Dockery (da aclamada série Downton Abbey), Corey Stoll (o Ernest Hemingway de Meia Noite em Paris/2011 e o Jaqueta Amarela do filme Homem-Formiga/2015), o promissor Scoot McNairy (de Argo/2012) e até Lupita Nyong'o (antes de ser descoberta pelo Oscar em 12 Anos de Escravidão/2013). Sem Escalas foi um grande sucesso nos cinemas por misturar signos da paranoia americana no que poderia ser mais um filme de suspense aéreo, além disso, tem uma apoteótica que fará a glória dos fãs de cinema catástrofe (e neste ponto, se perdesse os toques piegas seria muito melhor). 

Sem Escalas (Non-Stop/EUA-2014) de Jaume Collet-Serra com Liam Neeson, Julianne Moore, Michelle Dockery, Corey Stoll, Scoot McNairy e Lupita Nyong'O. ☻☻☻

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

PL►Y: Amor sem Pecado

Robin, James, Xavier e Naomi: mar de açúcar. 

Não há dúvidas de que Naomi Watts e Robin Wright são ótimas atrizes, por isso mesmo são capazes de fazer a diferença numa produção como Amor Sem Pecado. Apesar de ter causado algum estardalhaço no exterior, o filme foi pouco visto nos cinemas e não conseguiu espaço nas telas brasileiras. Acredito que o motivo para isso não seja a polêmica dos romances intergeracionais abordados pelo roteiro e sim, a direção um tanto frouxa da francesa Anne Fontaine. O roteiro é assinado pela própria diretora e o renomado Christopher Hampton (do clássico As Ligações Perigosas/1988), pena que o texto tende a açucarar demais a história e perde a oportunidade de nos fazer refletir sobre um tema que ainda parece tabu: o romance entre jovens rapazes com mulheres maduras. A verdade é que existem vários filmes onde o protagonista mais velho namoram mulheres mais jovens, mas o contrário não acontece com frequência. É verdade que se levarmos em conta a aparência de Naomi (46 anos) e Robin (48), nem iremos imaginar que já possuem idade para serem as avós do título do livro de Doris Lessing em que a produção se baseia. Em meio às paisagens paradisíacas do litoral australiano conhecemos as meninas Lil e Roz. As duas crescem amigas e a proximidade permanece quando Lil (Naomi Watts) e Roz (Robin Wright) enfrentam a vida adulta com os desafios do casamento e de criar os filhos. A proximidade das duas amigas afeta diretamente a relação entre seus filhos, respectivamente Ian (Xavier Samuel) e Tom (James Frecheville) que também são grandes amigos. Lil teve que criar o filho praticamente sozinha depois que ficou viúva e Roz vive um casamento que já caiu na rotina. O filme tenta mostrar a proximidade entre os quatro personagens de forma espontânea, mas parece um tanto forçada em sua trivialidade artificial. Por conta disso, fica a impressão que aquele universo praiano é isolado do resto do mundo e, qualquer personagem que aparece por ali que não sejam as duas e seus filhos, são intrusos - incluindo Harold (Ben Mendelsohn) esposo de Roz. Sendo assim, é fácil imaginar que com a escassez de companhia, as duas mulheres irão ceder aos encantos dos filhos uma da outra. No entanto, enquanto Ian cai no amor proibido por Roz, as investidas de Tom sobre a mãe do amigo sempre parecem ter gosto de revanche. A temática que poderia ser bombástica e repleta de cenas tórridas, prefere investir nos dilemas desencadeados pela relação de ambos os casais. A ideia seria ótima, se não deixasse a impressão que não aprofunda as situações como deveria. A solidão de Lil que a faz se apegar ao rapaz mais jovem como se fosse sua última chance de ser feliz, ou a necessidade (um tanto infantil) de Roz criar uma simetria entre as duplas é explorada com tanta naturalidade que o filme perde bastante a sua força narrativa. Talvez seja esse o maior problema do filme: ao naturalizar demais a situação, perde a oportunidade de enfatizar o que tem de mais instigante e original aos olhos do espectador, desperdiçando a chance de criar um filme mais interessante. Ao final da sessão, tem se a impressão que os personagens ficam à deriva no mar dos sentimentos que sentem um pelo outro, o problema é que esse mar tem gosto de água com açúcar.   

