Kammerer: estreia magistral no cinema.
Assim que começou a ser visto, a produção alemã Nada de Novo no Front em cartaz na Netflix começou a ser apontada como favorita na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar do ano que vem. Não bastasse isso, os mais empolgados dizem que o filme pode aparecer em outras categorias, tanto nas técnicas (fotografia, montagem, maquiagem, som, efeitos especiais e também aposto na trilha sonora magnífica) como também nas mais cobiçadas (roteiro adaptado, direção e melhor filme), se acontecer não será mais do que merecido. É verdade que paira sobre a produção a versão de 1930 intitulada Sem Novidade no Front e dirigida por Lewis Milestone, que foi indicada a quatro Oscars e levou para casa os prêmios de filme e direção (concorreu também à fotografia e roteiro adaptado), mas se tratava de uma produção dos Estados Unidos sobre jovens alemães que testemunham uma verdadeira carnificina na Primeira Guerra Mundial. Sem querer falar mal da clássica produção, os recursos disponíveis na época eram bem diferentes dos que temos hoje e este é um dos motivos para ver esta nova versão do livro de Eric Maria Remarque. O diretor e roteirista Edward Berger faz um filme assustador pela forma como recria as cenas de guerra, mostra tanto sangue, terra e lama jorrando na câmera que parece atingir o espectador durante toda a sessão. O filme segue uma linha mais crítica em seu olhar sobre a guerra e, embora gere cenas espetaculares para atrair o público, conduz sua história com muita desilusão, tristeza e melancolia, afinal, estamos falando de um grupo de jovens que ficam eufóricos quando são mandados para a guerra, mas ao chegarem lá percebem que os dias de glória e heroísmo na verdade compõem um verdadeiro pesadelo. Basta o primeiro dia nas trincheiras para perceberem que se manterem vivos é o maior desafio no campo de batalha. Sabe-se que na Primeira Guerra Mundial o exército alemão avançou pouquíssimo nas trincheiras e que a maior parte do tempo sofria em meio à tensão e a expectativa que tudo aquilo acabasse, mas enquanto o fim da Guerra não acabava, restava o massacre. Aqui, toda a guerra é mostrada sob a perspectiva do recruta Paul Bäumer (o ótimo estreante Felix Kammerer), um jovem enviado para guerra junto de seu trio de amigos. Enquanto conhece outros personagens, que o ajudam a sobreviver ali, suas ambições mudam, assim como seu olhar, sua aparência e esperança e, paralelo a tudo isso, existe um jogo burocrático instaurado entre os governantes. Nada de Novo no Front é de um realismo impressionante (especialmente como mostra a rotina da guerra de forma cíclica e implacável), mas consegue alcançar suas notas mais altas por conta da sabedoria com que sabe lidar com os silêncios entre as cenas mais escabrosas, mesclando especialmente os horrores da guerra com o fim da inocência de seus jovens personagens. O último ato do filme é arrasador e deixa um grande nó na garganta. Doloroso, mas necessário.
Nada de Novo no Front ( Im Westen nichts Neues / Alemanha - EUA - Reino Unido / 2022) de Edward Berger com Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Adrian Grünewald, Andreas Döhler e Seabastian Hülk. ☻☻☻☻☻
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