Krsiten e Bill: irmãos e seus esqueletos no armário.
Os fãs sempre curtem ver os atores do humorístico Saturday Night Live se encontrando na telona, mas quem não é fã, pode se satisfazer em conferir se os comediantes dão conta de papéis dramáticos em Irmãos Desastre. O diretor Craig Johnson foi aclamado por sua estreia com True Adolescents/2009, uma dramédia estrelada por Mark Duplass e Melissa Leo, onde um grupo de homens maduros tentam encontrar sentido sendo mochileiros. Cinco anos depois ele volta a focar em adultos com problemas para digerir o rumo de suas vidas num filme que tinha tudo para ser pesadão (só a cena de abertura já assusta com os dois irmãos tentando suicídio de modos diferentes), mas que o diretor alivia as coisas ao mirar no relacionamento de Milo Dean (Bill Hader) e Maggie Dean (Kristen Wiig) - que contemplam a proximidade dos quarenta anos e não estão satisfeitos com o que conseguiram até ali. É após a tentativa de suicídio de Milo que o casal se encontra após dez anos sem contato. Além da distância física, existe um abismo emocional entre os dois: se Maggie continua insatisfeita, mesmo tento encontrado um futuro marido perfeito (Luke Wilson) - atencioso, compreensivo, gentil, carinhoso, bem humorado... - a situação do irmão parece mais complicada, já que a carreira de ator nunca decolou e sua vida amorosa beira a inexistência. Os dois vão se reaproximar e Milo perceberá que a vida de sua irmã é misteriosamente menos confortável do que aparenta. Além disso, por trás dos momentos de bobeira fraterna e confidências variadas, existem fantasmas que assombram os dois irmãos: o suicídio do pai (que nunca tem o rosto mostrado em flashbacks), a mãe negligente (Joanna Gleason em uma pequena participação marcante) e, especialmente, um ex-professor de Inglês de Milo chamado Rich (vivido por Ty Burrell de Modern Family). Existe um verdadeiro nó envolvendo Milo, Maggie e Rich que levará aos desdobramentos mais interessantes da história, afinal, Bill Hader distancia seu personagem com brilhantismo de todo o clichê gay do cinema, revivendo com amargura e um tanto de confusão um episódio complicado de sua adolescência - e nesse ponto a melancolia impressa por Burrell na pele do ex-professor cria uma sintonia perfeita (pena que os dois tem poucas cenas juntos). Talvez por lidar com esse núcleo mais complicado de forma bastante original, a parte da dona de casa insatisfeita vivida por Wiig perca força, deixando a atriz com a tarefa ingrata de fazer uma história manjada ser interessante (o que não é). Preocupada com gestos e olhares, a direção de Craig Johnson às vezes emperra até chegar ao final um tanto apelativo, mas coerente com a proposta "fraterna" do filme. Não chega a ser memorável, mas pode ser um programa curioso para quem curte filmes independentes americanos - especialmente pela atuação de Hader que está cada vez mais próximo de entrar na minha lista de atores favoritos.
Irmãos Desastre (The Skeleton Twins/EUA-2014) de Craig Johnson com Kristen Wiig, Bill Hader, Ty Burrell, Joanna Gleason e Luke Wilson. ☻☻
Nenhum comentário:
Postar um comentário