Amor Sem Pecado (Perfect Mothers/Austrália-França/2013) de Anne Fontaine com Naomi Watts, Robin Wright, Xavier Samuel, James Frecheville e Ben Mendelsohn. ☻☻

domingo, 18 de janeiro de 2015

INDICADOS AO OSCAR 2015: Atriz Coadjuvante

PATRICIA ARQUETTE (Boyhood)
Ela andava esquecida no cinema, mas o papel maternal do filme de Richard Linklater colocou um dos nomes mais promissores de Hollywood na década de 1990 novamente no mapa. Por criar um personagem extremamente emocional de carne e osso, sem medo de envelhecer diante da câmera (que a acompanhou por 12 anos!), Patricia tornou-se a favorita da categoria durante a temporada. Pelo papel já levou para a casa o Globo de Ouro e, se ganhar novamente no dia 22 de fevereiro, a filha de uma família de atores será a primeira do clã a ser oscarizada. Essa é a primeira indicação da loura ao prêmio. 

EMMA STONE (Birdman)
Aos vinte e seis anos, Emma é a mais jovem atriz no páreo da categoria desse ano. Na pele da filha do ex-astro de filmes de ação (e que tenta fazê-lo cair na real depois de anos de decadência), Emma obteve muitos elogios na temporada. Também indicada ao Globo de Ouro, a indicação prova que a garota já é levada a sério em Hollywood e celebra um ano em que trabalhou com Woody Allen (Magia ao Luar) e no sucesso O Espetacular Homem Aranha 2. Um ano de muito trabalho e versatilidade que é coroado com sua primeira indicação ao Oscar (acredito que virão outras em breve). 

MERYL STREEP (Caminhos da Floresta)
Há quem diga que entrega do Oscar sem Meryl Streep não tem graça. A recordista de indicações ao prêmio da Academia, acabou de conquistar sua 19ª indicação!!! A atriz vive a bruxa que desencadeia toda a ação nessa adaptação do famoso musical da Broadway. Fazia tempo que Meryl era convidada para encarnar um papel de bruxa - e quando ela finalmente aceitou o Oscar não poderia ignorar! Meryl já foi premiada na categoria em 1980 com Kramer Vs. Kramer e duas vezes na categoria de Atriz (com A Escolha de Sofia/1982 e A Dama de Ferro/2012). Entre as concorrentes é a única premiada anteriormente.

KEIRA KNIGHTLEY (O Jogo da Imitação)
Prestes a completar 30 anos, a inglesa conseguiu finalmente mais uma indicação ao Oscar (ela tentava isso há tempos), a primeira foi com Orgulho e Preconceito (2005) na categoria de Melhor Atriz. Keira interpreta Joan Clarke, a matemática que trabalhou com Alan Turing e acabou se envolvendo amorosamente com ele (o que ajudava muito para ele manter a homossexualidade em segredo). Keira está longe de ser a favorita na categoria, mas não deve estar se importando com isso, já que os elogios por sua performance foram grandes. 

LAURA DERN (Livre)
Maior surpresa na categoria, a atriz não é lembrada pela Academia desde As Noites de Rose (1991). Estrela favorita de David Lynch, Dern voltou aos holofotes ano passado quando acompanhou o pai (Bruce Dern) na cerimonia em que estava indicado pelo filme Nebraska de Alexander Payne. A participação como a mãe zelosa de A Culpa É das Estrelas também ajudou a lembrar que essa talentosa atriz andava esquecida injustamente. Em Livre ela vive a mãe da personagem que resolve fazer uma caminhada que é quase uma peregrinação no filme de Jean Marc-Vallé. Com a indicação espero ver Laura mais vezes na telona. 

A ESQUECIDA: Jessica Chastain (O Ano Mais Violento)
Sempre lembrada como uma das atrizes mais cobiçadas da atualidade, a indicação de Chastain era dada como certa por esse elogiado filme de J.C. Chandor. A indicação ao Globo de Ouro pela performance como Anna Moralles, que ao lado do esposo, fará tudo para manter os negócios da família no violento ano de 1981 em Nova York. Talvez o jeitão de filme da década de 1970 tenha afugentado os eleitores, mas a performance de Jessica ainda a deixa no mapa hollywoodiano por muito tempo. A atriz já foi indicada ao Oscar de atriz por A Hora Mais Escura (2012) e coadjuvante por Histórias Cruzadas (2011). 

sábado, 17 de janeiro de 2015

PL►Y: O Que Os Homens Falam

Os amigos: catarse sempre adiada. 

