Carrey x McGregor: as caretas de sempre contra uma atuação de verdade.
Filmes sobre vigaristas que realmente existiram parece estar se tornando um gênero em Hollywood, nos últimos tempos tivemos Prenda Me se For Capaz (2002) com Leonardo DiCaprio, O Vigarista do Ano com Richard Gere (2008), O Desinformante com Matt Damon (2009) e recentemente O Golpista do Ano, este foi o que mais teve problemas para chegar ao cinema. Minha curiosidade em torno desse novo filme de Jim Carrey se deu por conta da polêmica em torno de ser a biografia de Steven Russel (vivido por Carrey) , um ex-policial que teria uma vida de pai exemplar não fosse suas aventuras homossexuais às escondidas. Depois de um acidente de carro ele resolve assumir o lado mais gay de sua personalidade e descobre que manter uma vida fashion e de férias eternas ao lado de seu namorado é algo muito caro. Tanto que começa a aplicar golpes nas seguradoras para manter sua vida ao lado do namorado, Jimmy (Rodrigo Santoro) e encher sua ex-esposa (Leslie Mann) e a filha de dólares no natal. Mas como nada fundado sobre a contravenção é simples, ele é logo preso e conhece o grande amor de sua vida: o ingênuo Phillip Morris (Ewan McGregor) - pelo qual fingirá que é advogado para libertá-lo e depois de livre fingirá que é capaz de trabalhar numa grande empresa para criar desfalques capazes de elevar seus luxos à enésima potência. Claro, que tudo isso antes de ser preso novamente... e novamente... e novamente... Precisa lembrar que o filme demorou mais de um ano para estrear nos EUA? Precisa dizer que foi uma grande polêmica as cenas de beijo e ousadias num filme que não recebe o rótulo de voltado para o público GLBT? Os maiores elogios foram direcionados à coragem dos atores de toparem algumas cenas que seriam rejeitadas pelo seu público usual – como de fato foi. Mas o problema maior é o tratamento desengonçado que o diretor Glenn Ficarra e John Requa (de Papai Noel às Avessas) dão à trama. É evidente que queriam algo subversivo, mas esqueceram de lapidar o roteiro. Tudo soa muito tolo e superficial, isso pode se notar claramente na atuação de Jim Carrey, que não alcança a complexidade que o personagem merecia, parecendo apenas um homem esquisito (muito magro, com um cabelo ridículo e de olhar fixo a maior parte do tempo) e desprovido de qualquer emoção. Por isso o maior trunfo do filme seja Ewan McGregor como o ingênuo Phillip Morris, pena que seu personagem é mal escrito até o osso - seu personagem não tem história é apenas o objeto de devoção de Russel. No fim da sessão se tem a impressão que tudo não passou de uma grande brincadeira, caindo no vazio de não explorar com profundidade seu personagem principal - coisa que os outros filmes sobre vigaristas tiveram o maior cuidado de fazer para, pelo menos, ganhar alguma simpatia do público. Acho que se houvessem escolhido um ator que não pensa que atuar é repetir cocoetes físicos ou vocais o fime poderia até ter dado certo.
O Golpísta do Ano (I Love You Phillip Morris/ EUA-2010) de Glenn Ficarra e John Requa com Jim Carrey, Ewan McGregor, Leslie Mann e Rodrigo Santoro. ☻