Ricardo Darín está no elenco do espisódico Relatos Selvagens, que colocou a Argentina novamente no páreo do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Curiosamente, esse não foi o único filme de histórias curtas em que Darín atuou e que entrou em cartaz no Brasil em 2014. O Que Os Homens Falam estreou por aqui em maio e fez algum sucesso, embora seja bem menos radical que o elogiado filme argentino. Os personagens do filme espanhol dirigido por Cesc Gay estão bem longe da barbárie sugerida no filme oscarizável Seus personagens são homens maduros que encontram-se em algum momento de crise e insatisfação, mas tem uma dificuldade enorme de externalizar o que de fato estão sentindo, mesmo para os amigos (e por isso o final do filme torna-se tão especial quanto frustrante). O filme conta histórias pequenas sobre um grupo de personagens comuns que enfrentam algum problema em sua vida pessoal. Tem o jovem esposo (Eduardo Noriega) que tornou-se pai recentemente e flerta com a colega de trabalho, o homem que segue a esposa (Darín) até a casa do amante e encontra um conhecido (Luís Tosar) que sugere que ele conte a ela que sabe do adultério, o homem que se divorciou por conta de uma aventura e agora arrependeu-se (Javier Cámara) e os dois melhores amigos (Alberto San Juan e Jordi Mollá) que descobrem mais sobre o outro conversando com a esposa dele do que em anos de amizade. O episódio mais criticado é justamente o primeiro, em que dois conhecidos se encontram depois de muito tempo (Eduard Fernández e Leonardo Sbaraglia) e, devido a reserva de ambos, nunca fica muito claro qual a relação que existe ali. Teriam sido amantes? Quase impossível ter certezar, já que os dois nunca falam o que realmente importa (mas é bastante provável que foram devido aos olhares cheios de cumplicidade de um para o outro). Acho que não é por acaso que diante de tantas histórias mais interessantes, o cineasta optou por começar seu filme com a história mais morna que tinha em mãos, afinal, ela estabelece, desde o início, a dificuldade dos homens falarem sobre seus sentimentos. Apesar do título brasileiro (o original seria algo como Uma Pistola em Cada Mão). O que Os Homens Falam mostra que eles nem falam tanto assim e, quando o fazem, na grande maioria das vezes, não estão falando sobre o que queriam. A cena final, onde vários personagens se encontram numa festa retrata bem isso, já que a esperada catarse coletiva é sempre adiada e a última frase do roteiro soa como uma autoafirmação distante da realidade que assistimos.  

O Que os Homens Falam (Una Pistola en cada Mano/Espanha-2012) de Cesc Gay com Eduard Fernández, Leonardo Sbaraglia, Javier Cámara, Candela Peña, Ricardo Darín, Luis Tosar, Eduardo Noriega, Alberto San Juan, Jordi Mollá e Leonor Watling. ☻☻☻

PL►Y: Em Segredo

Oscar e Elizabeth: de amantes a cúmplices. 

Baseado no romance Thérese Raquin (1867) de Émile Zola, o ator Charlie Stratton estreia na direção criando um filme interessante, ainda que os literatos considerem que a versão da obra considerada o marco inaugural do naturalismo literário merecesse mais profundidade. Talvez por não ler o livro, achei que o longa alcança um bom resultado em sua atmosfera de romance para os desiludidos. Stratton foi esperto também na escolha de seu elenco, escalou a veterana Jessica Lange para um papel complicado, um casal de atores que ainda não receberam o reconhecimento que merecem (Elizabeth Olsen e Oscar Isaac) e rostos conhecidos como eficientes coadjuvantes (Tom Felton e Shirley Henderson). Na história Thérese é deixada ainda criança na casa de uma tia (Lange) que gasta o tempo cuidando do filho doente, Camille. A menina cresce aguardando o pai voltar, mas ela logo percebe que isso nunca acontecerá. Já crescida (e na pele de Olsen), sua sexualidade começa a despertar enquanto ajuda a tia a cuidar do primo adoentado (Tom Felton, o Draco Malfoy de Harry Potter que virou um rapaz esquisito). O roteiro até sugere algumas investidas da moça sobre o rapaz, mas ele nunca corresponde. Como vive no século XIX, a garota sem posses acaba noiva do primo e casa-se com ele para satisfazer a vontade da tia. Quando o jovem marido consegue um emprego em Paris, o trio se muda para a cidade e o filme torna-se ainda mais sombrio, como se a cidade simplesmente não deixasse a luz entrar na vida dos personagens. Na cidade, Camille reencontra um velho amigo, Laurent (Oscar Isaac) pintor que percebe a insatisfação de Thérese com o marido e não vai demorar para que ela descubra os prazeres da carne com o tal amigo. Os dois vivem um romance tórrido e um acidente irá mudar para sempre o rumo dos personagens. Stratton acerta no tom sombrio e na atmosfera sufocante a que submete o casal de amantes, o desejo torna-se culpa e o rumo dos acontecimentos só piora o relacionamento do casal fogoso que aos poucos reduz-se a cúmplices. Para aumentar a dramaticidade, a presença de Jessica Lange como a sogra (com potencial de megera) que começa a juntar as peças e entender o que aconteceu aumenta o suspense da história. Imagino as toneladas de escrita que Zola utilizou para desenhar o interior dos seus personagens e que ficou de fora do roteiro, mas em termos de narrativa, Em Segredo consegue ser bastante correto com pequenos toques que só aumentam o horror da história (como o quadro de Camille, os pesadelos...) até o seu final trágico e inevitável. Trata-se de uma produção que merece ser conhecida, ainda que tenha recebido pouca atenção nos cinemas americanos. 

Em Segredo (In Secret/EUA-2013)  de Charlie Stratton com Elizabeth Olsen, Jessica Lange, Oscar Isaac, Tom Felton, Shirley Henderson e Matt Lucas. ☻☻☻

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

INDICADOS AO OSCAR 2015

Oscar 2015: Os Oito no páreo de Melhor Filme do Ano. 

Hoje foram os divulgados os indicados ao Oscar e (ainda bem) tivemos algumas surpresas que deixaram a ocasião mais interessante para quem achava que seria tudo um tanto óbvio. A maior delas foi contar com oito candidatos ao prêmio de melhor filme (poderia ser dez, mas as pontuações acabaram deixando duas chances desperdiçadas). Eu mesmo previ que Sniper Americano colocaria Clint Eastwood de volta no radar da Academia, mas errei feio ao achar que O Ano Mais Violento teria maiores chances depois de figurar em várias listas de melhores do ano - o filme de J.C. Chandor foi banido do Oscar. Isso nos leva a uma das maiores surpresas: Jessica Chastain, estrela do filme de Chandor, ficou de fora e cedeu espaço para Laura Dern (que parecia ter poucas chances de indicação). Outra que saiu da competição foi Jennifer Aniston, que fez o dever de casa direitinho em Cake, mas perdeu espaço para Marion Cotillard pelo francês "Dois Dias, Uma Noite" (e já estava na hora da oscarizada atriz de Piaf/2007 ser reconhecida novamente). Jake Gyllenhaal (O Abutre) acabou perdendo o fôlego para Bradley Cooper (que é indicado pela terceira vez seguida à premiação). Outro desprezado que merecia mais atenção é Uma Aventura Lego - que de favorito foi cuspido da categoria de Melhor Animação do Ano. Se Hoje Eu Quero Voltar Sozinho ficou fora da disputa de filme estrangeiro, será a primeira vez que um filme da Mauritânia concorre ao Oscar (quantos filmes eles devem produzir anualmente por lá?) - e a Argentina (depois de ganhar duas vezes) está na área mais uma vez... mas nem tudo está perdido: o Brasil está com um pezinho no páreo de Melhor Documentário (na co-produção O Sal da Terra). Só para terminar: se eu fosse Angelina Jolie pediria indenização por danos morais!!! Colocaram tanta expectativa em seu pomposo segundo filme na direção (Invencível) que ele acabou ficando fora das categorias mais cobiçadas. A seguir os indicados de 2015 e meus acertos () nas poucas categorias em que ousei fazer previsões:

Melhor Filme
"Birdman
"Boyhood
"Selma

Melhor Diretor
Alejandro Gonzalez Iñárritu ("Birdman") 
Richard Linklater ("Boyhood") 
Bennett Miller ("Foxcatcher")
Wes Anderson ("O grande hotel Budapeste")
Morten Tyldum ("O jogo da imitação") 

Melhor Ator
Steve Carell ("Foxcatcher") 
Bradley Cooper ("Sniper Americano")
Benedict Cumbertatch ("O Jogo da Imitação") 
Michael Keaton ("Birdman") 
Eddie Redmayne ("A teoria de tudo") 

Melhor Ator Coadjuvante
Robert Duvall ("O juiz") 
Ethan Hawke ("Boyhood") 
Edward Norton ("Birdman") 
Mark Ruffalo ("Foxcatcher") 
JK Simons ("Whiplash") 

Melhor Atriz
Marion Cotillard ("Dois dias, uma noite")
Felicity Jones ("A teoria de tudo") 
Julianne Moore ("Para sempre Alice") 
Rosamund Pike ("Garota exemplar") 
Reese Whiterspoon ("Livre") 

Melhor Atriz Coadjuvante
Patricia Arquette ("Boyhood") 
Laura Dern ("Livre")
Keira Knightley ("O jogo da imitação") 
Emma Stone ("Birdman") 
Meryl Streep ("Caminhos da floresta") 

Melhor Roteiro Original
Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone et al. ("Birdman") 
Richard Linklater ("Boyhood") 
E. Max Frye e Dan Futterman ("Foxcatcher")
Wes Anderson e Hugo Guinness ("O grande hotel Budapeste") 
Dan Gilroy ("O Abutre")

Melhor Roteiro Adaptado
Jason Hall ("Sniper americano") 
Graham Moore ("O jogo da imitação") 
Paul Thomas Anderson ("Vício inerente")
Anthony McCarten ("A teoria de tudo")
Damien Chazelle ("Whiplash")

Minhas apostas foram só até aqui
Total: 32 acertos de 43 indicados (saldo razoável)

Melhor Filme em Língua Estrangeira
"Ida" (Polônia)
"Leviatã" (Rússia)
"Tangerines" (Estônia)
"Timbuktu" (Mauritânia)
"Relatos selvagens" (Argentina)

Melhor Documentário
"O sal da terra"
"Citizen Four"
"Finding Vivian Maier"
"Last days"
"Virunga"

Melhor Documentário em curta-metragem
"Crisis Hotline: Veterans Press 1"
"Joanna"
"Our curse"
“The reaper (La Parka)"
"White earth"

Melhor Animação
"Operação Big Hero"
"Como treinar o seu dragão 2"
"Os Boxtrolls"
"Song of The Sea"
"The Tale of the Princess Kaguya"

Melhor animação em curta-metragem
"The bigger picture"
"The dam keeper"
"Feast"
"Me and my moulton"
"A single life"

Melhor curta-metragem em 'live-action'
"Aya"
"Boogaloo and Graham"
"Butter lamp (La lampe au beurre de Yak)"
"Parvaneh"
"The phone call"

Melhor Fotografia
Emmanuel Lubezki ("Birdman")
Robert Yeoman ("O grande hotel Budapeste")
Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski ("Ida")
Dick Pope ("Sr. Turner")
Roger Deakins ("Invencível")

Melhor Edição
Joel Cox e Gary D. Roach ("Sniper americano")
Sandra Adair ("Boyhood")
Barney Pilling ("O grande hotelBudapeste")
William Goldenberg ("O jogo da imitação")
Tom Cross ("Whiplash")

Melhor Design de Produção
"Caminhos da floresta"
"Sr. Turner"

Melhores Efeitos Visuais
"Planeta dos macacos: O confronto"

Melhor Figurino
Milena Canonero ("O grande hotel Budapeste")
Mark Bridges ("Vício inerente")
Colleen Atwood ("Caminhos da floresta")
Anna B. Sheppard e Jane Clive ("Malévola")
Jacqueline Durran ("Sr. Turner")

Melhor Maquiagem e Cabelo

Melhor Trilha Sonora
Alexandre Desplat ("O grande hotel Budapeste")
Alexandre Desplat ("O jogo da imitação")
Hans Zimmer ("Interestelar")
Gary Yershon ("Sr. Turner")
Jóhann Jóhannsson ("A teoria de tudo")

Melhor Canção
"Everything is awesome" ("Uma aventura Lego")
"Glory" ("Selma")
"Grateful" ("Além das luzes")
"I'm not gonna miss you" ("Glen Campbell…I'll be me")
"Lost Stars" ("Mesmo se Nada Der Certo")

Melhor Edição de Som
"O hobbit: A batalha dos cinco exércitos"
"Invencível"

Melhor Mixagem de Som
"Invencível"

Em breve irei comentar os indicados nas categorias principais. 
O que você achou dos concorrentes?
A entrega do Oscar acontece dia 22 de fevereiro!